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Após 10 milhões de casos, vacina contra coronavírus ainda não é realidade

Principal aposta da OMS é a vacina desenvolvida em conjunto com a Universidade de Oxford, que deverá ser produzida no Brasil a partir de dezembro

A corrida pela vacina: 120 pesquisas em andamento (Javier Zayas Photography/Getty Images)
RL

Rodrigo Loureiro

Publicado em 28 de junho de 2020 às 06h30.

Última atualização em 28 de junho de 2020 às 08h47.

O coronavírus quebrou mais uma barreira numérica neste domingo (28) e atingiu o patamar de 10 milhões de casos confirmados da doença. A marca traz novamente uma pergunta: onde está a vacina ? E a resposta que todos querem ouvir dificilmente virá antes que a covid-19 infecte mais uma dezena de milhões de pessoas ao redor do mundo.

Ao todo são mais 200 vacinas que estão sendo desenvolvidas por empresas farmacêuticas em conjunto com universidades e centros de pesquisa de todo o planeta. Dessas, apenas 15 entraram na fase de testes clínicos e são consideradas potenciais candidatas para erradicar a transmissão de covid-19.

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AstraZeneca e a vacina de Oxford

Por ora, a maior aposta da Organização Mundial da Saúde (OMS) é uma vacina da empresa farmacêutica AstraZeneca desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford chamada de ChAdOx1 nCoV-19. Na sexta-feira (26), Soumya Swaminathan, um dos principais cientistas da OMS, declarou que esta é a vacina no estágio mais adiantado de desenvolvimento. Se ela realmente se mostrar eficaz, deverá ser produzida no Brasil , pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a partir de dezembro.

A expectativa da OMS é de que algumas centenas de milhões de doses da vacina possam ser produzidas ainda neste ano. Em 2021, dois bilhões de doses deverão ser fabricadas, segundo as projeções do órgão. A produção brasileira deve ser de 100 milhões de doses nos primeiros meses, prevê o acordo entre o Ministério da Saúde e a AstraZeneca.

Ainda não há informações concretas sobre a eficácia desta vacina e os primeiros resultados devem vir somente em setembro. Em experiências com suínos, a vacina provocou reações imunológicas eficientes após ser administrada em duas doses, criando os anticorpos necessários para o combate ao vírus.

Mesmo assim, governos do mundo inteiro estão apostando que a vacina produzida em parceria com a Universidade de Oxford possa ser a escolhida. Alemanha, França, Itália e Holanda assinaram um acordo com a AstraZeneca para fornecer à União Europeia 300 milhões de doses. O governo americano, por sua vez, injetou 1,2 bilhão de dólares para acelerar a produção da vacina.

Na terceira fase de avaliação, a vacina começou recentemente a ser testada no Brasil, o primeiro país fora do Reino Unido a realizar ensaios clínicos. Os testes estão sendo organizados em um estudo liderado pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pela Rede D’Or. Ela será testada com 2 mil voluntários em São Paulo e outros mil voluntários no Rio de Janeiro. A Fundação Lemman financia o projeto.

Sinovac e a vacina chinesa

Por se tornar um dos epicentros mundiais do coronavírus ao lado dos Estados Unidos, o Brasil se tornou um mercado favorável para os pesquisadores realizarem os testes das vacinas que estão sendo desenvolvidas. Além do antídoto da AstraZeneca, uma vacina produzida pela empresa chinesa Sinovac começou a ser testada no Brasil neste mês.

Também na fase 3, a vacina chinesa será administrava em 9 mil voluntários de São Paulo através de uma parceria do governo paulista com o laboratório chinês e o Instituto Butantan. Segundo a agência de notícias Bloomberg, mais de 90% das pessoas que receberam doses da vacina produziram anticorpos em um intervalo de 14 dias após a injeção.

Ainda há um longo caminho para que esta vacina seja de fato colocada à disposição da população. Os ensaios clínicos precisam ser validados por órgãos oficiais de saúde e é preciso apurar se há possíveis efeitos colaterais da dose. A previsão do governo paulista é de que, se tudo der certo, a vacina possa estar disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2021.

As demais candidatas

Em março deste ano, a empresa Moderna Pharmaceuticals afirmou ter entregue para órgãos de saúde do governo americana uma vacina que foi desenvolvida em 42 dias e poderia criar uma imunidade contra o coronavírus. O projeto, entretanto, carecia de testes clínicos necessários para que o antídoto realmente pudesse ser utilizado em larga escala.

Na França, a farmacêutica francesa Sanofi acertou um acordo de 2 bilhões de dólares com a Translate Bio para a produção de uma vacina contra a covid-19 com a expectativa de fornecer entre 90 milhões e 360 milhões de doses por ano. Se os testes clínicos forem bem-sucedidos, a vacina pode ter aprovação regulatória no segundo semestre do ano que vem.

A vacina Versamune-CoV-2FC é outra que será testada em território nacional. Ela é desenvolvida em uma parceria da empresa americana PDS com a farmacêutica brasileira Farmacore. Os testes terão recursos financiados pelo governo federal através do Ministério da Ciência e Tecnologia. Neste caso, os ensaios clínicos ainda estão na chamada fase 1.

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