Sons de Hans Zimmer chegam ao BMW
“É o fim da ditadura do motor de combustão”, disse o compositor por trás de Duna e Dunkirk; o BMW Iconic Sounds Effect tenta solucionar o silêncio do carro elétrico com sons que mudam conforme a velocidade
Laura Pancini
Publicado em 22 de janeiro de 2022 às 11h00.
E quando o carro é tão avançado que seu silêncio passa a incomodar? A montadora alemã BMW já está um passo à frente do desafio sonoro de seus automóveis elétricos com um projeto feito em parceria com Hans Zimmer, compositor alemão premiado pelo Grammy e conhecido pelo seu trabalho em filmes como Duna, Dunkirk, O Rei Leão e A Origem.
O BMW Iconic Sounds Electric busca preencher o vazio que o veículo elétrico traz com seu silêncio. Ao mesmo tempo, gera uma série de dúvidas sobre sua segurança (a música evolui conforme o carro acelera) e real necessidade – quantos motoristas irão optar por sons ao invés da playlist favorita no Spotify, por exemplo?
A novidade é descrita pela BMW como “paisagens sonoras”, uma composição de várias formas de geração de som: sejam elas naturais, mecânicas ou baseadas na própria voz humana de homens e mulheres. Para Zimmer, o Iconic Sounds Electric é o “ fim da ditadura do motor de combustão ”.
“Estamos tentando tornar sua vida menos caótica, mais bonita. Parte do que estamos tentando fazer é criar sons esteticamente agradáveis e calmantes, mas ao mesmo tempo destinados a incutir uma sensação de emoção típica do prazer de dirigir que a BMW oferece em seus veículos”, disse o compositor em coletiva de imprensa.
Inclusive, dois automóveis totalmente elétricos, o BMW i4 Gran Coupé e o BMW iX Sports Activity Vehicle, chegam ao Brasil em breve e terão duas modalidades exclusivas no Sounds Electric: Expressive e Relax. As experiências serão disponibilizadas na primeira e segunda metade do ano, respectivamente.
Três modos do Iconic Sounds Electric já estão disponíveis: Personal, Sports e Efficient. Os sons do primeiro são “elegantes e harmoniosos”, enquanto o Sport conta com uma “percepção acústica poderosa”.
O talento de Zimmer é perceptível na qualidade do som, mas a EXAME escutou uma parcela dos áudios – fora do carro, o que admitidamente tira um pouco da experiência – e teve dificuldade em perceber a diferença entre os dois sons, que mais lembram uma cena no deserto de Duna do que uma viagem de carro até o supermercado.
Já no ajuste Efficient, o som é inteiramente suprimido. “Há uma maneira de fazer um belo silêncio, onde você está mais consciente do ambiente ou mais consciente de si mesmo. Trata-se de refinar a experiência humana e a maneira como o carro reage a nós”, explica Zimmer.
Agora, os novos modos Expressive e Relax entram para o catálogo oferecendo experiências mais definidas. No Expressive, cores neon de alto contraste e padrões abstratos aparecem no display do carro, com novos sons surgindo de acordo com a velocidade.
O primeiro acorde é ouvido quando o veículo atinge 60 km/h, seguido de um segundo acorde quando o velocímetro chega a 120 km/h. A novidade gera uma certa preocupação sobre segurança, já que o motorista pode acelerar justamente pela influência da música. Porém, Renzo Vitale, Diretor Criativo de Som do BMW Group, garante que tudo foi pensado para garantir a segurança do motorista e dos pedestres em volta.
No modo Relax, os sons são mais harmoniosos e relaxantes a partir do momento em que o ajuste é selecionado. O som é acompanhado por gráficos inspirados em rios, lagos e beira mar, o que leva a um estilo de direção calmo e relaxado, mas também remete a sensação de estar na sala de espera de um spa.
Em coletiva de imprensa, tanto Vitale quanto Zimmer se mostraram bastante ambiciosos sobre o futuro do som. Músicas para cidades, sensações e ambientes diferentes, que mudam conforme o momento, podem vir nos próximos projetos Iconic Sounds Effect, mas não há nada definido no papel ainda.
Resta esperar para ver se a moda irá pegar e, quem sabe, ir além da BMW.