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"Essa história de MBA é um horror!"

A frase acima é de Vicky Bloch e foi endossada por boa parte dos membros da mesa-redonda. Trata-se de uma mudança importante sobre o que se tem pregado nos últimos anos. Detalhe: diante da afirmação de que os headhunters só olham para MBA, Assumpção, que dirige uma das maiores firmas de recrutamento de executivos do […]

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Da Redação

Publicado em 6 de dezembro de 2010 às 11h17.

 A frase acima é de Vicky Bloch e foi endossada por boa parte dos membros da mesa-redonda. Trata-se de uma mudança importante sobre o que se tem pregado nos últimos anos. Detalhe: diante da afirmação de que os headhunters só olham para MBA, Assumpção, que dirige uma das maiores firmas de recrutamento de executivos do país, respondeu enfático:</p> 

- Não mais!

Opa! Estamos diante de uma mudança importante. Às vezes, diz Assumpção, o excesso de informação e de formação é prejudicial, pois pode fazer o profissional se distanciar do mundo real e dos resultados. Que rufem os tambores para o recado de Assumpção: "Você pode ter inúmeros diplomas e ser uma tartaruga, ser um cara que não realiza, que vive no mundo acadêmico".

Quando as regras nas salas dos headhunters mudaram, ninguém sabe. Talvez desde que surgiram indícios de que MBA é apenas mais um diploma. Importante, mas inócuo nas mãos de quem não produz resultados, não tem talento interpessoal, não sabe o valor das equipes. Descobriu-se também que boas notas na escola não significam sucesso profissional. Assumpção lembra uma pesquisa feita com ex-alunos de uma tradicional universidade americana. Analisou-se o destino dos melhores e dos piores alunos de 20 anos atrás. A conclusão foi a seguinte: grande parte da turma do fundão estava bem posicionada na carreira. O inverso aconteceu com a turma do gargalo. "Aqueles que se sentam na frente aceitam o modelo previamente estabelecido, não criticam, entregam e acabou. A turma do fundão, no mínimo, tem de interagir para colar, negociar, inventar desculpas para a bagunça", diz Assumpção.

O que aconteceu, então, com a grande onda de valorização dos diplomas? Max Gehringer compara esse momento com o do menino que era o dono da bola. Ele era o titular do time o ano inteiro, mesmo não sabendo jogar. Os outros meninos entenderam a mensagem. Para entrar no jogo era preciso ser dono da bola. "O que dissemos para as gerações seguintes foi: tenha um diploma que você será titular do time", diz Max. O problema agora é que um monte de gente comprou bola. Só que não dá para todo mundo ser titular. "Às vezes, a gente corre o risco de ficar dizendo 'estude, faça MBA, aprenda inglês' quando, na verdade, é muito mais que isso", diz Max. "Você precisa ter um diferencial em relação aos outros." Caso contrário, não importa quanto conhecimento teórico acumular na vida, será, infelizmente, uma pessoa frustrada. Traduzindo: quando apenas um garoto tinha a bola (ou o diploma de MBA), seu peso no time era enorme. Hoje, quando todo mundo tem a chance de fazer MBA, só vai aparecer quem tiver um diferencial.

Ao procurar um curso - seja ele qual for -, tenha em mente a reflexão de Pochmann: "A educação deve ensinar maneiras de ser mais eficiente no trabalho, mas também deve ensinar para a vida". Não é o que os bancos escolares têm oferecido no Brasil. "A impressão que eu tenho é que a escola brasileira passa informação demais, mas não ensina a analisar essa informação, a relacionar uma com a outra", diz Pochmann. Segundo ele, nesse sentido, a educação é muito simplista - não nos prepara para a complexidade da vida.

Pochmann lembra que estamos vivendo uma época em que o trabalho não é tudo na vida. Há 100 anos, a expectativa média de vida do brasileiro era de 40 anos (hoje é de 68), a sociedade era agrária e a pessoa começava a trabalhar com 5 ou 6 anos de idade. Trabalhava até morrer. Não tinha aposentadoria e a jornada de trabalho era intensa. Hoje, o trabalho representa uma pequena parcela da nossa vida, cerca de um terço. Estude, portanto, maneiras de aproveitar os dois terços do tempo em que está fora do trabalho. Se for fazer MBA, não jogue fora a oportunidade de convivência com os colegas, de aprender com a diversidade de pensamentos, de expandir horizontes. Isso é aprender para a vida.

