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Mad skills: Veja como esses empresários conseguem se destacar no mercado por meio dos hobbies

Entre viajar, pescar, correr ou escalar montanhas, esses executivos encontraram uma maneira de levar os negócios de forma mais saudável e produtiva

Tatiana Pimenta, CEO da Vittude: Além de contribuir para minha saúde física e mental, a corrida também proporciona inúmeros benefícios que se traduzem em habilidades para o meu sucesso profissional, como disciplina e alcance de metas (Divulgação: Tatiana Pimenta)

Publicado em 21 de dezembro de 2023 às 14h11.

Já pensou se destacar no mercado de trabalho fazendo o que te dá prazer? Não se trata de atuar apenas na área que você ama, mas de se desenvolver nela por meio de outras atividades, como hobbies. É neste cenário que surgem as “Mad Skills”, segundo Tatiana Pimenta, fundadora e CEO da Vittude, empresa de desenvolvimento e gestão estratégica de programas de saúde mental para empresas.

“As mad skills são qualidades desenvolvidas por meio de hobbies, que podem ser adquiridas por meio da arte, do esporte, ou até mesmo de experiências significativas, como uma viagem impactante ou até uma doença.”

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Como exemplos, Pimenta traz a experiência de uma pessoa que faz parte de um grupo de teatro. “Provavelmente essa pessoa consegue desenvolver melhores habilidades de comunicação e oratória. Como fruto desta atividade de lazer, é possível que essa pessoa consiga realizar apresentações de alta qualidade.”

Outro exemplo pode ser a experiência de viver como expatriado em um país com uma cultura distinta da sua. “Enriquecido por essa aventura, o candidato provavelmente saberá pensar fora da caixa e assumir riscos,” diz Pimenta.

A habilidade que o mercado está de olho

Além das "hard skills" (habilidades profissionais frequentemente representadas em currículos através de certificados ou diplomas) e das "soft skills" (qualidades humanas como adaptabilidade ou empatia), a CEO afirma que as “mad skills” está chamando a atenção do RH atualmente, porque são qualidades que os ajudam a diferenciar candidatos e contratar aqueles que se destacam.

“Uma pesquisa publicada pelo Indeed em 2019 mostrou que 68% dos recrutadores dão atenção especial a ‘experiências pessoais e hobbies’ ao avaliar currículos. O interesse é tão grande que empresas como Capgemini e BMW têm substituído entrevistas tradicionais por jogos de escape ou corridas de carro,” diz Pimenta.

Uma outra pesquisa, realizada pela consultoria Robert Half, reforça que as habilidades ligadas aos hobbies e interesses pessoais dos candidatos podem, por exemplo, revelar um profissional com habilidades complementares. Segundo o levantamento, 66% dos recrutadores atribuem grande importância a essas habilidades ao avaliar candidatos, e 17% as consideram relevantes para a área de atuação do profissional.

“Entender a conexão existente entre nossos hobbies, paixões e o desenvolvimento de habilidades requeridas no universo corporativo pode ser o diferencial na busca pelo próximo emprego ou até mesmo para abrir o próprio negócio”, diz Pimenta, que reforça que por meio de três Mad Skills conseguiu vários destaques em sua carreira empreendedora.

Tatiana Pimenta, CEO da Vittude: a paixão pela leitura, pela escrita e pela corrida

A paixão pela leitura e o hábito de escrever diários, embora possam parecer atividades pessoais e introspectivas, ajudaram Pimenta a desenvolver habilidades essenciais para o sucesso no ambiente profissional.

“A leitura amplia o vocabulário e melhora a gramática, enquanto escrever diários me ajuda a articular pensamentos com clareza.”

Por outro lado, escrever diários regularmente ajuda a CEO da Vittude a melhorar habilidades de escrita, o que é benéfico para criar relatórios, e-mails, apresentações e outros documentos profissionais.

