Ciência

Mudanças climáticas aumentaram onda de calor na Europa em 4ºC, diz estudo

O World Weather Attribution usou modelos de computador para calcular as temperaturas que seriam esperadas sem ação das mudanças climáticas

Onda de calor: Europa tem enfrentado temperaturas acima dos 40ºC neste verão de 2019 (Regis Duvignau/Reuters)

Onda de calor: Europa tem enfrentado temperaturas acima dos 40ºC neste verão de 2019 (Regis Duvignau/Reuters)

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Reuters

Publicado em 2 de julho de 2019 às 14h16.

Londres — A mudança climática provocada pelo homem provavelmente tornou a onda de calor de junho na Europa — período em que o sul da França teve o recorde de 45,9ºC — 4ºC mais quente do que teria sido sem ela, disseram cientistas.

"A mudança climática não é mais um aumento abstrato na temperatura global média, mas uma diferença que você pode sentir quando sai de casa em uma onda de calor", disse Geert Jan van Oldenborgh, pesquisador-sênior do Instituto Meteorológico Real da Holanda e um dos autores do estudo.

"As observações mostram que ondas de calor semelhantes provavelmente teriam sido cerca de 4ºC mais frias um século atrás", disse o relatório do grupo de cientistas World Weather Attribution.

 

O estudo também sustentou que a mudança climática tornou a onda de calor recordista ao menos cinco vezes mais provável.

"Tivemos um onda de calor cuja intensidade poderia se tornar a norma no meio do século", disse Robert Vautard, cientista-sênior do instituto francês CNRS.

Cientistas climáticos vêm dizendo há tempos que um aquecimento da superfície da terra causado principalmente por emissões de dióxido de carbono da era industrial derivados de combustíveis fósseis tornará os eventos climáticos mais extremos, enquanto tempestades, secas e inundações ficarão mais frequentes.

O World Weather Attribution usou modelos de computador entre 26 e 28 de junho para calcular as temperaturas que teria esperado em outras circunstâncias.

O novo recorde de temperatura dos tempos modernos na França, registrado em Gallargues-le-Montueux, na região da Provença, no sul, ficou quase três graus acima da alta anterior, de agosto de 2003.

Meteorologistas dizem que um enfraquecimento da corrente de jato de alto nível sobre a Europa está paralisando sistemas climáticos e fazendo as temperaturas de verão dispararem cada vez mais.

Na sexta-feira (28), a Organização Meteorológica Mundial (OMM) disse que 2019 ruma para se tornar um dos anos mais quentes da história e que 2015-2019 seria um dos períodos de cinco anos mais quentes já registrados.

A entidade disse ainda que a onda de calor europeia foi "absolutamente condizente" com eventos extremos ligados ao impacto das emissões de gases de efeito estufa.

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