´Papo com Rui Costa, diretor da Chape: "Agora é um clube global"
Rui Costa foi convidado para reerguer a Chapecoense. O Esporte Executivo conversou com ele para entender como pensa o desafio que tem pela frente.
Vinicius Lordello
Publicado em 9 de janeiro de 2017 às 07h48.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 07h19.
Rui Costa, experiente executivo do futebol, recebeu um chamado especial no fim de 2016. Foi convidado para reerguer a Chapecoense, após a tragédia acontecida na Colômbia. O Esporte Executivo conversou com ele para entender como pensa seu trabalho e o desafio que tem pela frente.
Em tempo, como este espaço é de um blog, não jornalístico, vale a opinião antecipada do blogueiro: Rui é um dos melhores executivos de futebol brasileiro e, com a sensibilidade que tem, um dos poucos que estão aptos ao gigante desafio. Vamos ao papo.
Como é começar um trabalho de construção de elenco quase do zero?
Esse é, sem dúvidas, o maior desafio da minha vida. O trabalho que vinha sendo desenvolvido na Chapecoense tinha uma identidade muito forte e é preciso respeitar essa história de sucesso. A cada dia tenho mais convicção que temos plenas condições de continuar escrevendo essa história. É preciso colocar tijolo por tijolo, dar passo a passo. Mas é possível. Te confesso que nunca me senti tão desafiado na minha vida como nesse momento. Pessoal e profissionalmente. Extremamente desafiado e gratificado.
Como um profissional encara um momento como esse? Como é o equilíbrio emocional racional?
O futebol é razão o tempo todo. Mas normalmente já não podemos desconsiderar a questão emocional. A condução é racional, mas sempre respeitando as emoções envolvidas. Neste momento, na Chapecoense, isso fica ainda mais aflorado. É preciso encarar a emoção que está no rosto e no coração de cada um dos integrantes do clube, de jogadores, comissão técnica até o administrativo e diretoria como parte do processo de reconstrução. Não podemos ignorá-la. Isso não pode, contudo, virar ferramenta de manipulação de conduta. Essa é a delicadeza e o respeito que queremos. É preciso que transformemos toda comoção em força motriz para que desenvolvamos um grande trabalho, que é a melhor forma de demonstrarmos respeito a tudo que aconteceu com a Chapecoense.
E o equilíbrio da necessidade da reconstrução no curto prazo para um executivo que sempre norteou seus trabalhos pelo olhar no médio e longo prazo que, aliás, deveria ser o padrão no esporte?
Eu não acredito em futebol no curto prazo. É preciso ter planejamento amplo a todo instante. Ainda mais porque foi dito que diversos clubes europeus nos tinham oferecidos milhões de euros. Isso não é verdade. Recebemos sim algumas contribuições. Mas tudo bastante distante das centenas de milhões que vimos nas redes sociais.
Então é fundamental que tracemos um planejamento que seja coerente com a história do clube, mas que caiba no orçamento que existe. A diferença é desta vez temos que estruturar uma equipe competitiva em um espaço de tempo reduzido. Quando me chamaram, quase não tínhamos jogadores profissionais para recomeçarmos a temporada. Isso sensibiliza, mas também nos alertou que algo mais imediato precisava acontecer.
Como conectar essas pessoas com o clube?
É difícil reunir dezenas de pessoas novas, que não se conhecem, para começar um novo projeto. Talvez esteja aí nosso grande desafio. Dar unidade a um grupo quase que completamente novo. Mas todos viram o que aconteceu por aqui. Há uma abertura natural...
Qual o tamanho da Chapecoense hoje?
É um clube global. A tragédia vivida, de alguma forma, levou o clube a um patamar diferente. Passamos a ser o segundo clube não apenas de pessoas de Santa Catarina, mas de várias partes do Brasil e até de fora. Com isso, a expectativa sobre nosso trabalho aumenta. Temos que entender que não somos apenas mais um clube.
Nesse cenário, como você projeta a relação e comunicação com os antigos e novos fãs do clube?
Outro dia estávamos conversando entre nós como será o primeiro jogo a acontecer na Arena Condá. A carga emocional que nos envolve agora é gigantesca. É preciso que saibamos alcançar essas pessoas. Como te disse, não somos mais um clube de uma torcida só. Temos a nossa, que é linda. Mas somos um clube global e, como tal, precisamos saber falar com todos e também ouvi-los.
O desafio agora transcende a gestão de um clube de futebol. Você tem, literalmente, mais que um clube para cuidar. Qual o tamanho desse desafio para um profissional?
Não há curso ou escola no mundo que nos prepare para encarar um momento no esporte como o vivido pela Chapecoense. Me sinto, honestamente, mais que desafiado, gratificado e honrado por ter sido escolhido por eles. Vou contribuir com tudo que sei, mas, tenho certeza, estou aprendendo e ainda vou aprender muito mais por aqui.
