Criar mais um ministério: por que pode ser uma má ideia
À primeira vista, ter um ministério dedicado somente às pequenas e médias empresas, em um país que trata mal os empreendedores, é uma boa ideia
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Publicado em 30 de agosto de 2023 às 18h40.
À primeira vista, ter um ministério dedicado somente às pequenas e médias empresas, em um país que trata mal os empreendedores, é uma boa ideia. E, desde ontem, contamos com essa pasta, criada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a partir de uma costela do Ministério da Indústria e Comércio, para abrigar um nome vindo do Centrão – uma jogada política que vai ajudar a fortalecer a base governista no Congresso Nacional.
Mas há dois problemas em relação à iniciativa de Lula.
O primeiro é a falta de representatividade que o novo ministro irá enfrentar. O que é melhor para o empreendedor? Ser representado pelo vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, que acumula um ministério, ou por um político aleatório do Centrão? Quem terá mais força para negociar os interesses do pequeno e médio empresário? Uma pequena pasta ou um poderoso ministério, como o de Alckmin?
Outra questão: em meio a um momento em que o governo tenta aumentar sua arrecadação apelando para a criatividade, Lula resolve elevar os gastos públicos ao ampliar o número de ministérios para 38 unidades. O exemplo nada austero que o Planalto passa para a sociedade é muito ruim. Não é preciso ser um gênio para perceber que, para as autoridades federais, o governo pode gastar o que quiser e os contribuintes precisam pagar essa conta.
Ao criar um novo ministério, que vai abrir um número razoável de cargos de confiança para abrigar apaniguados do Centrão, Lula inaugura uma nova fase do “toma-lá-dá-cá”: é a do “toma-lá-e-me-dá-o-que-você-quiser-me-dar”. Isso ocorre por uma razão muito simples: embora queira cargos no primeiro escalão de Brasília (que inclui a presidência da Caixa Econômica Federal e doze vice-presidências do banco), o Centrão não garante que apoiará em peso todas as iniciativas governistas no Parlamento.
Além de ser um exemplo ruim, a criação deste ministério provavelmente não será suficiente para aplacar a sede dos fisiológicos. O apetite por cargos e verbas, por parte deste grupo político, é pantagruélico e é turbinado por algo que lembra a adicção química. O adicto, no caso, quer cada vez mais de uma determinada substância, sem discernir os limites da razão.
Portanto, a busca por novos cargos não vai parar por aqui. Logo mais teremos outros emissários do Centrão pedindo maior participação no governo – sem a devida garantia de que os pedidos de Lula à Câmara e ao Senado sejam garantidos.
Há dois candidatos a esse ministério: os deputados André Fufuca, do PP maranhense, e o pernambucano Silvio Costa Filho, dos Republicanos. Ainda não se sabe quem pode assumir o quê. Mas o perfil dos dois parlamentares não condiz exatamente com a de um paladino dos empreendedores: Fufuca é médico e Costa é pedagogo. Mas isso importa para Lula e para o Centrão?
Obviamente, não. E, para piorar, o empreendedor continuará ao relento, mesmo tendo um ministério para chamar de seu.
À primeira vista, ter um ministério dedicado somente às pequenas e médias empresas, em um país que trata mal os empreendedores, é uma boa ideia. E, desde ontem, contamos com essa pasta, criada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a partir de uma costela do Ministério da Indústria e Comércio, para abrigar um nome vindo do Centrão – uma jogada política que vai ajudar a fortalecer a base governista no Congresso Nacional.
Mas há dois problemas em relação à iniciativa de Lula.
O primeiro é a falta de representatividade que o novo ministro irá enfrentar. O que é melhor para o empreendedor? Ser representado pelo vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, que acumula um ministério, ou por um político aleatório do Centrão? Quem terá mais força para negociar os interesses do pequeno e médio empresário? Uma pequena pasta ou um poderoso ministério, como o de Alckmin?
Outra questão: em meio a um momento em que o governo tenta aumentar sua arrecadação apelando para a criatividade, Lula resolve elevar os gastos públicos ao ampliar o número de ministérios para 38 unidades. O exemplo nada austero que o Planalto passa para a sociedade é muito ruim. Não é preciso ser um gênio para perceber que, para as autoridades federais, o governo pode gastar o que quiser e os contribuintes precisam pagar essa conta.
Ao criar um novo ministério, que vai abrir um número razoável de cargos de confiança para abrigar apaniguados do Centrão, Lula inaugura uma nova fase do “toma-lá-dá-cá”: é a do “toma-lá-e-me-dá-o-que-você-quiser-me-dar”. Isso ocorre por uma razão muito simples: embora queira cargos no primeiro escalão de Brasília (que inclui a presidência da Caixa Econômica Federal e doze vice-presidências do banco), o Centrão não garante que apoiará em peso todas as iniciativas governistas no Parlamento.
Além de ser um exemplo ruim, a criação deste ministério provavelmente não será suficiente para aplacar a sede dos fisiológicos. O apetite por cargos e verbas, por parte deste grupo político, é pantagruélico e é turbinado por algo que lembra a adicção química. O adicto, no caso, quer cada vez mais de uma determinada substância, sem discernir os limites da razão.
Portanto, a busca por novos cargos não vai parar por aqui. Logo mais teremos outros emissários do Centrão pedindo maior participação no governo – sem a devida garantia de que os pedidos de Lula à Câmara e ao Senado sejam garantidos.
Há dois candidatos a esse ministério: os deputados André Fufuca, do PP maranhense, e o pernambucano Silvio Costa Filho, dos Republicanos. Ainda não se sabe quem pode assumir o quê. Mas o perfil dos dois parlamentares não condiz exatamente com a de um paladino dos empreendedores: Fufuca é médico e Costa é pedagogo. Mas isso importa para Lula e para o Centrão?
Obviamente, não. E, para piorar, o empreendedor continuará ao relento, mesmo tendo um ministério para chamar de seu.