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Abramo: “A imprensa brasileira cobre muito mal o Estado…”

Diretor executivo da Transparência Brasil, Claudio Abramo participou do painel “Accountabillity, jornalismo investigativo e democracia”, no 2o Fórum Democracia & Liberdade, na FAAP, em São Paulo, promovido pelo Instituto Millenium. Abramo deu início à palestra criticando a qualidade da informação que chega ao leitor brasileiro: “A imprensa brasileira cobre muito mal o Estado e isso tem consequência direta no grau de informação que a população recebe e do sabe sobre […] Leia mais

DR

Da Redação

Publicado em 3 de maio de 2011 às 18h47.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 10h13.

Diretor executivo da Transparência Brasil, Claudio Abramo participou do painel “Accountabillity, jornalismo investigativo e democracia”, no 2 o Fórum Democracia & Liberdade, na FAAP, em São Paulo, promovido pelo Instituto Millenium.

Abramo deu início à palestra criticando a qualidade da informação que chega ao leitor brasileiro: “A imprensa brasileira cobre muito mal o Estado e isso tem consequência direta no grau de informação que a população recebe e do sabe sobre ele.”

Graduado em matemática e mestre em Filosofia, Abramo analisa os números da informação no país: “O Brasil tem cerca de 820 jornais diários (o numero não é bem esse) espalhados por um universo, em tese, de 5650 municípios. Eles veículos estão em municípios que tem nenhuma ou pouca atividade econômica e 80% dos municípios dependem de repasses da União para sobreviver. Outra parte depende de repasses em mais de 90% dos seus orçamentos que é suprimido por transferências, royalties de petróleo e dinheiro do Fundo de Participação de Municípios”.

Abramo criticou o panorama do jornalismo investigativo no país que depende de anúncios de governos e transmitem os jogos de políticos locais, sacrificando a cobertura: “Se não há produção econômica nos municípios, os anúncios  nos jornais são de quê? Como eles sobrevivem? Com o dinheiro público que vem da prefeitura ou são de propriedade de aliados, do papagaio da mulher do prefeito…E o jornalismo investigativo entra em cena em cada jornal dependendo do poder ao qual fazem oposição. José Sarney domina o Maranhão, Fernando Collor de Mello, as Alagoas, Jader Barbalho, o Pará, Amazonino Mendes, o Amazonas… a maior parte da imprensa brasileira é desse jeito, o que não significa dizer que não existam bons veículos no país”.

O diretor da Transparência Brasil informou que a ONG recolhe todo o material em 33 jornais diários  sobre corrupção no Brasil e analisa o foco de atenção dos veículos. “O noticiário é majoritariamente federal, voltado para Brasília, em segundo lugar a cobertura é do município da capital e em terceiro lugar o Estado. Os jornais não cobrem o que acontece em seu próprio Estado. Quem informa o que acontece no Estado de São Paulo? O Estadão e a Folha? Não informam, informam em uma quantidade muito menor. O leitor tem baixa consciência do que acontece nessa esfera de governo com baixa consistência política”, analisa.

Abramo destaca: “Só o desenvolvimento econômico pode fazer a qualidade da informação melhorar no Brasil porque tem que haver demanda. E competição entre produtores de informação.

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Diretor executivo da Transparência Brasil, Claudio Abramo participou do painel “Accountabillity, jornalismo investigativo e democracia”, no 2 o Fórum Democracia & Liberdade, na FAAP, em São Paulo, promovido pelo Instituto Millenium.

Abramo deu início à palestra criticando a qualidade da informação que chega ao leitor brasileiro: “A imprensa brasileira cobre muito mal o Estado e isso tem consequência direta no grau de informação que a população recebe e do sabe sobre ele.”

Graduado em matemática e mestre em Filosofia, Abramo analisa os números da informação no país: “O Brasil tem cerca de 820 jornais diários (o numero não é bem esse) espalhados por um universo, em tese, de 5650 municípios. Eles veículos estão em municípios que tem nenhuma ou pouca atividade econômica e 80% dos municípios dependem de repasses da União para sobreviver. Outra parte depende de repasses em mais de 90% dos seus orçamentos que é suprimido por transferências, royalties de petróleo e dinheiro do Fundo de Participação de Municípios”.

Abramo criticou o panorama do jornalismo investigativo no país que depende de anúncios de governos e transmitem os jogos de políticos locais, sacrificando a cobertura: “Se não há produção econômica nos municípios, os anúncios  nos jornais são de quê? Como eles sobrevivem? Com o dinheiro público que vem da prefeitura ou são de propriedade de aliados, do papagaio da mulher do prefeito…E o jornalismo investigativo entra em cena em cada jornal dependendo do poder ao qual fazem oposição. José Sarney domina o Maranhão, Fernando Collor de Mello, as Alagoas, Jader Barbalho, o Pará, Amazonino Mendes, o Amazonas… a maior parte da imprensa brasileira é desse jeito, o que não significa dizer que não existam bons veículos no país”.

O diretor da Transparência Brasil informou que a ONG recolhe todo o material em 33 jornais diários  sobre corrupção no Brasil e analisa o foco de atenção dos veículos. “O noticiário é majoritariamente federal, voltado para Brasília, em segundo lugar a cobertura é do município da capital e em terceiro lugar o Estado. Os jornais não cobrem o que acontece em seu próprio Estado. Quem informa o que acontece no Estado de São Paulo? O Estadão e a Folha? Não informam, informam em uma quantidade muito menor. O leitor tem baixa consciência do que acontece nessa esfera de governo com baixa consistência política”, analisa.

Abramo destaca: “Só o desenvolvimento econômico pode fazer a qualidade da informação melhorar no Brasil porque tem que haver demanda. E competição entre produtores de informação.

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