Ciência

Risco de câncer antes dos 50 anos cresceu de forma expressiva no mundo, diz estudo

Autores de estudo feito na Universidade Harvard afirmam que risco de câncer está "crescendo a cada geração"

Estudos sobre câncer: fatores como alimentação e falta de sono nas crianças são risco (Getty Images/Getty Images)

Estudos sobre câncer: fatores como alimentação e falta de sono nas crianças são risco (Getty Images/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 9 de setembro de 2022 às 12h06.

Última atualização em 9 de setembro de 2022 às 12h12.

Um estudo de pesquisadores vinculados à Universidade Harvard mostrou que a incidência de câncer em pessoas mais jovens tem subido ao redor do mundo, sobretudo a partir dos anos 1990.

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O risco aumenta sucessivamente "a cada geração", afirma o professor Shuji Ogino, um dos autores do estudo e atuante na Universidade Harvard, ao jornal da instituição, o The Harvard Gazette. "Por exemplo, pessoas nascidas nos anos 1960 tiveram risco mais alto de câncer antes de completarem 50 anos do que pessoas nascidas nos anos 1950, e nós projetamos que o nível de risco vai continuar a escalar nas próximas gerações", disse o professor.

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Pesquisadores do Brigham and Women’s Hospital, hospital da faculdade de medicina da Universidade Harvard, buscaram dados sobre os casos e os fatores que podem ter levado à alta. O estudo foi intitulado Is early onset cancer an emerging global epidemic? Current evidence and future implications ("O câncer de início precoce é uma epidemia global emergente?", em tradução livre) e está publicado no periódico científico Nature Reviews Clinical Oncology.

Ogino e o pesquisador Tomotaka Ugai, junto a outros colegas, analisaram dados globais sobre 14 tipos de câncer que mostraram aumento de incidência em adultos abaixo dos 50 anos - como câncer de mama, colo do útero, de rim, de fígado e de pâncreas. A análise inclui eventuais mudanças no estilo de vida da população, captados por dados oficiais.

A equipe verificou a literatura existete sobre as mudanças em fatores como dieta, estilo de vida, peso, exposições ambientais e o microbioma da população (microorganismos que residem no corpo humano) a partir da segunda metade do século 20. A hipótese é que tais alterações - no caso das dietas e estilo de vida de populações ocidentais, foco da pesquisa - podem estar contribuindo para maior risco de câncer em pessoas mais jovens.

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Os pesquisadores reconhecem que o diagnóstico precoce, hoje mais acessível com o avanço tecnológico, pode ser parcialmente responsável por levar a mais descobertas. Mas afirmam que a alta nos casos vista em muitos dos 14 tipos de câncer analisados é improvável de ter ocorrido somente por maior acesso a exames.

Dentre as limitações do estudo apontadas pelos pesquisadores estão, também, a falta de dados sobre países de baixa e média renda que possam mostrar com mais detalhes a incidência específica nessas populações.

Falta de sono e alimentação são fatores de risco

O estudo classifica como possíveis fatores de risco associados à incidência de câncer nos mais jovens hábitos como consumo de álcool, privação de sono, fumo, obesidade e consumo de alimentos altamente processados.

No sono, um alerta: os adultos não têm dormido tão menos do que gerações anteriores, mas as mudanças mais drásticas no padrão de sono ocorrem principalmente nas crianças, que tem dormido "muito menos" hoje do que as gerações de décadas atrás, dizem os pesquisadores.

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Os hábitos alimentares também foram descritos como um risco a ser observado. "Entre os 14 tipos de câncer em ascensão que estudamos, oito estavam relacionados ao sistema digestivo. A comida que comemos alimenta os microorganismos em nosso intestino”, disse Ugai ao Harvard Gazette. “A dieta afeta diretamente a composição do microbioma e, eventualmente, essas mudanças podem influenciar o risco de desenvolver a doença e seus efeitos."

O estudo completo está disponível aqui.

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