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As riquezas geradas pelo mercado de capitais em 2021

Trata-se de um valor expressivo em qualquer país

(Carla Nichiata/Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 7 de outubro de 2021 às 13h57.

Aluizio Falcão Filho

Em uma conversa informal com amigos, um ex-integrante do governo falava ontem sobre a evolução do mercado de valores mobiliários – especialmente a explosão do volume de emissões de debêntures, lançamentos primário de ações (os famosos IPOs), ofertas subsequentes de títulos (conhecidos pela alcunha de “follow-on”) e de cotas de fundos imobiliários. Em 2016, esse mercado movimentou R$ 9 bilhões. Este ano, deveremos chegar na casa de R$ 400 bilhões.

Trata-se de um valor expressivo em qualquer país. Isso significa dinheiro injetado diretamente na veia da economia brasileira, viabilizando investimentos que andavam parados e servindo de contraponto para os solavancos provocados pela instabilidade do ambiente político. Cerca de 30 % destes recursos irão reforçar o capital de giro das empresas – o que também provoca uma menor pressão por crédito junto às instituições financeiras. Somados os dois fatores (investimentos e alívio no caixa), temos um grupo de empresas que estão conseguindo reduzir o perfil de seu endividamento e financiar, a custos módicos, operações de expansão.

Esse cenário se soma a outro, o das desestatizações e concessões feitas este ano – que vão da Cedae (empresa de saneamento do Rio de Janeiro) a várias estradas, passando por aeroportos considerados lucrativos, como Congonhas, em São Paulo, e Santos Dumont, no Rio de Janeiro. O mesmo vale para o crescimento na exploração de petróleo no Brasil, que deve ser retomado em breve.

Os recursos captados pelos leilões são entesourados pelo governo federal e não necessariamente fazem a roda da economia girar. Mas precisamos lembrar que cada contrato desses é um compromisso de investimentos em melhorias de infraestrutura. Assim, todas essas operações acabam gerando expansões e upgrades que significam geração de riqueza aos brasileiros.

Por isso, observava esse ex-interlocutor do ministro Paulo Guedes, a evolução deste mercado poderia ajudar recuperar (pelo menos parcialmente) a economia nacional. “Não podemos deixar a confusão do dia a dia apagar o que foi conquistado nos últimos cinco anos”, disse ele. “Teríamos de fazer muita besteira para perder essas vantagens competitivas. Mas precisamos ficar atentos – entre 2015 e 2016, o governo fez várias bobagens”.

Um mercado já respondeu a essa liquidez gigantesca – a dos bens de consumo de alto luxo. Hoje, é virtualmente impossível comprar determinados automóveis importados, dada a escassez de importações. Há modelos, por exemplo, que só devem chegar no Brasil no ano que vem. Isso gerou uma lista prévia de compradores para modelos que nem tiveram sua venda autorizada.

Neste segmento, os preços estão totalmente sujeitos à oferta e à procura de um pequeno universo de consumidores. O volume de modelos zero-quilômetro, por exemplo, diminuiu drasticamente. Isso impulsionou o segmento de usados de forma impressionante. Este fenômeno, que já havia chegado ao mundo dos veículos nacionais, atingiu faixa de importados com muito mais força. Há situações em que um usado de dois anos pode chegar a 50 % acima do preço de um modelo novo (que não se encontra nas lojas).

De onde vem tanto dinheiro?

Vamos fazer uma conta rápida. Temos um volume de R$ 400 bilhões sendo negociados neste mercado de títulos. Imaginemos que a comissão sobre este valor seja de 1 % (é maior que isso e varia de acordo com o tipo de emissão de papeis; a título de raciocínio, porém, vamos ficar nessa taxa hipotética). Isso significa que os executivos e as instituições financeiras responsáveis por essas transações vão dividir uma bolada de R$ 4 bilhões – o suficiente para a criação de centenas de novos milionários, muitos deles em busca de bens que reflitam seu novo status financeiro, como um Porsche novinho na garagem.

