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Por uma indústria da moda mais sustentável no pós-pandemia

Estudo aponta mudança nos hábitos de compra que, quando ocorre, é de modo online e com uma preferência por produtos voltados ao bem-estar físico e mental

A pandemia e isolamento social alavancam mudanças de hábito de consumo (Arturo Rey/Unsplash)
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isabelarovaroto

Publicado em 3 de dezembro de 2020 às 10h00.

Última atualização em 3 de dezembro de 2020 às 15h03.

A moda sempre marcou época e as consequências do novo coronavírus têm alcançado dimensões inéditas pela perspectiva dos hábitos de consumo. Com as medidas de distanciamento social, aos poucos veio a percepção das novas fronteiras entre a vida social e profissional, além de várias atividades do dia a dia, que foram adaptadas e compartilhadas de algum modo. Os encontros e eventos viraram raridade, o traje da semana passa a ser o pijama.

Estudo recente da Mckinsey aponta uma mudança nos hábitos de compra que, quando ocorre, é de modo online e com uma preferência por produtos voltados ao bem-estar físico e mental. Dessa forma, tornou-se comum que as roupas passassem a dividir lugar com objetos como faixas elásticas, pesos e tapetes de yoga no closet.

Da perspectiva de sustentabilidade, uma maior transparência em relação ao impacto da indústria da moda gerou questionamentos sobre os tipos de materiais e impulsiona modelos de negócio alinhados à economia circular.

Entre os desafios estão os tecidos de fibra sintética, alternativa atual para atender à demanda do fast fashion, e os tecidos tecnológicos produzidos em larga escala. E com eles o impacto invisível no volume de microplásticos da lavagem desses tecidos, que contribuem para os oito milhões de toneladas de resíduos plásticos que acabam no oceano por ano. Em “nossa dieta plástica”, o WWF aponta que já consumimos 5 gramas de plástico, o equivalente a um cartão de crédito, por semana.

É necessário financiar essa transformação na cadeia da moda pela circularidade. Alguns exemplos incluem a plataforma Fashion for Good, que busca impulsionar inovações que promovam a sustentabilidade ao longo da cadeia da indústria da moda. Por meio da The Good Fashion Fund, investe-se na adoção de tecnologias disruptivas e de alto impacto na produção têxtil e de vestuário, por enquanto, com foco na Ásia, em centros produtores como Índia, Bangladesh e Vietnã.

Em meados deste ano, o next-gen da marca Chanel anunciou parceria com o banco Mirabaud para a criação de um fundo focado em moda sustentável. No Brasil, estabeleceram parceria com o Instituto E, fundado por Oskar Metsavaht, da Osklen. Dentre as teses de investimento está a de novos tipos de fibra como a da cana-de-açúcar, couro reciclado e outros materiais.

As alterações de consumo, especialmente de moda, durante a pandemia podem ser um ponto de inflexão por uma consciência por materiais naturais, condições de trabalho mais igualitárias, reuso e transformação de materiais? Esperamos que sim.

 

__________________

*Angélica Rotondaro é co-fundadora da Alimi Impact Ventures, diretora executiva do Climate-Smart Institute e membro do conselho do Insper Metricis.

**Felipe Guimarães é professor de moda na Universidade Anhembi Morumbi e fundador do Destramar

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A moda sempre marcou época e as consequências do novo coronavírus têm alcançado dimensões inéditas pela perspectiva dos hábitos de consumo. Com as medidas de distanciamento social, aos poucos veio a percepção das novas fronteiras entre a vida social e profissional, além de várias atividades do dia a dia, que foram adaptadas e compartilhadas de algum modo. Os encontros e eventos viraram raridade, o traje da semana passa a ser o pijama.

Estudo recente da Mckinsey aponta uma mudança nos hábitos de compra que, quando ocorre, é de modo online e com uma preferência por produtos voltados ao bem-estar físico e mental. Dessa forma, tornou-se comum que as roupas passassem a dividir lugar com objetos como faixas elásticas, pesos e tapetes de yoga no closet.

Da perspectiva de sustentabilidade, uma maior transparência em relação ao impacto da indústria da moda gerou questionamentos sobre os tipos de materiais e impulsiona modelos de negócio alinhados à economia circular.

Entre os desafios estão os tecidos de fibra sintética, alternativa atual para atender à demanda do fast fashion, e os tecidos tecnológicos produzidos em larga escala. E com eles o impacto invisível no volume de microplásticos da lavagem desses tecidos, que contribuem para os oito milhões de toneladas de resíduos plásticos que acabam no oceano por ano. Em “nossa dieta plástica”, o WWF aponta que já consumimos 5 gramas de plástico, o equivalente a um cartão de crédito, por semana.

É necessário financiar essa transformação na cadeia da moda pela circularidade. Alguns exemplos incluem a plataforma Fashion for Good, que busca impulsionar inovações que promovam a sustentabilidade ao longo da cadeia da indústria da moda. Por meio da The Good Fashion Fund, investe-se na adoção de tecnologias disruptivas e de alto impacto na produção têxtil e de vestuário, por enquanto, com foco na Ásia, em centros produtores como Índia, Bangladesh e Vietnã.

Em meados deste ano, o next-gen da marca Chanel anunciou parceria com o banco Mirabaud para a criação de um fundo focado em moda sustentável. No Brasil, estabeleceram parceria com o Instituto E, fundado por Oskar Metsavaht, da Osklen. Dentre as teses de investimento está a de novos tipos de fibra como a da cana-de-açúcar, couro reciclado e outros materiais.

As alterações de consumo, especialmente de moda, durante a pandemia podem ser um ponto de inflexão por uma consciência por materiais naturais, condições de trabalho mais igualitárias, reuso e transformação de materiais? Esperamos que sim.

 

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*Angélica Rotondaro é co-fundadora da Alimi Impact Ventures, diretora executiva do Climate-Smart Institute e membro do conselho do Insper Metricis.

**Felipe Guimarães é professor de moda na Universidade Anhembi Morumbi e fundador do Destramar

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