Produzir florestas é uma das maiores oportunidades para o agronegócio brasileiro
A Microsoft e a Re.Green anunciaram o maior acordo do mundo para plantio de floresta nativa no Brasil. Negócio crescente, lucrativo e gerador de empregos
Colunista
Publicado em 14 de maio de 2024 às 14h11.
A empresa de software Microsoft e a startup especializada em créditos de carbono florestal brasileira Re.Green (eles preferem re.green com minúscula) anunciaram o maior negócio do mundo no setor. O projeto visa a restauração de 16 mil hectares de terra degradada na Amazônia e na Mata Atlântica.
O negócio é mais um de uma onda de movimentações envolvendo empresas e investidores brasileiros e estrangeiros querendo se posicionar nessa grande oportunidade. A regeneração de terras desmatadas e abandonadas no Brasil é provavelmente a melhor opção do mundo para gerar créditos de carbono - tirando parte do excesso de carbono da atmosfera da terra e ajudando a evitar o pior do aquecimento global.
Também é provavelmente uma das melhores - se não a melhor - opção do mundo para os produtores rurais dessas regiões. A regeneração florestal envolve plantar mudas nativas em áreas que foram desmatadas inutilmente para produção de gado e depois abandonadas.
Enquanto algumas vozes ainda dizem que é preciso desmatar para produzir, o Brasil tem o equivalente a duas vezes o Estado de São Paulo em áreas desmatadas e abandonadas. Essas áreas são a maior e melhor fronteira de produção rural do Brasil. E o que elas podem produzir são florestas novas, para geração de créditos de carbono e outros produtos florestais.
A produção de florestas é uma atividade rural de alta qualidade. Emprega tanta gente no campo quanto uma produção intensa de fruticultura. Esses empregos são de alta qualificação, melhor remunerados do que outras atividades rurais. E mais estáveis, porque a floresta fica lá, exigindo monitoramento e manutenção. Envolve uma rede de fornecedores técnicos e de insumos, como mudas e equipamentos.
É um negócio onde o Brasil desponta como líder natural. Por ter tanta terra desmatada inutilmente, nosso país pode agora ser o grande produtor mundial de florestas recuperadas para créditos de carbono. Há muito espaço para melhorias técnicas. A Embrapa, que no passado foi decisiva para expansão da cana, da soja e da pecuária tem toda a possibilidade agora de se dedicar ao desenvolvimento de melhores técnicas para recuperação de florestas nativas.
Para aproveitar o seu potencial global de líder em regeneração florestal, porém, o Brasil precisa resolver alguns gargalos. O maior deles é a insegurança fundiária. A maior parte dessa área toda disponível para replantio hoje é terra pública estadual ou federal que foi desmatada de forma criminosa por grileiros. Uma das ideias contempladas para incentivar a recuperação e geração de renda é abrir parte dessas terras públicas por concessão para empresas privadas que podem replantar floresta nativa e ganhar o crédito por isso.
Executivos de grandes empresas do setor enxergam a ideia com bons olhos. Tem potencial para atrair imensos volumes de capital para o Brasil. Porém, reservadamente, manifestam preocupação com a insegurança das áreas ofertadas. Essas terras a serem regeneradas estão cercadas por quadrilhas de grileiros. Experiências recentes mostram que esses grileiros invadem as áreas de concessão, ameaçam a segurança de quem trabalha para a concessionária.
E, pela lei atual, a concessionária vítima do ataque ainda é responsabilizada pelo crime cometido pelos grileiros invasores. Essa distorção bizarra, que parece um detalhe, está travando o potencial de concessão de uma área de 188 milhões de hectares de unidades de conservação federais, estaduais e municipais para regeneração e conservação florestal.
Para o Brasil se consagrar como grande produtor mundial de créditos de reflorestamento - e de quebra salvar a Amazônia, salvar nossas chuvas, etc - é preciso também destinar as florestas públicas que hoje estão num limbo legal. São florestas nossas - estaduais ou federais - que não foram decretadas como nenhum tipo de unidade de conservação ou uso sustentável.
Esses 57,5 milhões de hectares,mais do que a área da Espanha, são nosso grande produto para regeneração ou conservação florestal. Segundo mostra a campanha Seja Legal com a Amazônia, crimes ambientais, como a grilagem de terras, geram desmatamento, violência e corrupção na região, resultando na destruição das florestas públicas e intimidando bons empresários e produtores rurais que gostariam de investir em alternativas legais na região.
