Jogos Olímpicos e esportes eletrônicos: um casamento perfeito
Além de atrair um público jovem que geralmente não dedica tanta atenção aos Jogos Olímpicos, pode beneficiar o favorito Brasil no quadro de medalhas
Vinicius Lordello
Publicado em 16 de agosto de 2021 às 07h57.
Última atualização em 16 de agosto de 2021 às 12h14.
* Por Paulo Ribas
Os Jogos Olímpicos de Tóquio foram uma importante fonte de entretenimento e de histórias inspiradoras para pessoas do mundo inteiro, ainda mais em um cenário desafiador por conta da pandemia causada pela Covid-19. Porém, uma grande parcela da população mundial ainda não se sente representada e atraída a acompanhar todos os acontecimentos, já que o evento não conta com modalidades que são verdadeiros fenômenos de audiência há anos: os esportes eletrônicos.
Os eSports, além de contarem com uma gigantesca legião de fãs, atingem um público jovem que, em geral, não se interessa tanto por modalidades esportivas mais tradicionais. Os ídolos deles muitas vezes estão equipados com mouse e teclado e não com caneleiras, capacetes ou outros utensílios vistos em outros tipos de esportes. São novos tempos.
O levantamento mais recente da Newzoo, empresa especializada em pesquisas sobre o mercado de games e eSports, mostrou que, apesar da provável queda em receitas e faturamento em 2020 com as dificuldades impostas pela Covid-19, os eSports seguem como um mercado cada vez mais atraente para investidores. Destaque para o crescimento da popularidade de games que se enquadram na categoria mobile, como Free Fire e PUBG, que possuem um público maior a cada dia.
Além de atrair um público jovem que geralmente não dedica tanta atenção aos Jogos Olímpicos, a entrada dos eSports no evento pode também trazer outros benefícios especificamente ao Brasil. O país conta com alguns dos melhores atletas de esportes eletrônicos no mundo e em diferentes modalidades. Caso sejam incluídas nos Jogos, podem colocar o país em uma posição de mais protagonismo nas conquistas de medalhas.
Os Jogos de Tóquio demonstraram os benefícios de incluir modalidades esportivas que, até então, não tinham espaço, mas que estão em viés de crescimento de popularidade e de interesse público. Quantos de nós vibramos e nos emocionamos com o ouro olímpico de Ítalo Ferreira no surf? Ou então com a prata da jovem e fenomenal skatista Rayssa Leal? E o sentimento com certeza não se restringe ao Brasil. O mundo todo está conhecendo cada vez mais novos ídolos locais com a maior exposição destas modalidades. Então, por qual motivo não proporcionamos também a chance de celebridades dos esportes eletrônicos mostrarem seus talentos em um evento desta magnitude?
Um dos motivos mais apontados por pessoas que são contrárias a ideia dos eSports nos Jogos Olímpicos é o fato de alguns games contarem com cenas de maior violência, como em jogos de tiro, por exemplo. Vale lembrar que estamos falando de uma realidade virtual, ou seja, ninguém se fere de verdade, algo que, na verdade, acontece em modalidades esportivas presentes nos Jogos Olímpicos atualmente, como o boxe, por exemplo.
Porém, se isto for mesmo um impeditivo, existem também modalidades de esporte eletrônico que simulam esportes tradicionais, como futebol, basquete, entre outros. Contamos com times e atletas profissionais destas modalidades pelo mundo e que podem mostrar suas habilidades assim como jogadores de qualquer esporte. O próprio COI já abriu sua agenda, denominada 20+5, e incluiu o debate para iniciar pelo que chamou de OVS - Olympic Virtual Series, para implantar jogos virtuais em seus eventos.
Há quem ainda questione também se os eSports são realmente modalidades esportivas para defender que não devem entrar no calendário olímpico. Uma rápida viagem na história das Olimpíadas nos fará lembrar que o xadrez já foi reconhecido pelo COI como esporte na década de 1920. Hoje, um atleta profissional de esporte eletrônico conta com uma rotina de treinamentos rígida, recebe salários e é contratado por organizações de alcance internacional para vestir a camisa e representar uma equipe. Mais do que preparação física, os eSports exigem muita estratégia e jogadas bem pensadas, assim como o xadrez.
A Confederação Brasileira de Games e Esports (CBGE), da qual tenho a honra de ser presidente, trabalha em conjunto com a Global Esports Federation (GEF) pelo reconhecimento dos esportes eletrônicos como modalidades olímpicas, pelo crescimento do cenário e pelo surgimento de novos ídolos, novas histórias inspiradoras chegando a um público que ainda não tem tanto contato com esse gigante universo dos games.
E cabe ainda ressaltar os benefícios que o próprio evento terá com essa inclusão. Não é apenas o cenário de esporte eletrônico que teria vantagens neste acontecimento. Sem dúvida, haverá um aumento expressivo na audiência dos Jogos Olímpicos, de um público praticamente novo. Definitivamente, trata-se de uma via de mão dupla.
Os esportes eletrônicos já são realidade e prendem as atenções de milhões de fãs em todo o planeta, com campeonatos transmitidos na internet e na televisão. São uma parte importantíssima do futuro do mundo esportivo, com investimentos cada vez mais comuns de clubes tradicionais de futebol e outras modalidades na formação de times de eSports. É um setor grande demais para ser ignorado e, quanto mais cedo entrar no calendário olímpico, mais rápido poderemos apreciar um evento completo e inclusivo para todos os públicos.
