Em ritmo lento, paridade entre homens e mulheres na liderança pode demorar até 2053, diz estudo
Segundo pesquisa global da Grant Thornton, o número de mulheres em cargos de liderança continua avançando, mas de forma muito lenta - hoje elas ocupam 33,5% dos cargos de liderança sênior em empresas de médio porte
Repórter
Publicado em 6 de março de 2024 às 10h08.
Última atualização em 6 de março de 2024 às 15h38.
O número de mulheres em cargos de liderança continua avançando ano a ano, mas ainda de forma muito lenta.As mulheres ocupam hoje 33,5% dos cargos de liderança sênior em empresas de médio porte.Enquanto isso representa um salto significativo na comparação com 20 anos atrás, quando o número era de apenas 19,4%, o crescimento na comparação com o ano passado é mínimo: 1,1%, de acordo com a Grant Thornton. Esses são os dados do estudo Women in Business: Pathways to Parity, conduzido anualmente pela Grant Thornton, empresa global de consultoria, auditoria e tributos.
Em sua 20ª edição, o relatório destaca um alerta:sem um foco maior nessa questão de igualdade de gênero, no ritmo atual a paridade entre mulheres e homens em liderança sênior não será alcançada antes de 2053.
A pesquisa ouviu mais de 5 mil executivos e executivas sênior semestralmente, de companhias públicas ou privadas em todo o planeta, de médio e grande porte. As entrevistas foram realizadas entre outubro e novembro de 2023 em empresas de todos os setores da economia em 28 países. No Brasil, mais de 190 empresas fizeram parte do estudo.
América Latina como destaque na liderança feminina
O estudo global mostra que a América Latina é a região com a maior porcentagem de cargos de alta liderança ocupados por mulheres no mundo, com 36%. O estudo identifica uma tendência de ações por parte dos governos da região para incentivá-las no trabalho - com destaque para aprovação no Senado brasileiro da Reforma Trabalhista em 2023, que contém peças de promoção de equidade e remuneração justa - e a Lei de Equidade de Gênero na Argentina.
Da gerência para cargos de CEO
Por conta da baixa presença feminina em posições de gerências, o estudo também mostra que a possibilidade de uma mulher ocupar a alta liderança é mais difícil.
“Se uma CEO deixa o cargo por qualquer motivo, as chances de que uma mulher venha a substitui-la é pequena”, afirma Élica Martins, sócia de Auditoria da Grant Thornton.
A pesquisa, inclusive, mostra que essa situação pode se apresentar em breve, porque a queda na quantidade de CEOs mulheres foi acentuada nos últimos anos:no fim de 2022, 28% dessas posições eram ocupadas por mulheres. No ano passado, o número caiu para 19%.
Mesmo com um progresso lento e um cenário incerto, há razões para otimismo, segundo Martins.
“A conversa mudou nesses 20 anos. Há um maior empoderamento feminino para tomar decisões que apoiem suas próprias prioridades pessoais e de carreira. Isso inclui flexibilidade do modelo de trabalho e a aceitação de diferentes padrõese características de liderança que abrem espaço para mulheres atuarem como elas mesmas em seus papeis como líderes”.