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Neandertais foram os primeiros pintores do mundo, há 66 mil anos

Segundo estudo, arte rupestre mais antiga do mundo tem mais de 66 mil anos de antiguidade e se datou em três cavernas de diferentes regiões da Espanha

Arte rupestre: novas datações das cavernas de Ardales, Maltravieso e Pasiega certificam uma antiguidade até então insuspeitada para as origens da atividade artística (Rodrigo de Balbín Behrmann/AFP)
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EFE

Publicado em 22 de fevereiro de 2018 às 18h06.

Madri - A arte rupestre mais antiga do mundo tem mais de 66 mil anos de antiguidade, foi feita por neandertais e se datou em três cavernas de diferentes regiões da Espanha , segundo um estudo publicado nesta quinta-feira pela revista "Science".

Isso significa que as pinturas das cavernas de Ardales (Málaga, sul), Maltravieso (Cáceres, oeste) e La Pasiega (Cantábria, norte) são de 20 mil a 40 mil anos mais antigas que representações já conhecidas, entre elas as famosas de Altamira (Cantábria) e Lascaux, na França.

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Um estudo realizado por uma equipe multidisciplinar de 14 especialistas, do Instituto Max Planck (Alemanha), do Centro Nacional para Pesquisas Científicas (França), das universidades britânicas de Southampton e Durham, além da de Lisboa (Portugal) e das espanholas de Alcalá, Barcelona, Isabel I (Burgos), e Cádiz.

As novas datações das cavernas de Ardales, Maltravieso e Pasiega, que certificam uma antiguidade até então insuspeitada para as origens da atividade artística, foram possíveis graças ao método de Urânio-Torio (U-Th), que mede o tempo tendo como base a desintegração radioativa do urânio das crostas de calcita associada às pinturas.

As conclusões da pesquisa determinam que uma mão pintada em negativo em Maltravieso foi feita há pelo menos 66,7 mil anos, e que uma formação de calcita foi coberta de pintura há, no mínimo, 65,5 mil anos na caverna de Ardales. Além disso, foi revelado que um sinal com forma de escada da caverna de Pasiega conta com aproximadamente 64,8 mil anos.

As amostras foram analisadas pelos pesquisadores Alistair Pike e Chris Standish, da Universidade de Southampton, e Dirk Hoffmann, do Instituto Max Planck, que mediram miligramas de depósitos de calcita existente sob e sobre as pinturas, nas quais predominam diferentes tons de vermelho.

Também foram encontradas conchas pintadas e perfuradas que, na opinião dos especialistas, estariam vinculadas com decorações corporais usadas pelos neandertais (Homo neanderthalensis).

De acordo com Joao Zilhão, pesquisador da Universidade de Barcelona, "os neandertais utilizavam misturas de pigmentos sofisticados e praticavam a ornamentação do corpo, inclusive muito antes que tais condutas tenham sido documentadas entre os primeiros homens modernos da África".

Ambos os artigos constituem uma relevante contribuição para o atual debate científico sobre o reconhecimento das primeiras capacidades simbólicas e artísticas da humanidade, que há até pouco tempo a maioria dos especialistas apenas reconheciam à nossa espécie: o Homo sapiens.

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