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A experiência de ficar 48 horas sem energia elétrica

Salvo o prejuízo, como esses dois dias ajudaram a segurar a ansiedade e a praticar o estoicismo

(patpitchaya/Getty Images)

Publicado em 12 de janeiro de 2024 às 11h19.

Como todos sabem, a cidade de São Paulo vem sendo castigada por verdadeiros temporais nos últimos dias. Mas uma dessas tempestades, a ocorrida na segunda-feira, provocou a queda de quase duzentas árvores. Na capital paulistana, na qual a fiação está sempre na altura dos galhos, isso sempre se traduz em falta de energia elétrica. Foi o que aconteceu comigo: meu bairro ficou 48 horas sem luz.

Os mais modernos vão dizer que essa experiência é um exemplo típico de perrengue chique. E é, de fato, um problema menor perto de quem teve seus carros destruídos, tetos quebrados ou ferimentos. Mesmo assim, essas 48 horas me fizeram pensar em como somos dependentes da energia elétrica. É como fazer um detox instantâneo da vida moderna, com algumas exceções, como o fogão e a água encanada.

O prejuízo não foi total porque ainda tinha bateria no meu notebook e podia recarregar meus celulares no hall do prédio, que era alimentado por um gerador. Mas tive de jogar fora quase tudo o que estava na geladeira e no freezer.

O lazer de nossas casas, porém, está totalmente ligado na tomada. Internet, streaming, TV aberta – tudo isso depende da circulação de volts em nossos circuitos caseiros. Mesmo a leitura, que ainda pode ser feita no papel, depende de claridade para ser desfrutada.

Por isso, respirei fundo e imaginei uma forma old school de passar o período noturno. Li um pouco e chamei a família para uma conversa, que durou algumas horas. Bateu um sono mais cedo que o comum – e apaguei por completo.

Mas acordar sem energia também provoca mudanças em sua rotina. A primeira: deixar de lado a máquina de café expresso, tão presente no dia a dia da classe média. Voltamos a fazer o bom e velho café coado – e sabe que estava uma delícia?

Percebi, também, o quanto sou viciado em água gelada. Nesses dias, comprei sacos de gelo para diminuir a temperatura de minhas bebidas. Enquanto estamos falando de refrigerantes e cerveja, entende-se a chateação com a geladeira desligada. Mas de onde vem essa obsessão com água gelada?

Esses dois dias me ajudaram a segurar a ansiedade e a praticar o estoicismo. Mas vi que o resto da minha família não me acompanhou nessa jornada zen. Pelo contrário, vi inquietação e uma espécie de síndrome de abstinência ao meu redor.

Nesse período, lembrei-me de um texto que escrevi em julho, no qual falava da família de amigos franceses que levava uma vida mais simples e voltada à natureza. Confesso que o dia a dia atribulado me afastou um pouco da meta que tracei em agosto, que foi a de buscar um estilo de vida menos complicado.

Mas esses dias sem luz me relembraram que não é preciso de muitas coisas materiais para se sentir bem consigo mesmo. E que o conforto oferecido pela eletricidade é uma dádiva sem precedentes. Não deixemos de celebrar isso.

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Como todos sabem, a cidade de São Paulo vem sendo castigada por verdadeiros temporais nos últimos dias. Mas uma dessas tempestades, a ocorrida na segunda-feira, provocou a queda de quase duzentas árvores. Na capital paulistana, na qual a fiação está sempre na altura dos galhos, isso sempre se traduz em falta de energia elétrica. Foi o que aconteceu comigo: meu bairro ficou 48 horas sem luz.

Os mais modernos vão dizer que essa experiência é um exemplo típico de perrengue chique. E é, de fato, um problema menor perto de quem teve seus carros destruídos, tetos quebrados ou ferimentos. Mesmo assim, essas 48 horas me fizeram pensar em como somos dependentes da energia elétrica. É como fazer um detox instantâneo da vida moderna, com algumas exceções, como o fogão e a água encanada.

O prejuízo não foi total porque ainda tinha bateria no meu notebook e podia recarregar meus celulares no hall do prédio, que era alimentado por um gerador. Mas tive de jogar fora quase tudo o que estava na geladeira e no freezer.

O lazer de nossas casas, porém, está totalmente ligado na tomada. Internet, streaming, TV aberta – tudo isso depende da circulação de volts em nossos circuitos caseiros. Mesmo a leitura, que ainda pode ser feita no papel, depende de claridade para ser desfrutada.

Por isso, respirei fundo e imaginei uma forma old school de passar o período noturno. Li um pouco e chamei a família para uma conversa, que durou algumas horas. Bateu um sono mais cedo que o comum – e apaguei por completo.

Mas acordar sem energia também provoca mudanças em sua rotina. A primeira: deixar de lado a máquina de café expresso, tão presente no dia a dia da classe média. Voltamos a fazer o bom e velho café coado – e sabe que estava uma delícia?

Percebi, também, o quanto sou viciado em água gelada. Nesses dias, comprei sacos de gelo para diminuir a temperatura de minhas bebidas. Enquanto estamos falando de refrigerantes e cerveja, entende-se a chateação com a geladeira desligada. Mas de onde vem essa obsessão com água gelada?

Esses dois dias me ajudaram a segurar a ansiedade e a praticar o estoicismo. Mas vi que o resto da minha família não me acompanhou nessa jornada zen. Pelo contrário, vi inquietação e uma espécie de síndrome de abstinência ao meu redor.

Nesse período, lembrei-me de um texto que escrevi em julho, no qual falava da família de amigos franceses que levava uma vida mais simples e voltada à natureza. Confesso que o dia a dia atribulado me afastou um pouco da meta que tracei em agosto, que foi a de buscar um estilo de vida menos complicado.

Mas esses dias sem luz me relembraram que não é preciso de muitas coisas materiais para se sentir bem consigo mesmo. E que o conforto oferecido pela eletricidade é uma dádiva sem precedentes. Não deixemos de celebrar isso.

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