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Descoberta de fóssil de 1 bilhão de anos traz nova teoria sobre evolução

O organismo com duas células distintas encontrado na Escócia mostra que é possível termos mais de um caminho evolutivo na formação de vidas multicelulares

Imagem aprimorada do fóssil de um bilhão de anos por microscópio mostra uma parede externa de células envolvendo uma massa celular interna (P.K Strother/Boston College/Reprodução)
LP

Laura Pancini

Publicado em 3 de maio de 2021 às 11h45.

Última atualização em 5 de maio de 2021 às 14h06.

Uma equipe de cientistas internacionais da Universidade de Sheffield no Reino Unido e do Boston College nos Estados Unidos encontrou um fóssil de um bilhão de anos com dois tipos de células distintos, podendo ser o primeiro animal multicelular já registrado.

Em um artigo publicado no Science Direct , o fóssil, denominado Bicellum brasieri, mostra um organismo que se encontra entre um animal unicelular e um multicelular. Ele traz um novo olhar sobre a transição entre organismos unicelulares para animais complexos e multicelulares.

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Os pesquisadores acreditam que ele seja um membro do holozoa, grupo de organismos que inclui animais e seus parentes unicelulares próximos, menos fungos. Não há conclusão sobre quais eram as funções de cada tipo de célula encontrado, mas se supõe que eles tenham alguma "implicação reprodutiva".

“As origens da multicelularidade complexa e a origem dos animais são consideradas dois dos eventos mais importantes da história da vida na Terra, nossa descoberta lança uma nova luz sobre ambos", disse o professor Charles Wellman, um dos principais pesquisadores do estudo.

O professor Paul Strother, um dos participantes do estudo, disse: “Os biólogos especulavam que a origem dos animais incluía a incorporação e reaproveitamento de genes anteriores que haviam evoluído anteriormente em organismos unicelulares. O que vemos no Bicellum é um exemplo de tal sistema genético.”

Para ir de um organismo unicelular para multicelular, Strother explica que os organismos tiveram que desenvolver um genoma "que controlasse a natureza da divisão celular, como as células se unem e como se diferenciam e segregam os tecidos". “O que é empolgante sobre este fóssil é que, embora seja uma morfologia extremamente simples, ele claramente tinha as capacidades de algumas dessas características fundamentais necessárias para se tornar multicelular”, explica ele.

O fóssil foi encontrado em Loch Torridon, nas Terras Altas do Noroeste da Escócia. Por conta da sua preservação excepcional, os cientistas conseguiram analisá-lo a nível celular e subcelular.

A rocha na qual o fóssil foi encontrado era um ambiente de água doce, ao contrário do que era antes observado em ambientes aquáticos ligados ao surgimento de vida complexa. A descoberta significa que a evolução dos animais multicelulares ocorreu há pelo menos um bilhão de anos e que pode ter ocorrido em água doce, como lagos, e não no oceano.

Anteriormente, descobertas de vida multicelular nos oceanos, alguns datando mais de dois bilhões de anos, já haviam sido confirmadas. Agora parece possível que mais de um caminho evolutivo levou às primeiras formas de vida multicelulares.

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