* Paulo Ribas é presidente da Confederação Brasileira de Games e Esports
* Por Paulo Ribas
Os Jogos Olímpicos de Tóquio foram uma importante fonte de entretenimento e de histórias inspiradoras para pessoas do mundo inteiro, ainda mais em um cenário desafiador por conta da pandemia causada pela Covid-19. Porém, uma grande parcela da população mundial ainda não se sente representada e atraída a acompanhar todos os acontecimentos, já que o evento não conta com modalidades que são verdadeiros fenômenos de audiência há anos: os esportes eletrônicos.
Os eSports, além de contarem com uma gigantesca legião de fãs, atingem um público jovem que, em geral, não se interessa tanto por modalidades esportivas mais tradicionais. Os ídolos deles muitas vezes estão equipados com mouse e teclado e não com caneleiras, capacetes ou outros utensílios vistos em outros tipos de esportes. São novos tempos.
O levantamento mais recente da Newzoo, empresa especializada em pesquisas sobre o mercado de games e eSports, mostrou que, apesar da provável queda em receitas e faturamento em 2020 com as dificuldades impostas pela Covid-19, os eSports seguem como um mercado cada vez mais atraente para investidores. Destaque para o crescimento da popularidade de games que se enquadram na categoria mobile, como Free Fire e PUBG, que possuem um público maior a cada dia.
Além de atrair um público jovem que geralmente não dedica tanta atenção aos Jogos Olímpicos, a entrada dos eSports no evento pode também trazer outros benefícios especificamente ao Brasil. O país conta com alguns dos melhores atletas de esportes eletrônicos no mundo e em diferentes modalidades. Caso sejam incluídas nos Jogos, podem colocar o país em uma posição de mais protagonismo nas conquistas de medalhas.
Os Jogos de Tóquio demonstraram os benefícios de incluir modalidades esportivas que, até então, não tinham espaço, mas que estão em viés de crescimento de popularidade e de interesse público. Quantos de nós vibramos e nos emocionamos com o ouro olímpico de Ítalo Ferreira no surf? Ou então com a prata da jovem e fenomenal skatista Rayssa Leal? E o sentimento com certeza não se restringe ao Brasil. O mundo todo está conhecendo cada vez mais novos ídolos locais com a maior exposição destas modalidades. Então, por qual motivo não proporcionamos também a chance de celebridades dos esportes eletrônicos mostrarem seus talentos em um evento desta magnitude?
Um dos motivos mais apontados por pessoas que são contrárias a ideia dos eSports nos Jogos Olímpicos é o fato de alguns games contarem com cenas de maior violência, como em jogos de tiro, por exemplo. Vale lembrar que estamos falando de uma realidade virtual, ou seja, ninguém se fere de verdade, algo que, na verdade, acontece em modalidades esportivas presentes nos Jogos Olímpicos atualmente, como o boxe, por exemplo.
Porém, se isto for mesmo um impeditivo, existem também modalidades de esporte eletrônico que simulam esportes tradicionais, como futebol, basquete, entre outros. Contamos com times e atletas profissionais destas modalidades pelo mundo e que podem mostrar suas habilidades assim como jogadores de qualquer esporte. O próprio COI já abriu sua agenda, denominada 20+5, e incluiu o debate para iniciar pelo que chamou de OVS - Olympic Virtual Series, para implantar jogos virtuais em seus eventos.
Há quem ainda questione também se os eSports são realmente modalidades esportivas para defender que não devem entrar no calendário olímpico. Uma rápida viagem na história das Olimpíadas nos fará lembrar que o xadrez já foi reconhecido pelo COI como esporte na década de 1920. Hoje, um atleta profissional de esporte eletrônico conta com uma rotina de treinamentos rígida, recebe salários e é contratado por organizações de alcance internacional para vestir a camisa e representar uma equipe. Mais do que preparação física, os eSports exigem muita estratégia e jogadas bem pensadas, assim como o xadrez.
A Confederação Brasileira de Games e Esports (CBGE), da qual tenho a honra de ser presidente, trabalha em conjunto com a Global Esports Federation (GEF) pelo reconhecimento dos esportes eletrônicos como modalidades olímpicas, pelo crescimento do cenário e pelo surgimento de novos ídolos, novas histórias inspiradoras chegando a um público que ainda não tem tanto contato com esse gigante universo dos games.
E cabe ainda ressaltar os benefícios que o próprio evento terá com essa inclusão. Não é apenas o cenário de esporte eletrônico que teria vantagens neste acontecimento. Sem dúvida, haverá um aumento expressivo na audiência dos Jogos Olímpicos, de um público praticamente novo. Definitivamente, trata-se de uma via de mão dupla.
Os esportes eletrônicos já são realidade e prendem as atenções de milhões de fãs em todo o planeta, com campeonatos transmitidos na internet e na televisão. São uma parte importantíssima do futuro do mundo esportivo, com investimentos cada vez mais comuns de clubes tradicionais de futebol e outras modalidades na formação de times de eSports. É um setor grande demais para ser ignorado e, quanto mais cedo entrar no calendário olímpico, mais rápido poderemos apreciar um evento completo e inclusivo para todos os públicos.
* Paulo Ribas é presidente da Confederação Brasileira de Games e Esports