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Áreas refletoras e árvores podem reduzir temperatura das cidades

Pavimentação e construção de edifícios fazem com que extensas áreas fiquem com pouca ou nenhuma cobertura natural, o que aumenta a temperatura

Vista de São Paulo: pesquisa simulou várias estratégias de mitigação para as ilhas de calor (Ricardo Correa/Veja São Paulo/VEJA)
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Da Redação

Publicado em 4 de janeiro de 2017 às 12h40.

A mudança climática global, com seu cortejo de eventos extremos, é um processo de tão vastas implicações que obscurece o fenômeno menor das chamadas “ilhas urbanas de calor”.

No entanto, esse fenômeno, que faz com que as cidades sejam em média mais quentes do que o seu entorno, não apenas contribui para o aquecimento do planeta como torna seus efeitos ainda mais sensíveis para os moradores das cidades, que constituem hoje mais da metade da população mundial.

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No Brasil, quase 85,7% da população já vivia em cidades em 2015, de acordo com indicadores do Banco Mundial.

Com o título “Energy saving by mitigating urban heat islands in cities”, um estudo sobre as ilhas urbanas de calor e sua mitigação foi apresentado pela pesquisadora Sahar Sodoudi, do Departamento de Ciências da Terra da Freie Universität, de Berlim, Alemanha, durante o 5º Diálogo Brasil-Alemanha de Ciência, Pesquisa e Inovação, realizado em 29 e 30 de novembro, na Câmara Municipal de São Paulo. Promovido pelo Centro Alemão de Ciência e Inovação – São Paulo (Deutsche Wissenschafts- und Innovationshaus – São Paulo – DWIH-SP), o encontro teve o apoio da Fapesp.

“As principais causas dessas ilhas de calor são a urbanização e suas consequentes mudanças no uso da terra. A remoção da vegetação, a pavimentação de avenidas e ruas e a construção de edifícios fazem com que extensas áreas fiquem com pouca ou nenhuma cobertura natural”, disse Sodoudi à Agência Fapesp.

“Os materiais utilizados, como o asfalto e o concreto, possuem alta capacidade de armazenar energia térmica, que é retida durante o dia e devolvida à atmosfera depois do pôr-do-sol. É essa energia, liberada pelas superfícies horizontais e verticais, que leva à formação das ilhas de calor.”

Além disso, sublinhou a pesquisadora, a impermeabilização do solo faz com que as águas sejam rapidamente enviadas para a rede de esgotos, reduzindo a evaporação, que poderia arrefecer a temperatura.

Pesquisa conduzida por ela e colaboradores em área densamente edificada do sexto distrito urbano da megacidade de Teerã, no Irã, revelou quase 97,4% de superfície impermeável e apenas pouco mais de 2,4% de superfície coberta por vegetação, arbórea ou rasteira.

“O aquecimento é ainda mais intensificado pela energia térmica de origem antrópica, liberada nas chaminés das fábricas e nos escapamentos dos veículos”, acrescentou.

A pesquisa simulou várias estratégias de mitigação para as ilhas de calor. A melhor opção foi proporcionada por um cenário híbrido, combinando o uso de materiais com elevado coeficiente de reflexão (high albedo material – HAM) na pavimentação das ruas e revestimento dos edifícios e o plantio de árvores frondosas no espaço entre os prédios.

“Nesse cenário, obtivemos uma redução média de aproximadamente 1,67 kelvin às 15 horas e de 1,10 kelvin às 3 horas. O máximo de resfriamento calculado foi de 4,20 kelvin na área arborizada entre os edifícios”, informou Sodoudi.

Outra variável considerada nas simulações foi a orientação espacial das avenidas e ruas. “No caso de Teerã, o alinhamento na direção Leste-Oeste mostrou-se mais eficiente do que o alinhamento na direção Norte-Sul”, afirmou a pesquisadora.

Essa matéria foi originalmente publicada na Agência Fapesp.

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