“Além de melhorar a escrita, escrever para mim é um exercício de autoconhecimento. Ao analisar e registrar eventos diários, emoções e pensamentos, consigo desenvolver um entendimento mais profundo de meus pontos fortes, fraquezas e motivações.”

O ano de 2012 havia sido devastador para Pimenta que estava atravessando um momento importante de tratamento para depressão, mesmo assim decidiu encerrá-lo de um modo que tivesse algum significado. Foi assim que decidiu participar da Corrida de São Silvestre.

“Foi a minha primeira prova de rua e uma das corridas mais emocionantes que já concluí. Uso os aprendizados daquela preparação e de tantas outras provas em várias situações, especialmente na jornada empreendedora.”

“Além de contribuir para minha saúde física, mental e bem-estar, a corrida também proporciona inúmeros benefícios que se traduzem em habilidades valiosas para o meu sucesso profissional, como disciplina e alcance de metas,” diz Pimenta.

Giordania Tavares, CEO da Rayflex: viajar é fazer conexões

Por meio das diversas viagens que Tavares realiza a passeio ou a trabalho - apenas em 2023 foram seis delas para outros países, além de outras em estados brasileiros - ela tem a oportunidade de conhecer pessoas, costumes e, especialmente, a economia do país e, com isso, criar estratégias de trabalho.

“Avalia os segmentos mais fortes de cada país, as empresas bem localizadas e seu impacto no meio em que atuam para incorporar ideias em planos futuros de seus negócios.”

Apesar da correria, a CEO da Rayflex não deixa de cuidar da saúde do corpo. Esses momentos de descontração servem também para aliviar os pensamentos e concentrar-se em assuntos diferentes dos rotineiros. "Apesar de treinar, de ir à praia aos fins de semana e de apostar agora no beach tennis, meu hobby favorito sempre foi viajar, seja dentro do Brasil ou para outros países. Para mim é uma oportunidade de fazer conexões e de conhecer o mundo.”

Vinicius Barreto, vice-presidente da 300 Educação: a resiliência do montanhismo

“O montanhismo é uma atividade que dá vontade de desistir várias vezes, mas a gente fala que vai chegar no topo, e com isso vai criando micro metas ao longo da montanha. Se for para desistir, eu vou desistir quando chegar nessa parte, e assim vai seguindo. E isso é muito similar ao empreendedorismo”, diz Barreto.

Para o executivo da 300 Educação, escalar montanhas é um exercício que vai moldando a mente para chegar ao seu objetivo, além disso, vê nesse e em outros esportes uma oportunidade de fazer networking.

“Durante o percurso, é muito comum encontrar outros grupos e acabar socializando e até mesmo se unindo a outros. Em uma viagem, conheci um dos montanhistas, e ele comentou que estava querendo investir e empreender em alguma franquia. Neste dia tive a oportunidade de oferecer a consultoria e fechar a venda de uma franquia de reforço escolar.”

Vinicius Barreto, da 300 Educação: O montanhismo é uma atividade que dá vontade de desistir várias vezes, mas a gente fala que vai chegar no topo, e com isso vai criando micro metas ao longo da montanha (Divulgação: Vinicius Barreto)

Fritz Paixão, CEO da CleanNew: reflexão durante a pesca

Apaixonado pela atividade desde criança, para Fritz Paixão a pescaria é um hobby que vai muito além de simplesmente fisgar o peixe. O CEO da CleanNew, rede brasileira de higienização e blindagem de estofados, acredita que os momentos de pesca impactam diretamente em todas as áreas de sua vida, já que durante a atividade sua concentração, persistência e paciência são testadas o tempo todo.

“A pescaria é a melhor forma de tratamento psicológico que posso ter. Além de aumentar minha concentração, é uma limpeza intelectual que eu faço, já que no momento que estou pescando não consigo pensar em mais nada. A atividade permite testar a paciência e persistência em buscar o resultado, que é pegar o peixe. Esse hobby me ajuda muito na concentração do dia a dia, porque me deixa mais centrado.”

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