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"Quando a sociedade acorda de seu mutismo político, algo de importante acontece."

Excelente artigo de Murillo de Aragão no jornal “Brasil Econômico” de 12 de maio aborda a importância da participação popular para a realização de projetos e iniciativas como a “Ficha Limpa”. Sem a mobilização do povo “a política fica isolada da sociedade e vira diálogo exclusivo entre players políticos, cujos interesses podem não ser os da sociedade.” Para isso, no entanto, é fundamental que exista uma imprensa livre. Confira o […] Leia mais

DR

Da Redação

Publicado em 12 de maio de 2010 às 19h11.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 11h53.

Excelente artigo de Murillo de Aragão no jornal “Brasil Econômico” de 12 de maio aborda a importância da participação popular para a realização de projetos e iniciativas como a “Ficha Limpa”. Sem a mobilização do povo “a política fica isolada da sociedade e vira diálogo exclusivo entre players políticos, cujos interesses podem não ser os da sociedade.” Para isso, no entanto, é fundamental que exista uma imprensa livre. Confira o artigo:

Imprensa e democracia

Quando a sociedade acorda de seu mutismo político, algo de importante acontece. De certa forma, foi assim com a CPMF. Sem a mobilização de setores organizados, a contribuição teria sido prorrogada.

No caso do reajuste dos aposentados, a mesma coisa. Sem mobilização, o reajuste seria aquele proposto pelo governo (6,14%), e não o que foi aprovado pela Câmara (7,72%). Outro exemplo é o projeto Ficha Limpa.

Desde o início, o projeto traz a marca da mobilização da sociedade. Foi apresentado com o apoio de mais de um milhão de assinaturas.

O texto original foi proposto pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral e recebeu apoio de entidades como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Evidente que a derrota da CPMF deve ser creditada a vários fatores. Entre eles, a divisão da base aliada e o não cumprimento de promessas de apoio feitas ao governo.

Uma pilotagem mais segura teria impedido a derrota por poucos votos. Eram necessários 49 votos no Senado, e a proposta de emenda constitucional teve 45.

No caso do reajuste dos aposentados, além da mobilização, o fator eleitoral contribuiu para fragilizar a adesão da base governista e inflamar os ânimos da oposição. No caso do Ficha Limpa, o que ajudou também foi o sentimento de culpa de muitos com a imagem do mundo político.

Alguém poderia argumentar que a mobilização não teria sido o fator decisivo para o resultado. Não é verdade. Sem ela, a política fica isolada da sociedade e vira diálogo exclusivo entre players políticos, cujos interesses podem não ser os da sociedade.

O mesmo vale para a imprensa. Sem uma imprensa livre, a democracia não se realiza. Assim, é mais do que oportuna a promoção de encontros e debates, como os ocorridos no Rio e em Brasília na semana passada por conta do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Em especial, em um continente onde a liberdade é bem escasso.

De acordo com relatório da organização Repórteres Sem Fronteira, na América Latina as quatro maiores fontes de ameaça e violência contra jornalistas continuam sendo os traficantes de drogas, a ditadura em Cuba, as Farc e grupos paramilitares.

No Brasil, graças a Deus, não temos tais ameaças. No entanto, temos outras: o precário índice de leitura; as tiragens raquíticas frente ao tamanho da população e, ainda, o domínio que a publicidade do governo exerce sobre muitos setores da mídia.

Além da precariedade do ensino e da falta de poder aquisitivo, faltam bibliotecas. O Ministério da Cultura divulgou em abril um censo sobre as bibliotecas públicas municipais em todo o Brasil.

O estudo foi realizado em 2009 pela FGV, e constatou que 21% dos municípios não têm o serviço. A pesquisa revela ainda que 71% das bibliotecas municipais do país não disponibilizam acesso à internet.

A qualidade do futuro da política no Brasil reside nos dois aspectos mencionados aqui: a mobilização da sociedade e o pleno exercício da liberdade de expressão.

Temas que devem ser objeto de nossa reflexão e ação diárias. A começar pela educação e pelo acesso à informação escrita, fator fundamental para o sucesso do Brasil.”

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Excelente artigo de Murillo de Aragão no jornal “Brasil Econômico” de 12 de maio aborda a importância da participação popular para a realização de projetos e iniciativas como a “Ficha Limpa”. Sem a mobilização do povo “a política fica isolada da sociedade e vira diálogo exclusivo entre players políticos, cujos interesses podem não ser os da sociedade.” Para isso, no entanto, é fundamental que exista uma imprensa livre. Confira o artigo:

Imprensa e democracia

Quando a sociedade acorda de seu mutismo político, algo de importante acontece. De certa forma, foi assim com a CPMF. Sem a mobilização de setores organizados, a contribuição teria sido prorrogada.

No caso do reajuste dos aposentados, a mesma coisa. Sem mobilização, o reajuste seria aquele proposto pelo governo (6,14%), e não o que foi aprovado pela Câmara (7,72%). Outro exemplo é o projeto Ficha Limpa.

Desde o início, o projeto traz a marca da mobilização da sociedade. Foi apresentado com o apoio de mais de um milhão de assinaturas.

O texto original foi proposto pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral e recebeu apoio de entidades como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Evidente que a derrota da CPMF deve ser creditada a vários fatores. Entre eles, a divisão da base aliada e o não cumprimento de promessas de apoio feitas ao governo.

Uma pilotagem mais segura teria impedido a derrota por poucos votos. Eram necessários 49 votos no Senado, e a proposta de emenda constitucional teve 45.

No caso do reajuste dos aposentados, além da mobilização, o fator eleitoral contribuiu para fragilizar a adesão da base governista e inflamar os ânimos da oposição. No caso do Ficha Limpa, o que ajudou também foi o sentimento de culpa de muitos com a imagem do mundo político.

Alguém poderia argumentar que a mobilização não teria sido o fator decisivo para o resultado. Não é verdade. Sem ela, a política fica isolada da sociedade e vira diálogo exclusivo entre players políticos, cujos interesses podem não ser os da sociedade.

O mesmo vale para a imprensa. Sem uma imprensa livre, a democracia não se realiza. Assim, é mais do que oportuna a promoção de encontros e debates, como os ocorridos no Rio e em Brasília na semana passada por conta do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. Em especial, em um continente onde a liberdade é bem escasso.

De acordo com relatório da organização Repórteres Sem Fronteira, na América Latina as quatro maiores fontes de ameaça e violência contra jornalistas continuam sendo os traficantes de drogas, a ditadura em Cuba, as Farc e grupos paramilitares.

No Brasil, graças a Deus, não temos tais ameaças. No entanto, temos outras: o precário índice de leitura; as tiragens raquíticas frente ao tamanho da população e, ainda, o domínio que a publicidade do governo exerce sobre muitos setores da mídia.

Além da precariedade do ensino e da falta de poder aquisitivo, faltam bibliotecas. O Ministério da Cultura divulgou em abril um censo sobre as bibliotecas públicas municipais em todo o Brasil.

O estudo foi realizado em 2009 pela FGV, e constatou que 21% dos municípios não têm o serviço. A pesquisa revela ainda que 71% das bibliotecas municipais do país não disponibilizam acesso à internet.

A qualidade do futuro da política no Brasil reside nos dois aspectos mencionados aqui: a mobilização da sociedade e o pleno exercício da liberdade de expressão.

Temas que devem ser objeto de nossa reflexão e ação diárias. A começar pela educação e pelo acesso à informação escrita, fator fundamental para o sucesso do Brasil.”

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