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Cientistas encontram microplásticos em órgãos humanos

Nova técnica permite que seja possível encontrar partículas minúsculas no organismo humano

Plástico: cientistas usam nova técnica para alertar os possíveis perigos do consumo de plástico (Yegor Aleyev/Getty Images)
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Maria Eduarda Cury

Publicado em 17 de agosto de 2020 às 14h10.

Última atualização em 17 de agosto de 2020 às 16h57.

As partículas de microplástico , graves poluentes do oceano e da vida marinha, podem ser identificadas em órgãos humanos. Com uma nova técnica desenvolvida por cientistas da Universidade Estadual do Arizona, nos Estados Unidos , agora é possível observar quando há a presença de plásticos no corpo humano.

A descoberta foi feita porque os cientistas adicionaram partículas a 47 amostras de tecido de pulmão, fígado, baço e rim obtidas de um banco de tecidos estabelecido para estudar doenças neurodegenerativas.

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Os resultados mostraram que os microplásticos puderam ser detectados em todas as amostras.

Sabe-se que os humanos estão sujeitos tanto a ingerir microplásticos por meio da comida ou inalando pelo ar, mas sua presença no corpo humano ainda não era possível de ser identificada.

A nova técnica, porém, não identifica quais são os perigos e os impactos da presença do plástico no corpo humano — algo que ainda não é possível de decifrar. A pesquisa, que está sendo apresentada na sociedade científica American Chemical Society nesta segunda-feira, 17, é a primeira a determinar os níveis de penetração do plástico em órgãos humanos.

Rolf Halden, da Universidade Estadual da Arizona, disse em nota que a plataforma pode ajudar a encontrar diversas partículas minúsculas. “Seria ingênuo acreditar que existe plástico em todo lugar, mas não em nós. Agora estamos fornecendo uma plataforma de pesquisa que permitirá que nós e outros procuremos o que é invisível — essas partículas pequenas demais para ser vistas a olho nu. O risco realmente reside nas pequenas partículas.”

O método permitiu identificar, entre outros, plásticos como tereftalato de polietileno (PET) e bisfenol A (BPA), utilizados na produção de garrafas plásticas e plásticos diversos, respectivamente. Segundo os cientistas, o BPA é mais perigoso do que o PET devido a seu caráter tóxico e reprodutivo.

Eles ressaltaram a importância de não tornar a pesquisa um escândalo alarmista, mas levantaram a preocupação sobre o acúmulo de materiais biodegradáveis nos órgãos humanos. Charles Rolsky, também autor da pesquisa, disse que mesmo os microplásticos com menos de 5 milímetros de diâmetro devem ser vistos como uma possível ameaça.

Levando a técnica para a vida real, os cientistas estão utilizando a metodologia para encontrar microplásticos em órgãos de doadores. Analisando seu estilo de vida, será possível identificar se há um padrão para a quantidade de partículas presente em cada tecido.

A equipe informou que divulgará seu método de extração de plásticos virtualmente, para que mais cientistas possam fazer uso da técnica em seus próprios laboratórios. “Este recurso compartilhado ajudará a construir um banco de dados de exposição de plástico para que possamos comparar exposições em órgãos e grupos de pessoas ao longo do tempo e do espaço geográfico”, comentou Halden.

Desde a neve da Região Ártica até o Oceano Pacífico, os pequenos pedaços de plástico jogados pela Terra são responsáveis pela poluição de diversos ambientes naturais. E, por serem partículas difíceis de isolar e caracterizar, identificá-las separadamente não é uma tarefa tão simples.

Outro estudo sobre o consumo de pequenas partículas de plástico, realizado no ano passado, mostrou que os indivíduos costumam ingerir cerca de 50.000 partículas anualmente. Sendo assim, é possível que as pessoas estejam abrigando diversas partículas de poluentes tóxicos em seu corpo, inclusive em órgãos como coração e cérebro.

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