Mais ágil e barato, novo teste pode mudar a vida de pessoas com Parkinson
Pesquisadores no Reino Unido estão desenvolvendo uma maneira mais simples de diagnosticar a doença degenerativa – o que pode auxiliar nos tratamentos
Rodrigo Loureiro
Publicado em 11 de março de 2021 às 12h02.
Última atualização em 11 de março de 2021 às 12h03.
Uma pesquisa realizada na Universidade de Manchester, no Reino Unido, relatou avanços na criação de novos testes para diagnosticar mais rapidamente pessoas que podem estar sofrendo da doença de Parkinson , um distúrbio do sistema nervoso que afeta o movimento corporal. Os cientistas querem criar um método de diagnosticar a doença degenerativa de forma mais rápida, barata e indolor.
Os resultados divulgados nesta quinta-feira (11) apontam que, ao coletar amostras da oleosidade da pele do paciente, é possível obter uma resposta sobre a presença da doença de Parkinson. O diagnóstico é obtido através da análise de compostos encontrados no sebo, uma substância oleosa que reveste a pele e é rica em moléculas semelhantes a lipídeos. Pessoas com Parkinson produzem mais sebo do que o normal.
Para realizar os estudos, os pesquisadores recrutaram 500 pessoas com e sem Parkinson. Amostras de sebo foram retiradas da parte superior das costas de cada um e, com o auxílio de métodos de espectrometria de massa, foram identificados 10 compostos químicos no sebo que estão em níveis anormais. Estes resultados permitem identificar pessoas com Parkinson com até 85% de precisão.
A pesquisa já havia tido alguns resultados publicados na revista científica ACS Central Science e é liderada por Perdita Barran, professora de espectrometria de massa na Universidade de Manchester e diretora do Centro Michael Barber de Espectrometria de Massa Colaborativa, além de Monty Silverdale, da Salford Royal Foundation Trust. O estudo completo foi publicado na Nature Communications .
Os pesquisadores explicam que o método utilizado para analisar o sebo é pioneiro e útil não apenas no diagnóstico de Parkinson, mas também no monitoramento do desenvolvimento da doença. É possível, então, tomar medidas e criar tratamentos mais eficientes para combater o avanço da doença degenerativa que ainda não tem uma cura.
O ponto principal, no entanto, é criar um teste definitivo de diagnóstico da doença de Parkinson que seja preciso, rápido e, principalmente, econômico. Os resultados publicados recentemente são promissores neste sentido. Os cientistas agora buscam financiamento para continuar com as pesquisas.
"Estamos agora buscando levar nossas descobertas adiante para refinar o teste para melhorar ainda mais a precisão e tomar medidas para torná-lo um teste que pode ser usado no Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido e desenvolver diagnósticos mais precisos e um melhor tratamento para esta condição debilitante”, disse Barran.
Atualmente, o diagnóstico da doença não é muito simples. É preciso que um profissional de saúde identifique, através de uma avaliação neurológica, a presença de tremores, rigidez nas pernas, braços e tronco. Sinais de lentidão, diminuição dos movimentos e de instabilidade da postura também são observados. Novos testes, utilizando equipamentos para captar imagens do cérebro, também podem ser realizados.
Não há dados oficiais sobre o avanço da doença de Parkinson no Brasil. Uma estimativa feita baseada no número de pessoas diagnosticadas com o distúrbio no mundo, entretanto, aponta que pelo menos 630 mil brasileiros sofram com a doença degenerativa.