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Epidemia de consultores

Eles são filhos da escassez de emprego e da estagnação da economia

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 09h34.

A globalização e as conquistas técnico-científicas das últimas duas décadas se por um lado geraram enormes benefícios à sociedade moderna, por outro criaram um exército de desempregados. No Brasil, eles são cerca de 12 milhões. Uma cifra nada desprezível, tratando-se de um país em desenvolvimento, portador de graves problemas sociais. A escassez de emprego, em virtude da modernização das indústrias e da estagnação da economia nacional, fez surgir e proliferar, além dos conhecidos ambulantes, sacoleiros e empregados de baixa remuneração, um novo tipo de profissional: o consultor.

Ele existe em grande número, é originário de diversos segmentos e funções mercadológicas e se diz especialista nos diferentes campos do conhecimento: saúde, lazer, finanças pessoais e corporativas e RH. Todavia, uma avaliação mais crítica revela, muitas vezes, seu despreparo para o exercício de uma atividade que exige apuro intelectual, competência técnica e profissional, domínio da engenharia da natureza humana e sólidos valores éticos (não apenas em palavras mas em ações concretas). Exige comprometimento com a melhoria substancial de seus clientes.

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Os prejuízos causados por esses "profissionais" não se restringem aos valores econômicos. As maiores perdas são de natureza moral, psicológica e espiritual e, quase sempre, irreversíveis. Converse com qualquer empresário ou executivo de carreira sério e logo ouvirá histórias assustadoras. Se o leitor deseja conhecer algumas dessas histórias, sugiro a leitura do livro The Witch Doctors, de John Micklethwait e Adrian Wooldridge.

A boa notícia: nem todos os consultores podem ser enquadrados nesse perfil. Há significativo número de profissionais que, demitidos, optaram por desenvolver nova carreira na área de consultoria e têm elevado nível. Certamente, o leitor me perguntará: como distinguir um do outro e, também, como contratar o melhor?

A resposta à primeira pergunta é simples: o pseudoconsultor quer vender porque precisa ampliar seu negócio -- ele está interessado apenas no dinheiro dos clientes. Mire-se na Arthur Andersen. Ela não tinha nenhum compromisso com seus clientes. Sua sinceridade assemelhava-se à das mulheres de vida fácil. Era falsa.

Quanto à resposta da segunda indagação, tenho algumas sugestões:

  • Nunca contrate um consultor por ser seu amigo ou simpático. O melhor consultor é aquele que diz o que você precisa ouvir.
  • Nunca contrate um consultor só porque ele está na moda.
  • Evite o consultor que tem resposta para todas suas indagações. Ele é, em geral, o pior de todos.
  • Antes de contratar um consultor, estude e leia o que puder sobre ele.
  • Por fim, escolha um consultor que tenha mérito próprio, experiência e discernimento para entender o negócio e os valores.
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