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Encontre a sua inspiração, encare-a e siga em frente, diz Juliana Gonçalves

Cresci tendo a minha mãe como fonte de inspiração. Professora de Português, dava aula em três turnos diferentes para manter o sustento da família

Juliana Gonçalves ( Juliana Gonçalves/Reprodução)

Publicado em 19 de abril de 2024 às 11h58.

Cresci tendo a minha mãe, Vânia, como fonte de inspiração. Professora de Português, dava aula em escolas pública e particular, em três turnos diferentes para manter o sustento da família. Isso porque meus pais se separaram quando eu tinha oito anos, e tanto eu quanto minha irmã fomos criadas por ela; mamãe nunca mediu esforços para conseguir pagar nossos estudos. A força de vontade permanente para atingir seus objetivos e a leveza condutora nas situações no decorrer da vida influenciou diretamente o meu modo de ser e de agir diante dos mais diferentes desafios.

Nasci em Belo Horizonte, capital mineira, mas morei na cidade de Brumadinho em Minas Gerais. Quando iniciei a graduação, me mudei para Belo Horizonte, cursei Administração de Empresas na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG) situada, entre os anos de 2000 e 2005 no Campus Betim. Neste período, passei em um processo seletivo para estágio em uma mineradora na cidade de Congonhas, município localizado a quase 80 quilômetros de distância do campus onde estudava.

Mais uma vez, minha mãe, sempre uma grande incentivadora, teve um papel importante nesta fase. “Você quer? Então aceite; você tem que ir”, me disse na época. Mais do que depressa, procurei um lugar para morar. O que ganhava desse estágio ficava exclusivamente para cobrir aluguel e transporte. Um período bem difícil, é verdade, mas de muito aprendizado. Logicamente não cheguei a passar fome, mas ficava muito à base de chips; era o que dava para comprar. E vez ou outra, quando visitava a minha mãe nos finais de semana, na volta quando chegava em casa, encontrava dez reais escondidos na mala, mimo colocado por minha mãe escondido nos pertences levados por mim para poder me ajudar.

Fique atento às demandas do mercado

Logo depois do término do meu estágio e quase no final da minha graduação trabalhei por pouco mais de um ano na Cesa Logística e depois de formada no Instituto Inhotim. Ali tive a primeira vivência na liderança, como gerente do setor de alimentação. Quando saí de lá, eu e meu marido, Raphael, decidimos investir na sociedade de uma lanchonete, mas a empreitada não durou muito tempo. No entanto, o sonho de ter o próprio negócio ainda fazia parte dos nossos planos. Raphael tinha como meta ter uma empresa de projetos. Ele já possuía essa experiência porque havia trabalhado em uma construtora na execução de obras, e percebeu, no decorrer do tempo, que a elaboração de projetos para este mercado estava muito deficiente.

Para transformar o sonho em realidade foi preciso trabalho e muito empenho. Como não havia dinheiro para investir no negócio, montamos um planejamento para levantar fundos e assim locamos a primeira sala e adquirimos alguns móveis. Nascia a Projeta.

Como nenhum de nós era engenheiro e precisávamos de uma referência técnica, convidamos um primo para ser nosso sócio. Contudo, como ele já contava com outras demandas, a sociedade permaneceu por somente alguns meses. Quando ele se desvinculou, tomamos uma decisão: caminhar com as próprias pernas. Contratamos dois funcionários, um engenheiro civil e um técnico em edificações e dividimos nossas experiências. Enquanto meu marido assumiu a parte comercial, resolvi voltar à PUC-MG, em 2013, mas agora para cursar Engenharia Civil. Nossa filha mais velha tinha um ano. E este foi, basicamente, o início de tudo.

