Reino Unido abre portas para cientistas, mas aperta regras
O sistema Global Talent vai criar uma via rápida para pedidos de visto por cientistas, matemáticos e pesquisadores
Lucas Agrela
Publicado em 27 de janeiro de 2020 às 11h30.
O Reino Unido planeja facilitar as regras de visto para cientistas estratégicos no próximo mês, mas pretende reprimir a migração de profissionais menos qualificados após o Brexit . O Reino Unido deve deixar a União Europeia dentro de cinco dias, e o governo prometeu eliminar a livre circulação de cidadãos da UE. A imigração foi uma questão fundamental durante o referendo do Brexit, e o primeiro-ministro Boris Johnson propõe um sistema baseado em pontos que prioriza trabalhadores mais qualificados.
Em uma tentativa de aliviar a preocupação de que o Brexit feche as portas do Reino Unido para os melhores talentos, o governo divulgou uma rota de imigração no domingo. O sistema Global Talent vai criar uma via rápida para pedidos de visto por cientistas, matemáticos e pesquisadores a partir de 20 de fevereiro. O governo disse que também investirá 300 milhões de libras (US$ 392 milhões) em matemática avançada nos próximos cinco anos.
A notícia foi bem recebida pela Royal Society, uma das quatro agências científicas na rota. “O governo ouviu a comunidade de pesquisa, e este é um primeiro passo importante na criação do sistema de vistos que precisamos para atrair talentos científicos globais”, disse o presidente da Royal Society, Venki Ramakrishnan.
No domingo, a secretária do Interior, Priti Patel, havia alertado empresas britânicas de que teriam que mudar sua abordagem de contratação no pós-Brexit. “Elas têm se sustentado muito em baixas qualificações e, francamente, em mão de obra barata da UE, e queremos acabar com isso”, disse Patel ao programa Sophy Ridge no canal Sky.
Patel disse que aceitaria as conclusões de um relatório encomendado pelo Comitê Consultivo para Migração (MAC, na sigla em inglês), que deve ser publicado esta semana. O MAC está revisando um limite de salário mínimo proposto de 30 mil libras para trabalhadores migrantes, o que alarmou empresas.
Na sexta-feira, um grupo de empresas pediu a Patel que os empresários possam ser ouvidos no desenvolvimento do sistema de imigração pós-Brexit. Acostumados a décadas de livre movimentação de mão de obra entre o Reino Unido e o continente, as empresas estão preocupadas com um aumento da retórica contra a imigração desde o referendo do Brexit em 2016. Setores como construção, hotelaria e o Serviço Nacional de Saúde estão especialmente em risco devido à falta de trabalhadores estrangeiros qualificados.