A empresa de software Microsoft e a startup especializada em créditos de carbono florestal brasileira Re.Green (eles preferem re.green com minúscula) anunciaram o maior negócio do mundo no setor. O projeto visa a restauração de 16 mil hectares de terra degradada na Amazônia e na Mata Atlântica.
O negócio é mais um de uma onda de movimentações envolvendo empresas e investidores brasileiros e estrangeiros querendo se posicionar nessa grande oportunidade. A regeneração de terras desmatadas e abandonadas no Brasil é provavelmente a melhor opção do mundo para gerar créditos de carbono - tirando parte do excesso de carbono da atmosfera da terra e ajudando a evitar o pior do aquecimento global.
Também é provavelmente uma das melhores - se não a melhor - opção do mundo para os produtores rurais dessas regiões. A regeneração florestal envolve plantar mudas nativas em áreas que foram desmatadas inutilmente para produção de gado e depois abandonadas.
Enquanto algumas vozes ainda dizem que é preciso desmatar para produzir, o Brasil tem o equivalente a duas vezes o Estado de São Paulo em áreas desmatadas e abandonadas. Essas áreas são a maior e melhor fronteira de produção rural do Brasil. E o que elas podem produzir são florestas novas, para geração de créditos de carbono e outros produtos florestais.
A produção de florestas é uma atividade rural de alta qualidade. Emprega tanta gente no campo quanto uma produção intensa de fruticultura. Esses empregos são de alta qualificação, melhor remunerados do que outras atividades rurais. E mais estáveis, porque a floresta fica lá, exigindo monitoramento e manutenção. Envolve uma rede de fornecedores técnicos e de insumos, como mudas e equipamentos.
É um negócio onde o Brasil desponta como líder natural. Por ter tanta terra desmatada inutilmente, nosso país pode agora ser o grande produtor mundial de florestas recuperadas para créditos de carbono. Há muito espaço para melhorias técnicas. A Embrapa, que no passado foi decisiva para expansão da cana, da soja e da pecuária tem toda a possibilidade agora de se dedicar ao desenvolvimento de melhores técnicas para recuperação de florestas nativas.
Para aproveitar o seu potencial global de líder em regeneração florestal, porém, o Brasil precisa resolver alguns gargalos. O maior deles é a insegurança fundiária. A maior parte dessa área toda disponível para replantio hoje é terra pública estadual ou federal que foi desmatada de forma criminosa por grileiros. Uma das ideias contempladas para incentivar a recuperação e geração de renda é abrir parte dessas terras públicas por concessão para empresas privadas que podem replantar floresta nativa e ganhar o crédito por isso.
Executivos de grandes empresas do setor enxergam a ideia com bons olhos. Tem potencial para atrair imensos volumes de capital para o Brasil. Porém, reservadamente, manifestam preocupação com a insegurança das áreas ofertadas. Essas terras a serem regeneradas estão cercadas por quadrilhas de grileiros. Experiências recentes mostram que esses grileiros invadem as áreas de concessão, ameaçam a segurança de quem trabalha para a concessionária.
E, pela lei atual, a concessionária vítima do ataque ainda é responsabilizada pelo crime cometido pelos grileiros invasores. Essa distorção bizarra, que parece um detalhe, está travando o potencial de concessão de uma área de 188 milhões de hectares de unidades de conservação federais, estaduais e municipais para regeneração e conservação florestal.
Para o Brasil se consagrar como grande produtor mundial de créditos de reflorestamento - e de quebra salvar a Amazônia, salvar nossas chuvas, etc - é preciso também destinar as florestas públicas que hoje estão num limbo legal. São florestas nossas - estaduais ou federais - que não foram decretadas como nenhum tipo de unidade de conservação ou uso sustentável.
Esses 57,5 milhões de hectares,mais do que a área da Espanha, são nosso grande produto para regeneração ou conservação florestal. Segundo mostra a campanha Seja Legal com a Amazônia, crimes ambientais, como a grilagem de terras, geram desmatamento, violência e corrupção na região, resultando na destruição das florestas públicas e intimidando bons empresários e produtores rurais que gostariam de investir em alternativas legais na região.