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Jornal acusa Sarkozy de espionar jornalistas

Um dos mais antigos jornais franceses, conhecido por revelar escândalos do governo, alega estar na “mira” do presidente Nicolas Sarkozy. A revelação do “Le Canard Enchaîné” não é a primeira denúncia de supostas tentativas do governo francês de investigar jornalistas e veículos. Confira a matéria publicada no jornal “O Globo” de 05 de novembro: “A relação do presidente Nicolas Sarkozy com jornalistas, que não era boa, sofreu um golpe duro. […] Leia mais

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Da Redação

Publicado em 6 de novembro de 2010 às 00h46.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 10h53.

Um dos mais antigos jornais franceses, conhecido por revelar escândalos do governo, alega estar na “mira” do presidente Nicolas Sarkozy. A revelação do “Le Canard Enchaîné” não é a primeira denúncia de supostas tentativas do governo francês de investigar jornalistas e veículos. Confira a matéria publicada no jornal “O Globo” de 05 de novembro:

“A relação do presidente Nicolas Sarkozy com jornalistas, que não era boa, sofreu um golpe duro. O jornal satírico “Le Canard Enchaîné” revelou na sua edição de quarta-feira que o presidente da França está por trás da criação no Palácio do Eliseu de um “núcleo” para espionar jornalistas que investigam questões ditas sensíveis. Não é sátira: o jornal, um dos mais antigos do país, é famoso por suas reportagens investigativas, que já detonaram vários escândalos.
E o diretor de um órgão de inteligência francês que estaria a cargo da espionagem, assim como o chefe da Polícia Nacional, foram questionados ontem a portas fechadas pelo Parlamento, informou o “Le Monde”.
A notícia estourou como uma bomba. Nas últimas semanas, jornalistas de três publicações — “Le Monde”, a revista “Point” e o site Médiapart — tiveram os computadores roubados. Todos trabalhavam em reportagens sobre o Caso Bettencourt.
O mordomo de Liliane Bettencourt, dona da gigante de cosméticos L’Oréal, gravou durante meses conversas entre a bilionária e seu gestor de fortunas. Trechos das gravações vazaram, mostrando como um grande grupo econômico se relaciona com o poder político. Bettencourt teria distribuído envelopes com milhares de euros aos políticos do UMP, o partido de Sarkozy, denunciaram empregados de sua casa.
Um dos ministros mais poderosos do governo, Eric Woerth, que comanda a reforma da aposentadoria, é citado nas gravações.
Ele conseguiu empregar a mulher na empresa da bilionária, que escondia dinheiro do fisco numa conta na Suíça. O Palácio do Eliseu, segundo a imprensa, queria saber quem estava por trás do vazamento.
“Le Monde” reage a tentativa de acesso a telefones A espionagem de jornalistas estaria a cargo de Bernard Squarcini, chefe da Direção Central de Informação Interior (DCRI), órgão de inteligência.
O governo nega. O Palácio do Eliseu classificou a denúncia como fantasia.
— Não há polícia política no nosso país. É uma brincadeira.
A DCRI não é a Stasi (nazista) ou o KGB (soviético). O objetivo da DCRI não é seguir jornalistas, é interpelar terroristas — reagiu o ministro do Interior, Brice Hortefeux.
Agora, é guerra. O “Le Monde” entrou na quarta-feira com uma queixa na Justiça por “violação do segredo das fontes”, depois que o procurador de Nanterre, Philippe Courroye, pediu em setembro que sejam revelados os detalhes das contas telefônicas de dois jornalistas do “Le Monde” que investigam o caso: Gérard Davet e Jacques Follorou. O procurador quer provar que as gravações comprometedoras para o governo foram vazadas pela juíza que lida com a briga da família Bettencourt, Isabelle Prévost-Desprez — o que é proibido.
O Partido Socialista, o maior de oposição, pede uma investigação no Parlamento.
Os verdes reivindicam uma comissão independente de investigação.
Já o “Canard Enchaîné” manteve a denúncia.
— O Palácio do Eliseu pode dizer o que quiser, as fontes do “Canard” são boas e nós não iríamos nos aventurar lançando uma título deste se não tivéssemos algo — declarou à France Presse Claude Angeli, diretor do jornal.”

