Viúva Negra: lições de carreira para dar a volta por cima como a Vingadora
Vingadora ou espiã? A heroína dos filmes da Marvel precisa lidar com problemas que muitos profissionais encontram na carreira
Luísa Granato
Publicado em 17 de julho de 2021 às 08h13.
O aguardado filme da heroína Viúva Negra estreou nos cinemas e na Disney+ nesse mês. E, além de revelar a história de origem da espiã Natasha Romanoff, o novo filme da Marvel ensina algumas lições para superar um dos pontos mais duros da carreira profissional: a busca por uma recolocação.
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Não tema: essa matéria vai evitar ao máximo dar spoilers para quem ainda não teve a chance de ver o longa. Mas, para dar um contexto, o filme se passa entre os acontecimentos do “Capitão América: Guerra Civil” e os dois últimos filmes dos Vingadores.
Assim, na história exclusiva para a Viúva Negra, os fãs acompanham um momento de limbo para a personagem. Ela está foragida e o famoso time de super-heróis, os Vingadores, se separou após a Guerra Civil.
No entanto, quando ela precisa lidar com uma nova ameaça que ressurge do seu passado como espiã, Natasha é cobrada constantemente como uma “vingadora”.
Conviver com rótulos é parte da vida corporativa – mas um lado bem sombrio dela, especialmente quando as pessoas precisam lidar com uma mudança no seu status.
Segundo a psicóloga Bela Fernandes, especialista em coaching executivo da consultoria Aylmer Desenvolvimento Humano, existe um ciclo vicioso no mundo do trabalho muito parecido com o da protagonista.
O mercado costuma se movimentar para fisgar talentos e acaba procurando por uma marca: passagens por empresas famosas, conquistas passadas, cargos e outras palavras-chave que servem como “marca”.
Quando um profissional se destaca em uma posição considerada de sucesso, como um cargo de alta liderança dentro de uma empresa de renome, ele acaba criando personagens para si associados a um cargo ou empresa. Não é uma farsa, mas a psicóloga avisa que há uma armadilha aí.
“É um erro dos dois lados. Ninguém é um rótulo e estamos o tempo todo em constante transformação. Um líder bom dentro de uma startup pode não continuar com o mesmo desempenho dentro de outro ambiente e para necessidades diferentes do negócio”, diz ela.
No filme Viúva Negra, Natasha é criticada ou vangloriada por sua associação com os Vingadores, porém esse título não serve de nada a ela quando precisa lidar com uma nova ameaça.
E esse é um sentimento muito comum entre profissionais que passam por uma demissão ou grande transição de carreira.
José Augusto Figueiredo, presidente no Brasil da Consultoria LHH, conta um dos conselhos que dá com certa frequência para executivos nessa posição: “O sucesso não nos pertence. Se você passa por uma empresa achando que você tem sucesso e não que seu sucesso está com outras pessoas, ao sair de lá fica com a sensação ruim quando as pessoas falam do seu passado”.
O sentimento de vazio após “perder” um cargo importante está relacionado com esse valor que é colocado em uma cadeira – um dos rótulos da vida profissional.
O especialista argumenta que o sucesso pertence aos outros; mais especificamente, às relações que um profissional consegue construir e a marca que deixa em sua equipe.
No filme, uma das grandes evoluções da personagem vem da resolução de alguns atritos e mágoas que deixou com pessoas em seu passado.
Assim, ela passa por uma jornada para ter um entendimento maior sobre sua contribuição para suas duas equipes: os Vingadores e sua família de espiões. Uma forma de fechar o arco da personagem para quem conhece como termina sua história no "Vingadores: Ultimato".
Para lidar com o sentimento na vida real, o presidente da LHH recomenda dois passos:
- Primeiro, reconhecer o sentimento de perda: “se você reconhece que está presente, sua curva de transição começa e você consegue dar os próximos passos”.
- Depois, buscar ajuda: “A pessoa sente que é uma vergonha pedir ajudar. A pessoa é tão super-heroína que é difícil pedir ajudar e até aceitar que precisa. Muita gente confunde poder financeiro, o capital acumulado, com estar resolvido em todos os sentidos. Mas então não consegue fazer uma entrevista ou encontrar uma oportunidade”.
O novo herói corporativo
Para Bela Fernandes, o grande herói em qualquer empresa hoje é um: o time. Da mesma forma que Figueiredo vê uma troca da mentalidade do sucesso individual para a de um sucesso dentro do conjunto, a psicóloga aponta para a ascensão do senso de inteligência coletiva dentro das organizações.
“A gente viu em outros filmes dos Vingadores que o que mais faltou foi a inteligência coletiva. A imagem do super-herói é daquele que se sacrifica sozinho, mas aí morre ele e morre todo mundo”, afirma ela.
Quando o heroísmo pertence ao time, ou as metas são compartilhadas, é muito mais fácil unir forças e conquistar objetivos mais rápido. Com a pandemia, essa foi a solução para manter a produtividade e motivação.
“A surpresa para as empresas com o trabalho remoto foi perceber que com menos controle as entregas eram boas. Tem uma mensagem aí sobre tirar a pressão, controle e medo. A fortaleza agora é saber se articular com os pares e criar um interesse pelo resultado comum”, afirma.
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