Mulheres ocupam apenas 7,7% dos assentos em conselhos de administração das empresas brasileiras (Stock Exchange)
Camila Pati
Publicado em 18 de junho de 2013 às 11h12.
São Paulo - Todo profissional que chega ao cargo de gerente executivo sabe que está no caminho do alto escalão corporativo. Mas, apenas 14% dos brasileiros que assumem o cargo são mulheres. O resultado disso é que, entre as 250 maiores empresas do país, apenas 9 são chefiadas por elas.
Para tentar desvendar os motivos por que a carreira das mulheres não decola na mesma velocidade que a dos homens, a Bain & Company entrevistou 514 profissionais, sendo 42% gerentes sêniors ou executivos. A eles foi perguntado a que atribuem o fato de haver poucas executivas no topo da hierarquia das empresas. Confira os resultados da pesquisa inédita divulgada hoje durante o Women's Forum Brasil,em São Paulo.
1 Conflito de prioridades
Grande parte dos entrevistados (45%) acredita que há poucas mulheres em cargos de chefia por conta de um conflito de prioridades no que diz respeito a trabalho e família. Dentro deste grupo, 52% dos entrevistados são homens.
As pessoas que citam conflitos de prioridades listam como um dos principais fatores que barram a ascensão profissional das mulheres o fato de elas abrirem mão de parte da progressão na carreira para obter um estilo de vida mais balanceado (66%).
A combinação entre compromissos profissionais e familiares, o que atrapalharia a carreira das mulheres, foi citada por 55% dos entrevistados. Outros 55% também disseram que as mulheres dão prioridade à família em detrimento do trabalho, enquanto 45% disseram que as mulheres são mais preparadas para cuidar da família do que os homens.
2 Diferenças de estilo
Para 32% dos entrevistados, é a diferença o ‘x’ da questão. Com estilo de liderança distinto dos homens, as mulheres acabam ficando para trás, segundo os executivos que apontaram a diferença de estilo.
Entre os fatores relacionados ao jeito de chefiar uma equipe, 88% citaram que líderes homens estão mais propensos a indicar ou promover profissionais que tenham estilo semelhante ao seu. Para 70%, alguns chefes não valorizam as diferentes perspectivas que as mulheres trazem para as equipes.
E pouco mais da metade (57%) incluiu o fato de a mulher fazer menos marketing de suas experiências e habilidades do que seus colegas homens como aspecto a ser levado em conta na hora de explica a menor ascensão das mulheres.
O grupo dos executivos que atribuem a menor presença feminina nos cargos mais importantes à diferença de estilo é o que tem mais mulheres, 62%, entre os entrevistados.
3 Ambiente corporativo
Os entrevistados incluídos neste grupo, 23% de acordo com a pesquisa, são os que tendem a dar menos relevância às barreiras que impedem as mulheres de chegarem aos cargos mais altos. Segundo o levantamento, metade deles citou que líderes homens tendem a indicar ou promover profissionais que tenham estilo mais parecido com o seu.
Para 37%, algumas posições e setores são mais adequados para homens e 35% disseram que há menos mulheres com experiência e background necessários. A Bain & Company ressalta que grande parte das pessoas que segue esta linha de pensamento é jovem.
“Interessante notar que muitos desses entrevistados, quando solicitados a citar espontaneamente quais outras grandes barreiras existem para a progressão das mulheres, mencionam a palavra preconceito”, destaca o relatório da pesquisa.