Empreender demanda empenho e mentalidade focada

Nos primeiros meses, nosso principal desafio foi a questão financeira. Somado a isto, também havia a parte relacionada à mentalidade. Mas, para nós, algo estava bem claro: Não tinha opção de dar errado. Os nossos planos B e C eram fazer o A dar certo. Por isso, unimos forças e corremos atrás dos nossos objetivos, nunca ficamos estacionados na zona de conforto, esperando as coisas acontecerem. O movimento sempre se fazia necessário.

Naquele período, Raphael ia muito em prefeituras e em outras empresas para poder buscar conhecimento e parcerias. Em uma dessas visitas, soube de uma licitação, e a Projeta foi convidada a participar da concorrência e assim ganhamos nosso primeiro contrato, que nos deu subsídio para poder bancar o negócio. Com menos de dois anos, nosso crescimento foi grande, e por meio desse primeiro contrato conseguimos abrir portas em outros clientes e novos contratos foram surgindo; a famosa propaganda boca-a-boca. A demanda maior exigiu a contratação de mais pessoas e nosso foco inicial era ficar somente em Brumadinho, no interior de Minas Gerais.

Após quatro anos, entretanto, alugamos uma sala em Nova Lima, outro município mineiro e contratamos alguns engenheiros. Tempos depois alugamos outra sala e depois outra. Até o dia em que resolvemos centralizar toda a nossa operação em Nova Lima. Nascia aí o Grupo Projeta. Em 2021 ocupamos mais de quatro andares do prédio onde inicialmente locávamos as salas, e, no final de 2022 inauguramos uma nova sede, em Belo Horizonte, hoje com mais de 700 colaboradores. Entre os clientes, temos no nosso portfólio prefeituras de mais de 100 municípios espalhados por vários estados, e clientes como a Vale, Nexa entre outros.

Um ponto importante a ser destacado: no início trabalhávamos somente com projetos para órgãos públicos. E em 2021 abrimos o leque para focar também no setor privado, especificamente na Geotecnia, nascia a Sonda Geotecnia, mais uma empresa do Grupo Projeta, foi quando conseguimos o primeiro contrato com uma grande empresa multinacional do ramo de mineração, um novo divisor de águas. Na época havia uma pessoa, que era o braço direito, que fazia tudo praticamente. Entretanto ela acabou saindo e mudando de área, e eu então fui atrás deste conhecimento. Em 2022 resolvi voltar para a PUC-MG e fazer uma pós-graduação em Engenharia Geotécnica, para me tornar especialista no assunto. Isso foi um grande ponto de inflexão para mim, porque saí novamente da zona de conforto. O estudo de Engenharia Civil já tinha sido um ponto de mudança importante na minha carreira, pois minha primeira graduação foi em Administração de Empresas; a Engenharia Civil, é um curso complicado e difícil, que demandou muito empenho para poder concluí-lo. E agora, com esta pós-graduação, novamente foquei no objetivo e encarei o desafio. A decisão foi acertada, pois este nicho cresceu muito desde então e a tendência é crescer cada vez mais.

Observar e ouvir a equipe faz parte da rotina de uma boa liderança

O líder precisa saber se comunicar, pois não faz nada sozinho. Ele precisa entender as pessoas, saber motivá-las e, principalmente, inspirá-las. Não adianta cobrar algo que não faz. Ele deve ser fonte de influência e, ao mesmo tempo, entender a motivação de cada indivíduo. Este é um desafio que o líder enfrenta constantemente, um trabalho a ser desenvolvido minuciosamente. Sabia que existem pessoas que se desligam das empresas não por causa do salário, mas por não se sentirem valorizadas? O líder tem que estar atento o tempo inteiro aos seus liderados; muitas vezes eles só querem conversar e serem ouvidos.