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 A frase acima é de Vicky Bloch e foi endossada por boa parte dos membros da mesa-redonda. Trata-se de uma mudança importante sobre o que se tem pregado nos últimos anos. Detalhe: diante da afirmação de que os headhunters só olham para MBA, Assumpção, que dirige uma das maiores firmas de recrutamento de executivos do país, respondeu enfático:</p> 

- Não mais!

Opa! Estamos diante de uma mudança importante. Às vezes, diz Assumpção, o excesso de informação e de formação é prejudicial, pois pode fazer o profissional se distanciar do mundo real e dos resultados. Que rufem os tambores para o recado de Assumpção: "Você pode ter inúmeros diplomas e ser uma tartaruga, ser um cara que não realiza, que vive no mundo acadêmico".

Quando as regras nas salas dos headhunters mudaram, ninguém sabe. Talvez desde que surgiram indícios de que MBA é apenas mais um diploma. Importante, mas inócuo nas mãos de quem não produz resultados, não tem talento interpessoal, não sabe o valor das equipes. Descobriu-se também que boas notas na escola não significam sucesso profissional. Assumpção lembra uma pesquisa feita com ex-alunos de uma tradicional universidade americana. Analisou-se o destino dos melhores e dos piores alunos de 20 anos atrás. A conclusão foi a seguinte: grande parte da turma do fundão estava bem posicionada na carreira. O inverso aconteceu com a turma do gargalo. "Aqueles que se sentam na frente aceitam o modelo previamente estabelecido, não criticam, entregam e acabou. A turma do fundão, no mínimo, tem de interagir para colar, negociar, inventar desculpas para a bagunça", diz Assumpção.

O que aconteceu, então, com a grande onda de valorização dos diplomas? Max Gehringer compara esse momento com o do menino que era o dono da bola. Ele era o titular do time o ano inteiro, mesmo não sabendo jogar. Os outros meninos entenderam a mensagem. Para entrar no jogo era preciso ser dono da bola. "O que dissemos para as gerações seguintes foi: tenha um diploma que você será titular do time", diz Max. O problema agora é que um monte de gente comprou bola. Só que não dá para todo mundo ser titular. "Às vezes, a gente corre o risco de ficar dizendo 'estude, faça MBA, aprenda inglês' quando, na verdade, é muito mais que isso", diz Max. "Você precisa ter um diferencial em relação aos outros." Caso contrário, não importa quanto conhecimento teórico acumular na vida, será, infelizmente, uma pessoa frustrada. Traduzindo: quando apenas um garoto tinha a bola (ou o diploma de MBA), seu peso no time era enorme. Hoje, quando todo mundo tem a chance de fazer MBA, só vai aparecer quem tiver um diferencial.

Ao procurar um curso - seja ele qual for -, tenha em mente a reflexão de Pochmann: "A educação deve ensinar maneiras de ser mais eficiente no trabalho, mas também deve ensinar para a vida". Não é o que os bancos escolares têm oferecido no Brasil. "A impressão que eu tenho é que a escola brasileira passa informação demais, mas não ensina a analisar essa informação, a relacionar uma com a outra", diz Pochmann. Segundo ele, nesse sentido, a educação é muito simplista - não nos prepara para a complexidade da vida.

Pochmann lembra que estamos vivendo uma época em que o trabalho não é tudo na vida. Há 100 anos, a expectativa média de vida do brasileiro era de 40 anos (hoje é de 68), a sociedade era agrária e a pessoa começava a trabalhar com 5 ou 6 anos de idade. Trabalhava até morrer. Não tinha aposentadoria e a jornada de trabalho era intensa. Hoje, o trabalho representa uma pequena parcela da nossa vida, cerca de um terço. Estude, portanto, maneiras de aproveitar os dois terços do tempo em que está fora do trabalho. Se for fazer MBA, não jogue fora a oportunidade de convivência com os colegas, de aprender com a diversidade de pensamentos, de expandir horizontes. Isso é aprender para a vida.

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