Pesquisadores propõem zonas de silêncio para evitar difusão do coronavírus
Uma pesquisa apontou que a diferença entre sussurrar e gritar aumenta a taxa de emissão de partículas 50 vezes na voz de pessoas com covid-19
Reuters
Publicado em 10 de setembro de 2020 às 11h14.
Última atualização em 10 de setembro de 2020 às 11h20.
Mais zonas de silêncio em espaços fechados de alto risco, como hospitais e restaurantes, podem ajudar a reduzir os riscos de contágio do coronavírus , disseram pesquisadores depois que um estudo mostrou que diminuir o volume da fala pode reduzir a disseminação da doença.
Na tentativa de conter a transmissão, uma redução de 6 decibéis nos níveis médios da fala pode ter o mesmo efeito de se dobrar a ventilação de um ambiente, disseram cientistas na quarta-feira em uma cópia antecipada de um documento que detalha seu estudo.
"Os resultados levam a crer que as autoridades de saúde pública deveriam cogitar implantar 'zonas de silêncio' em ambientes fechados de alto risco, como salas de espera de hospitais ou locais de alimentação", escreveram os seis pesquisadores da Universidade da Califórnia de Davis.
Em julho, a Organização Mundial da Saúde (OMS) mudou sua diretriz ao reconhecer a possibilidade da transmissão pelo ar, como durante o ensaio de um coral, em restaurantes ou aulas de ginástica.
Gotículas microscópicas expelidas durante a fala evaporam e deixam partículas de aerossol grandes o suficiente para transportar uma quantidade viável de vírus, mostrou o documento. Um aumento de volume cerca de 35 decibéis, ou a diferença entre sussurrar e gritar, aumenta a taxa de emissão de partículas 50 vezes.
Uma conversa normal fica acima da faixa dos 10 decibéis, e o ruído ambiente de restaurantes é de cerca de 70.
"Nem todos os ambientes fechados são iguais em termos de risco de transmissão pelo ar", disse o pesquisador-chefe, William Ristenpart.
"Uma sala de aula cheia, mas silenciosa, é muito menos perigosa do que um bar de karaokê sem multidão onde os clientes estão socialmente distantes, mas conversando e cantando com música alta de fundo".
O número global de mortes causadas pelo vírus passou de 900 mil na quarta-feira, e os casos mundiais chegaram a 27,7 milhões, de acordo com uma contagem da Reuters. Em média, mais de 5.600 pessoas morrem por dia, também segundo cálculos da Reuters.