Foque no propósito

Em março de 2024 participei de um bate-papo sobre o Dia Internacional da Mulher no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-MG) e uma mulher na plateia veio até mim, me agradeceu e disse que havia um  tempo me acompanhava nas redes sociais, e estava desistindo da Geotécnica e eu, com meu depoimento e a história, a havia inspirado a continuar. Depois ela me deu um abraço emocionante. Também me emocionei no dia do meu aniversário, quando vários colaboradores escreveram cartas dizendo que sempre fui motivo de inspiração. Fiquei perguntando para mim mesma se merecia tudo aquilo. Eu e meu sócio, sempre pautamos nossas ações visando ser corretos e transparentes, pois nada como deitar a cabeça no travesseiro e ter a consciência tranquila. E estes acontecimentos me fizeram refletir algo importante: muitas pessoas desconhecedoras de minha trajetória acham que sou herdeira, tudo veio muito fácil, dei sorte na vida. E quando escuto este tipo de afirmação, costumo dizer: “A sorte dá um trabalho danado, viu? Porque precisa acordar todo dia cedo, necessita trabalhar muito, requer correr atrás. Dá muito trabalho mesmo.”

Compartilhar conhecimento o destaca no universo corporativo

O conhecimento técnico é importante, mas não adianta tê-lo se não se consegue colocar em prática o que se sabe. Saber trabalhar em equipe, isso é essencial em toda a organização. Não ter medo de arriscar e ser resiliente.

Aproveite as benesses da tecnologia, mas não se esqueça do contato presencial

No início trabalhávamos com as maquetes desenhadas pelos engenheiros; depois veio à tona o AutoCAD e hoje vemos a transformação digital cada vez abrangendo não só a Engenharia, mas todos os setores. No entanto, esta modernização tem um preço. E hoje vejo este processo distanciando as pessoas umas das outras. Estamos muito no digital e pouco no presencial.

Para se ter uma ideia, quando iniciei a carreira, aos 14 anos, o celular era usado simplesmente para fazer ligações; e agora temos o mundo na palma das mãos, diante das tantas possibilidades. É lógico: esta facilidade agrega muito no quesito conhecimento, é verdade. Mas, ao mesmo tempo, acaba afastando um pouco as pessoas da interatividade presencial, tão importante. Pessoas precisam de pessoas.

Não deixe o tema finanças para depois

As escolas dão pouca ênfase à educação financeira, um tema tão fundamental e importante. Eu tenho duas graduações, duas pós-graduações e este assunto nunca foi abordado em nenhum curso. A meu ver, isto deveria ser ensinado desde o Ensino Fundamental, para que crianças pudessem aprender desde cedo. Outro dia, assistindo a uma palestra, ouvi que o mais certo não é dar mesadas, e sim ensinar às crianças como elas devem administrar o que têm.

Gerenciar o dinheiro é algo que teremos que lidar a vida toda. Apesar do princípio de tudo ser simples - não gastar mais do que se tem - torna-se uma tarefa mais difícil à medida que se começa a trabalhar e ganhar o próprio dinheiro. Guardar parte do que se ganha? Saber investir? Financiar? São dúvidas que permeiam a cabeça de muitos. No começo da carreira, como eu não tinha condições de comprar à vista, recorria aos financiamentos. Foi assim a conquista do primeiro carro, por exemplo. Obviamente tudo necessita ser analisado caso a caso, dependendo do que se quer. Mas o importante é, acima de tudo, nunca gastar mais do que se ganha e guardar, nem que seja um pouquinho a cada mês.

Inspire-se e siga o que acredita

Na hora de escolher um curso, busque algo que se identifique, e não algo almejado pelo pai ou a mãe. No meu caso aos 17 anos precisei escolher um curso que me identificasse e coubesse no orçamento de minha mãe. Essa é uma idade muito complexa ainda para escolher com precisão qual profissão vai exercer pelo resto da vida. Mas que bom possuirmos também a opção de tentar novas possibilidades, caso seja necessário. Hoje, após toda esta jornada, digo com alegria: não teve um só dia que não estivesse com a cabeça e o coração aqui na empresa. É gratificante acordar todos os dias sem despertador para poder vir trabalhar, e olhar para trás e ver tudo conquistado e ter em mente tudo ainda a conquistar. Por isso eu digo: Encontre a sua inspiração, encare-a e siga em frente!