Esta é a nova realidade brasileira. Há um oásis de prosperidade entre as instituições financeiras em meio a um quadro econômico difícil para a maioria dos brasileiros – especialmente entre os mais de 14 milhões de desempregados. Um flagrante retrato daquilo que o economista Edmar Bacha chamou de Belíndia nos anos 1970: uma pequena e rica Bélgica cercada por uma pobre e vasta Índia.

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Trata-se de um valor expressivo em qualquer país. Isso significa dinheiro injetado diretamente na veia da economia brasileira, viabilizando investimentos que andavam parados e servindo de contraponto para os solavancos provocados pela instabilidade do ambiente político. Cerca de 30 % destes recursos irão reforçar o capital de giro das empresas – o que também provoca uma menor pressão por crédito junto às instituições financeiras. Somados os dois fatores (investimentos e alívio no caixa), temos um grupo de empresas que estão conseguindo reduzir o perfil de seu endividamento e financiar, a custos módicos, operações de expansão.

Esse cenário se soma a outro, o das desestatizações e concessões feitas este ano – que vão da Cedae (empresa de saneamento do Rio de Janeiro) a várias estradas, passando por aeroportos considerados lucrativos, como Congonhas, em São Paulo, e Santos Dumont, no Rio de Janeiro. O mesmo vale para o crescimento na exploração de petróleo no Brasil, que deve ser retomado em breve.

Os recursos captados pelos leilões são entesourados pelo governo federal e não necessariamente fazem a roda da economia girar. Mas precisamos lembrar que cada contrato desses é um compromisso de investimentos em melhorias de infraestrutura. Assim, todas essas operações acabam gerando expansões e upgrades que significam geração de riqueza aos brasileiros.

Por isso, observava esse ex-interlocutor do ministro Paulo Guedes, a evolução deste mercado poderia ajudar recuperar (pelo menos parcialmente) a economia nacional. “Não podemos deixar a confusão do dia a dia apagar o que foi conquistado nos últimos cinco anos”, disse ele. “Teríamos de fazer muita besteira para perder essas vantagens competitivas. Mas precisamos ficar atentos – entre 2015 e 2016, o governo fez várias bobagens”.

Um mercado já respondeu a essa liquidez gigantesca – a dos bens de consumo de alto luxo. Hoje, é virtualmente impossível comprar determinados automóveis importados, dada a escassez de importações. Há modelos, por exemplo, que só devem chegar no Brasil no ano que vem. Isso gerou uma lista prévia de compradores para modelos que nem tiveram sua venda autorizada.

Neste segmento, os preços estão totalmente sujeitos à oferta e à procura de um pequeno universo de consumidores. O volume de modelos zero-quilômetro, por exemplo, diminuiu drasticamente. Isso impulsionou o segmento de usados de forma impressionante. Este fenômeno, que já havia chegado ao mundo dos veículos nacionais, atingiu faixa de importados com muito mais força. Há situações em que um usado de dois anos pode chegar a 50 % acima do preço de um modelo novo (que não se encontra nas lojas).

De onde vem tanto dinheiro?

Vamos fazer uma conta rápida. Temos um volume de R$ 400 bilhões sendo negociados neste mercado de títulos. Imaginemos que a comissão sobre este valor seja de 1 % (é maior que isso e varia de acordo com o tipo de emissão de papeis; a título de raciocínio, porém, vamos ficar nessa taxa hipotética). Isso significa que os executivos e as instituições financeiras responsáveis por essas transações vão dividir uma bolada de R$ 4 bilhões – o suficiente para a criação de centenas de novos milionários, muitos deles em busca de bens que reflitam seu novo status financeiro, como um Porsche novinho na garagem.

Esta é a nova realidade brasileira. Há um oásis de prosperidade entre as instituições financeiras em meio a um quadro econômico difícil para a maioria dos brasileiros – especialmente entre os mais de 14 milhões de desempregados. Um flagrante retrato daquilo que o economista Edmar Bacha chamou de Belíndia nos anos 1970: uma pequena e rica Bélgica cercada por uma pobre e vasta Índia.

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