Fernando Lupi, de São Paulo: com três fundos de previdência, planeja parar de trabalhar aos 60 anos para poder descansar e viajar a cada seis meses (Claudio Rossi/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.
São Paulo - Morar na praia, mochilar pela Europa, ter uma temporada de autoconhecimento na Índia ou abrir uma pousada em um lugar paradisíaco. As opções sobre o que fazer na aposentadoria são infinitas, assim como os sonhos de quem investe para o futuro ou está prestes a sacar os recursos aplicados por uma vida inteira.
Quando decide aderir a um plano de previdência, a maioria das pessoas não tem certeza sobre o que pretende fazer com o dinheiro. Mas pensar nisso é fundamental para se organizar, pois há diferentes formas de saque que podem influenciar o seu plano de futuro.
Resgatar tudo, programar o saque, fixar uma renda vitalícia ou temporária e permitir que filhos e cônjugue recebam a grana caso algo aconteça com você no meio do caminho. Esses são os modelos existentes e nos quais você precisa prestar atenção antes de escolher. A seguir, você conhece três modos diferentes de lidar com essa decisão.
Duas superviagens por ano
Fernando Lupi, de 35 anos, de São Paulo, optou por receber sua grana aos poucos. O analista de sistemas, que tem três fundos de previdência — um em que ingressou quando tinha 22 anos e outros dois corporativos, da antiga empresa e da atual —, quer curtir a vida.
“O plano é parar de trabalhar aos 60 anos e a partir daí descansar e fazer uma grande viagem a cada seis meses”, diz. Fernando encara a previdência como forma de complementar a renda da aposentadoria pública e manter o mesmo padrão de vida que tem hoje.
Nos planos corporativos, sempre optou por aplicar o percentual máximo permitido pela empresa — no atual, administrado pelo Bradesco, deposita todo mês 500 reais. “O outro, da Fundação Cesp, está só rendendo, pois não fiz mais aportes”, diz.
O plano individual, da Porto Seguro, recebe bem menos: 80 reais mensais. “Eu contratei quando saí da faculdade e não tinha muita grana, mas a rentabilidade tem sido boa: 10,88% em 12 meses. Tenho uma lista de lugares que quero conhecer.”
Comer bem e viajar muito
O curitibano Felipe Xavier dos Santos, de 27 anos, residente em São Paulo, tem dois planos de previdência — um corporativo, do HSBC, em que é gerente de eventos, e outro contratado aos 24 anos, um PGBL com tabela regressiva do Banco do Brasil (BB). Felipe quer se aposentar aos 65 anos e sacar tudo de uma vez. “Eu mesmo vou administrar os recursos”, diz.
No plano do BB, Felipe faz aportes mensais de 124 reais. No corporativo, contribui com 3% do salário, valor complementado pela empresa, dependendo do tempo de casa e grau hierárquico.
Felipe, que já possui carro, apartamento em Curitiba e que pretende comprar um segundo imóvel como forma de investimento, também mantém outras aplicações, o que deve lhe garantir, com os planos de previdência, uma situação confortável. “Meu projeto de futuro é gastar o dinheiro com minha mulher e assegurar até lá meu padrão de vida conquistado: comer bem, morar bem e viajar muito, muito mesmo.”
Resgate total
Usar a grana para empreender é arriscado
Ricardo Marins, de 60 anos, carioca, agiu diferente e abriu o próprio negócio quando se aposentou. Em vez de receber aos poucos, ele fez o resgate total para investir em sua empresa, que presta serviços de consultoria para o mercado de petróleo e gás. Ricardo também investe em imóveis, ações e acaba de comprar um apartamento de frente para a praia.
“Eu estou aproveitando a vida como nunca pude. Ganho mais dinheiro do que antes e não penso em parar de trabalhar. Isso me mataria”, afirma.
Mas essa estratégia é arriscada, segundo especialistas. “Caso a empreitada empresarial não tivesse dado certo, Ricardo poderia ter perdido tudo”, diz o professor de finanças Samy Dana, da Fundação Getulio Vargas. “Isso aconteceria em um momento delicado da vida, no qual as possibilidades para recomeçar são muito mais escassas.”
O exemplo serve de alerta para quem ainda não sabe o que fazer com o resgate da aposentadoria. Antes de decidir, é importante simular o impacto do Imposto de Renda (IR) sobre o valor, que dependerá do tipo de plano contratado (PGBL ou VGBL).
No PGBL há incidência de IR sobre o valor total, enquanto no VGBL ele incide apenas sobre os rendimentos. E o percentual é influenciado também pelo tipo de tributação escolhida no contrato do plano, que não pode ser alterado depois.