Ciência

Embalagens de fast-food contêm substância cancerígena que dura para sempre

Produto químico tóxico foi encontrado em embalagens de gigantes do setor de fast-food, como McDonald's e Burger King

Fast-food: McDonald's, Burger King e outras embalagens de fast-food possuem produtos químicos tóxicos, de acordo com um novo estudo (Zbigniew Bzdak/Getty Images)

Fast-food: McDonald's, Burger King e outras embalagens de fast-food possuem produtos químicos tóxicos, de acordo com um novo estudo (Zbigniew Bzdak/Getty Images)

Mariana Martucci

Mariana Martucci

Publicado em 7 de agosto de 2020 às 16h53.

Última atualização em 11 de agosto de 2020 às 11h51.

Um tipo de substância química tóxica associada ao câncer foi encontrada em algumas embalagens de grandes redes de fast-food como McDonald's e Burger King.

Um estudo divulgado pelo grupo de defesa ambiental Ecology Center, analisou 38 amostras de embalagens de alimentos em seis cadeias para PFAS, ou substâncias perfluoroalquil e polifluoroalquil. Quase metade das amostras apresentou resultados positivos quanto aos níveis de flúor que indicavam que a embalagem continha PFAS.

Os PFAS são uma categoria de produtos químicos que têm sido associados ao câncer, danos ao fígado, doenças da tireóide e problemas de desenvolvimento. Eles são usados para produção de materiais resistentes à água e à graxa. Eles são comumente encontrados em produtos como roupas, carpetes, estofados e embalagens de alimentos. Como resultado, os PFAS podem ser encontrados na corrente sanguínea de 99% dos americanos.

A exposição aos PFAS é uma preocupação especialmente alta no contexto da covid-19, uma vez que estão ligados à supressão do sistema imunológico como bem como condições crônicas que aumentam a gravidade da contaminação pelo vírus.

O estudo descobriu que os sacos de batatas fritas do Burger King e do McDonald's continham resquícios de PFAS. Também foram encontrados nos recipientes de papelão Big Mac do McDonald's, assim como as do Burger King Whopper.

A Food and Drug Administration (FDA), uma agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, proibiu o uso de apenas um pequeno número de produtos químicos da classe PFAS em embalagens de alimentos, mas continua permitindo o uso de muitos outros, apesar dos riscos apresentados. 

Fora dos EUA, a Dinamarca decretou a proibição do PFAS em embalagens de papelão e papel para alimentos, que entrou em vigor em 1º de julho de 2020. Os principais varejistas e restaurantes, incluindo Panera Bread, Taco Bell, Chipotle e Whole Foods Market também estão se afastando dos PFAS.

Mas este estudo mais recente revela que ainda há muito trabalho a ser feito para garantir que as principais redes de hambúrgueres usem embalagens mais seguras — sem PFAS.

Ao site americano de notícias, Business Insider, o Burger king afirmou que está "ansioso para estender uma política de ingredientes seguros para incluir a remoção do PFAS". "Trabalharemos com nossos fornecedores para removê-los de todas as embalagens antes ou, quando possível, antes dos três anos recomendados pelo FDA."

O McDonald's disse que também está tomando medidas. "A segurança e o bem-estar de nossas comunidades são nossa principal prioridade [...]. Eliminamos classes significativas de subconjuntos de PFASs das embalagens de alimentos do McDonald's em todo o mundo", afirmou o McDonald's em comunicado.

Em comunicado enviado à EXAME, a Arcos Dourados, controladora do McDonald's na América Latina e Caribe, afirmou que "nenhuma das embalagens utilizadas em sua operação conta com as substâncias PFAs". "Reforçamos ainda que a segurança e o bem-estar das comunidades onde estamos inseridos são nossa principal prioridade e, por isso, contamos com um rigoroso acompanhamento de toda a nossa cadeia de fornecedores", disse a companhia.

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