Livro: Ponto de Inflexão - Uma decisão muda tudo - Flávio Augusto da Silva - Editora Buzz

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Cresci tendo a minha mãe, Vânia, como fonte de inspiração. Professora de Português, dava aula em escolas pública e particular, em três turnos diferentes para manter o sustento da família. Isso porque meus pais se separaram quando eu tinha oito anos, e tanto eu quanto minha irmã fomos criadas por ela; mamãe nunca mediu esforços para conseguir pagar nossos estudos. A força de vontade permanente para atingir seus objetivos e a leveza condutora nas situações no decorrer da vida influenciou diretamente o meu modo de ser e de agir diante dos mais diferentes desafios.

Nasci em Belo Horizonte, capital mineira, mas morei na cidade de Brumadinho em Minas Gerais. Quando iniciei a graduação, me mudei para Belo Horizonte, cursei Administração de Empresas na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG) situada, entre os anos de 2000 e 2005 no Campus Betim. Neste período, passei em um processo seletivo para estágio em uma mineradora na cidade de Congonhas, município localizado a quase 80 quilômetros de distância do campus onde estudava.

Mais uma vez, minha mãe, sempre uma grande incentivadora, teve um papel importante nesta fase. “Você quer? Então aceite; você tem que ir”, me disse na época. Mais do que depressa, procurei um lugar para morar. O que ganhava desse estágio ficava exclusivamente para cobrir aluguel e transporte. Um período bem difícil, é verdade, mas de muito aprendizado. Logicamente não cheguei a passar fome, mas ficava muito à base de chips; era o que dava para comprar. E vez ou outra, quando visitava a minha mãe nos finais de semana, na volta quando chegava em casa, encontrava dez reais escondidos na mala, mimo colocado por minha mãe escondido nos pertences levados por mim para poder me ajudar.

Fique atento às demandas do mercado

Logo depois do término do meu estágio e quase no final da minha graduação trabalhei por pouco mais de um ano na Cesa Logística e depois de formada no Instituto Inhotim. Ali tive a primeira vivência na liderança, como gerente do setor de alimentação. Quando saí de lá, eu e meu marido, Raphael, decidimos investir na sociedade de uma lanchonete, mas a empreitada não durou muito tempo. No entanto, o sonho de ter o próprio negócio ainda fazia parte dos nossos planos. Raphael tinha como meta ter uma empresa de projetos. Ele já possuía essa experiência porque havia trabalhado em uma construtora na execução de obras, e percebeu, no decorrer do tempo, que a elaboração de projetos para este mercado estava muito deficiente.

Para transformar o sonho em realidade foi preciso trabalho e muito empenho. Como não havia dinheiro para investir no negócio, montamos um planejamento para levantar fundos e assim locamos a primeira sala e adquirimos alguns móveis. Nascia a Projeta.

Como nenhum de nós era engenheiro e precisávamos de uma referência técnica, convidamos um primo para ser nosso sócio. Contudo, como ele já contava com outras demandas, a sociedade permaneceu por somente alguns meses. Quando ele se desvinculou, tomamos uma decisão: caminhar com as próprias pernas. Contratamos dois funcionários, um engenheiro civil e um técnico em edificações e dividimos nossas experiências. Enquanto meu marido assumiu a parte comercial, resolvi voltar à PUC-MG, em 2013, mas agora para cursar Engenharia Civil. Nossa filha mais velha tinha um ano. E este foi, basicamente, o início de tudo.

Empreender demanda empenho e mentalidade focada

Nos primeiros meses, nosso principal desafio foi a questão financeira. Somado a isto, também havia a parte relacionada à mentalidade. Mas, para nós, algo estava bem claro: Não tinha opção de dar errado. Os nossos planos B e C eram fazer o A dar certo. Por isso, unimos forças e corremos atrás dos nossos objetivos, nunca ficamos estacionados na zona de conforto, esperando as coisas acontecerem. O movimento sempre se fazia necessário.