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Um dos mais antigos jornais franceses, conhecido por revelar escândalos do governo, alega estar na “mira” do presidente Nicolas Sarkozy. A revelação do “Le Canard Enchaîné” não é a primeira denúncia de supostas tentativas do governo francês de investigar jornalistas e veículos. Confira a matéria publicada no jornal “O Globo” de 05 de novembro:

“A relação do presidente Nicolas Sarkozy com jornalistas, que não era boa, sofreu um golpe duro. O jornal satírico “Le Canard Enchaîné” revelou na sua edição de quarta-feira que o presidente da França está por trás da criação no Palácio do Eliseu de um “núcleo” para espionar jornalistas que investigam questões ditas sensíveis. Não é sátira: o jornal, um dos mais antigos do país, é famoso por suas reportagens investigativas, que já detonaram vários escândalos.
E o diretor de um órgão de inteligência francês que estaria a cargo da espionagem, assim como o chefe da Polícia Nacional, foram questionados ontem a portas fechadas pelo Parlamento, informou o “Le Monde”.
A notícia estourou como uma bomba. Nas últimas semanas, jornalistas de três publicações — “Le Monde”, a revista “Point” e o site Médiapart — tiveram os computadores roubados. Todos trabalhavam em reportagens sobre o Caso Bettencourt.
O mordomo de Liliane Bettencourt, dona da gigante de cosméticos L’Oréal, gravou durante meses conversas entre a bilionária e seu gestor de fortunas. Trechos das gravações vazaram, mostrando como um grande grupo econômico se relaciona com o poder político. Bettencourt teria distribuído envelopes com milhares de euros aos políticos do UMP, o partido de Sarkozy, denunciaram empregados de sua casa.
Um dos ministros mais poderosos do governo, Eric Woerth, que comanda a reforma da aposentadoria, é citado nas gravações.
Ele conseguiu empregar a mulher na empresa da bilionária, que escondia dinheiro do fisco numa conta na Suíça. O Palácio do Eliseu, segundo a imprensa, queria saber quem estava por trás do vazamento.
“Le Monde” reage a tentativa de acesso a telefones A espionagem de jornalistas estaria a cargo de Bernard Squarcini, chefe da Direção Central de Informação Interior (DCRI), órgão de inteligência.
O governo nega. O Palácio do Eliseu classificou a denúncia como fantasia.
— Não há polícia política no nosso país. É uma brincadeira.
A DCRI não é a Stasi (nazista) ou o KGB (soviético). O objetivo da DCRI não é seguir jornalistas, é interpelar terroristas — reagiu o ministro do Interior, Brice Hortefeux.
Agora, é guerra. O “Le Monde” entrou na quarta-feira com uma queixa na Justiça por “violação do segredo das fontes”, depois que o procurador de Nanterre, Philippe Courroye, pediu em setembro que sejam revelados os detalhes das contas telefônicas de dois jornalistas do “Le Monde” que investigam o caso: Gérard Davet e Jacques Follorou. O procurador quer provar que as gravações comprometedoras para o governo foram vazadas pela juíza que lida com a briga da família Bettencourt, Isabelle Prévost-Desprez — o que é proibido.
O Partido Socialista, o maior de oposição, pede uma investigação no Parlamento.
Os verdes reivindicam uma comissão independente de investigação.
Já o “Canard Enchaîné” manteve a denúncia.
— O Palácio do Eliseu pode dizer o que quiser, as fontes do “Canard” são boas e nós não iríamos nos aventurar lançando uma título deste se não tivéssemos algo — declarou à France Presse Claude Angeli, diretor do jornal.”

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