Rui Costa, experiente executivo do futebol, recebeu um chamado especial no fim de 2016. Foi convidado para reerguer a Chapecoense, após a tragédia acontecida na Colômbia. O Esporte Executivo conversou com ele para entender como pensa seu trabalho e o desafio que tem pela frente.
Em tempo, como este espaço é de um blog, não jornalístico, vale a opinião antecipada do blogueiro: Rui é um dos melhores executivos de futebol brasileiro e, com a sensibilidade que tem, um dos poucos que estão aptos ao gigante desafio. Vamos ao papo.
Como é começar um trabalho de construção de elenco quase do zero?
Esse é, sem dúvidas, o maior desafio da minha vida. O trabalho que vinha sendo desenvolvido na Chapecoense tinha uma identidade muito forte e é preciso respeitar essa história de sucesso. A cada dia tenho mais convicção que temos plenas condições de continuar escrevendo essa história. É preciso colocar tijolo por tijolo, dar passo a passo. Mas é possível. Te confesso que nunca me senti tão desafiado na minha vida como nesse momento. Pessoal e profissionalmente. Extremamente desafiado e gratificado.
Como um profissional encara um momento como esse? Como é o equilíbrio emocional racional?
O futebol é razão o tempo todo. Mas normalmente já não podemos desconsiderar a questão emocional. A condução é racional, mas sempre respeitando as emoções envolvidas. Neste momento, na Chapecoense, isso fica ainda mais aflorado. É preciso encarar a emoção que está no rosto e no coração de cada um dos integrantes do clube, de jogadores, comissão técnica até o administrativo e diretoria como parte do processo de reconstrução. Não podemos ignorá-la. Isso não pode, contudo, virar ferramenta de manipulação de conduta. Essa é a delicadeza e o respeito que queremos. É preciso que transformemos toda comoção em força motriz para que desenvolvamos um grande trabalho, que é a melhor forma de demonstrarmos respeito a tudo que aconteceu com a Chapecoense.
E o equilíbrio da necessidade da reconstrução no curto prazo para um executivo que sempre norteou seus trabalhos pelo olhar no médio e longo prazo que, aliás, deveria ser o padrão no esporte?
Eu não acredito em futebol no curto prazo. É preciso ter planejamento amplo a todo instante. Ainda mais porque foi dito que diversos clubes europeus nos tinham oferecidos milhões de euros. Isso não é verdade. Recebemos sim algumas contribuições. Mas tudo bastante distante das centenas de milhões que vimos nas redes sociais.
Então é fundamental que tracemos um planejamento que seja coerente com a história do clube, mas que caiba no orçamento que existe. A diferença é desta vez temos que estruturar uma equipe competitiva em um espaço de tempo reduzido. Quando me chamaram, quase não tínhamos jogadores profissionais para recomeçarmos a temporada. Isso sensibiliza, mas também nos alertou que algo mais imediato precisava acontecer.
Como conectar essas pessoas com o clube?
É difícil reunir dezenas de pessoas novas, que não se conhecem, para começar um novo projeto. Talvez esteja aí nosso grande desafio. Dar unidade a um grupo quase que completamente novo. Mas todos viram o que aconteceu por aqui. Há uma abertura natural...
Qual o tamanho da Chapecoense hoje?
É um clube global. A tragédia vivida, de alguma forma, levou o clube a um patamar diferente. Passamos a ser o segundo clube não apenas de pessoas de Santa Catarina, mas de várias partes do Brasil e até de fora. Com isso, a expectativa sobre nosso trabalho aumenta. Temos que entender que não somos apenas mais um clube.
Nesse cenário, como você projeta a relação e comunicação com os antigos e novos fãs do clube?
Outro dia estávamos conversando entre nós como será o primeiro jogo a acontecer na Arena Condá. A carga emocional que nos envolve agora é gigantesca. É preciso que saibamos alcançar essas pessoas. Como te disse, não somos mais um clube de uma torcida só. Temos a nossa, que é linda. Mas somos um clube global e, como tal, precisamos saber falar com todos e também ouvi-los.
O desafio agora transcende a gestão de um clube de futebol. Você tem, literalmente, mais que um clube para cuidar. Qual o tamanho desse desafio para um profissional?
Não há curso ou escola no mundo que nos prepare para encarar um momento no esporte como o vivido pela Chapecoense. Me sinto, honestamente, mais que desafiado, gratificado e honrado por ter sido escolhido por eles. Vou contribuir com tudo que sei, mas, tenho certeza, estou aprendendo e ainda vou aprender muito mais por aqui.