Naquele período, Raphael ia muito em prefeituras e em outras empresas para poder buscar conhecimento e parcerias. Em uma dessas visitas, soube de uma licitação, e a Projeta foi convidada a participar da concorrência e assim ganhamos nosso primeiro contrato, que nos deu subsídio para poder bancar o negócio. Com menos de dois anos, nosso crescimento foi grande, e por meio desse primeiro contrato conseguimos abrir portas em outros clientes e novos contratos foram surgindo; a famosa propaganda boca-a-boca. A demanda maior exigiu a contratação de mais pessoas e nosso foco inicial era ficar somente em Brumadinho, no interior de Minas Gerais.

Após quatro anos, entretanto, alugamos uma sala em Nova Lima, outro município mineiro e contratamos alguns engenheiros. Tempos depois alugamos outra sala e depois outra. Até o dia em que resolvemos centralizar toda a nossa operação em Nova Lima. Nascia aí o Grupo Projeta. Em 2021 ocupamos mais de quatro andares do prédio onde inicialmente locávamos as salas, e, no final de 2022 inauguramos uma nova sede, em Belo Horizonte, hoje com mais de 700 colaboradores. Entre os clientes, temos no nosso portfólio prefeituras de mais de 100 municípios espalhados por vários estados, e clientes como a Vale, Nexa entre outros.

Um ponto importante a ser destacado: no início trabalhávamos somente com projetos para órgãos públicos. E em 2021 abrimos o leque para focar também no setor privado, especificamente na Geotecnia, nascia a Sonda Geotecnia, mais uma empresa do Grupo Projeta, foi quando conseguimos o primeiro contrato com uma grande empresa multinacional do ramo de mineração, um novo divisor de águas. Na época havia uma pessoa, que era o braço direito, que fazia tudo praticamente. Entretanto ela acabou saindo e mudando de área, e eu então fui atrás deste conhecimento. Em 2022 resolvi voltar para a PUC-MG e fazer uma pós-graduação em Engenharia Geotécnica, para me tornar especialista no assunto. Isso foi um grande ponto de inflexão para mim, porque saí novamente da zona de conforto. O estudo de Engenharia Civil já tinha sido um ponto de mudança importante na minha carreira, pois minha primeira graduação foi em Administração de Empresas; a Engenharia Civil, é um curso complicado e difícil, que demandou muito empenho para poder concluí-lo. E agora, com esta pós-graduação, novamente foquei no objetivo e encarei o desafio. A decisão foi acertada, pois este nicho cresceu muito desde então e a tendência é crescer cada vez mais.

Observar e ouvir a equipe faz parte da rotina de uma boa liderança

O líder precisa saber se comunicar, pois não faz nada sozinho. Ele precisa entender as pessoas, saber motivá-las e, principalmente, inspirá-las. Não adianta cobrar algo que não faz. Ele deve ser fonte de influência e, ao mesmo tempo, entender a motivação de cada indivíduo. Este é um desafio que o líder enfrenta constantemente, um trabalho a ser desenvolvido minuciosamente. Sabia que existem pessoas que se desligam das empresas não por causa do salário, mas por não se sentirem valorizadas? O líder tem que estar atento o tempo inteiro aos seus liderados; muitas vezes eles só querem conversar e serem ouvidos.

Foque no propósito

Em março de 2024 participei de um bate-papo sobre o Dia Internacional da Mulher no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-MG) e uma mulher na plateia veio até mim, me agradeceu e disse que havia um  tempo me acompanhava nas redes sociais, e estava desistindo da Geotécnica e eu, com meu depoimento e a história, a havia inspirado a continuar. Depois ela me deu um abraço emocionante. Também me emocionei no dia do meu aniversário, quando vários colaboradores escreveram cartas dizendo que sempre fui motivo de inspiração. Fiquei perguntando para mim mesma se merecia tudo aquilo. Eu e meu sócio, sempre pautamos nossas ações visando ser corretos e transparentes, pois nada como deitar a cabeça no travesseiro e ter a consciência tranquila. E estes acontecimentos me fizeram refletir algo importante: muitas pessoas desconhecedoras de minha trajetória acham que sou herdeira, tudo veio muito fácil, dei sorte na vida. E quando escuto este tipo de afirmação, costumo dizer: “A sorte dá um trabalho danado, viu? Porque precisa acordar todo dia cedo, necessita trabalhar muito, requer correr atrás. Dá muito trabalho mesmo.”

Compartilhar conhecimento o destaca no universo corporativo

O conhecimento técnico é importante, mas não adianta tê-lo se não se consegue colocar em prática o que se sabe. Saber trabalhar em equipe, isso é essencial em toda a organização. Não ter medo de arriscar e ser resiliente.

Aproveite as benesses da tecnologia, mas não se esqueça do contato presencial

No início trabalhávamos com as maquetes desenhadas pelos engenheiros; depois veio à tona o AutoCAD e hoje vemos a transformação digital cada vez abrangendo não só a Engenharia, mas todos os setores. No entanto, esta modernização tem um preço. E hoje vejo este processo distanciando as pessoas umas das outras. Estamos muito no digital e pouco no presencial.

Para se ter uma ideia, quando iniciei a carreira, aos 14 anos, o celular era usado simplesmente para fazer ligações; e agora temos o mundo na palma das mãos, diante das tantas possibilidades. É lógico: esta facilidade agrega muito no quesito conhecimento, é verdade. Mas, ao mesmo tempo, acaba afastando um pouco as pessoas da interatividade presencial, tão importante. Pessoas precisam de pessoas.

Não deixe o tema finanças para depois

As escolas dão pouca ênfase à educação financeira, um tema tão fundamental e importante. Eu tenho duas graduações, duas pós-graduações e este assunto nunca foi abordado em nenhum curso. A meu ver, isto deveria ser ensinado desde o Ensino Fundamental, para que crianças pudessem aprender desde cedo. Outro dia, assistindo a uma palestra, ouvi que o mais certo não é dar mesadas, e sim ensinar às crianças como elas devem administrar o que têm.

Gerenciar o dinheiro é algo que teremos que lidar a vida toda. Apesar do princípio de tudo ser simples - não gastar mais do que se tem - torna-se uma tarefa mais difícil à medida que se começa a trabalhar e ganhar o próprio dinheiro. Guardar parte do que se ganha? Saber investir? Financiar? São dúvidas que permeiam a cabeça de muitos. No começo da carreira, como eu não tinha condições de comprar à vista, recorria aos financiamentos. Foi assim a conquista do primeiro carro, por exemplo. Obviamente tudo necessita ser analisado caso a caso, dependendo do que se quer. Mas o importante é, acima de tudo, nunca gastar mais do que se ganha e guardar, nem que seja um pouquinho a cada mês.

Inspire-se e siga o que acredita

Na hora de escolher um curso, busque algo que se identifique, e não algo almejado pelo pai ou a mãe. No meu caso aos 17 anos precisei escolher um curso que me identificasse e coubesse no orçamento de minha mãe. Essa é uma idade muito complexa ainda para escolher com precisão qual profissão vai exercer pelo resto da vida. Mas que bom possuirmos também a opção de tentar novas possibilidades, caso seja necessário. Hoje, após toda esta jornada, digo com alegria: não teve um só dia que não estivesse com a cabeça e o coração aqui na empresa. É gratificante acordar todos os dias sem despertador para poder vir trabalhar, e olhar para trás e ver tudo conquistado e ter em mente tudo ainda a conquistar. Por isso eu digo: Encontre a sua inspiração, encare-a e siga em frente!

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