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Deu a louca nas empresas

Conflitos éticos e desgastes entre chefes e subordinados mostram a vida como ela não deveria ser

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 09h32.

Depois de caminhar sobre pedras em brasa, 20 executivos do KFC, cadeia de restaurantes fast food, foram parar no hospital. A perigosa atividade fazia parte de um treinamento oferecido pela empresa. Para quê? Para reforçar o espírito de equipe. Pelo jeito, conseguiram...

Seis executivos do Barclays, um dos maiores bancos ingleses, resolveram comemorar o fechamento de um contrato. Saíram para jantar e gastaram nada menos que 63 000 dólares (?!). O restaurante cobrou apenas as despesas relativas às bebidas, porque o jantar em si, que custou cerca de 600 dólares, foi oferecido como "cortesia". Afinal, clientes assim não aparecem todo dia.

Jack Welch, ex-CEO da GE e um dos executivos mais brilhantes de que se tem notícia, teve um caso amoroso com a jornalista Suzy Wetlaufer. Detalhe: Welch é casado e Suzy o conheceu durante uma entrevista que estava fazendo para a Harvard Business Review, respeitada publicação americana sobre negócios.

Uma discussão acalorada sobre salário e, num ato de loucura, o nigeriano Salifu Ojo assassinou a chefe e preparou uma sopa com o corpo. Depois de passar mal, confessou tudo aos colegas, que imediatamente o entregaram à polícia.

Parece mentira, mas o que você acabou de ler aconteceu de fato. Isso é a vida como ela não deveria ser, sem nada de bom senso. Senão, como explicar a prova de fogo (ao pé da letra!) a que o KFC submeteu seus funcionários? "Será que uma empresa tem direito de exigir esse tipo de sacrifício deles?", questiona Jean Bartoli, professor de comportamento organizacional do MBA executivo do Ibmec. Por outro lado, se a corporação pegou pesado no treinamento, como pode alguém em sã consciência arriscar a própria pele em nome da companhia? "Fica parecendo que a empresa está querendo heróis e não profissionais", diz o professor Sigmar Malvezzi, da Fundação Getulio Vargas de São Paulo. Ele mesmo se lembra do caso de um executivo que saltou de uma altura de 20 metros (preso por um cabo) numa espécie de teste para conseguir uma promoção. "Isso é ridículo, porque não há nenhuma correlação entre performance profissional e esse tipo de atitude", completa Malvezzi.

Eles beberam um apartamento

A esbórnia etílica dos executivos do Barclays custou-lhes uma grande dor de cabeça: a perda do emprego. Felizmente, o bom senso, não o deles, o da empresa, falou mais alto nesse caso. Os executivos pagaram o tal jantar do próprio bolso, mas o banco entendeu que o gesto era um acinte, considerando que a instituição mandara 40 000 funcionários para o olho da rua recentemente. Há quem pense que a punição foi injusta, já que os executivos bancaram tudo. "Ok, mas acho que é uma questão de princípios. Eles perderam a noção do todo, a visão geral dos fatos e só se preocuparam com o momento", argumenta a consultora de RH Laís Passarelli, da Passarelli Consultores.

Eles chegaram às vias de fato

Misturar os lados pessoal e profissional foi o grande erro de Jack Welch, o ex-todo-poderoso da GE, e da jornalista Suzy Wetlaufer. Mais uma vez, bom senso zero! Welch, um senhor casado de 66 anos e um dos mais (pelo menos era) respeitados homens de negócios do mundo, cedeu aos encantos de Suzy durante uma entrevista. Na opinião do filósofo Abraham Chachamovits, esse é um caso típico de falta de equilíbrio entre as questões do corpo e as do espírito. "Faltou maturidade para controlar os impulsos", afirma. Justiça seja feita: Suzy até tentou contornar a situação. Ligou para a alta direção da empresa pedindo para que a matéria não fosse publicada por causa de sua proximidade com o entrevistado. Conseguiu, mas perdeu o respeito dos subordinados. Alguns se demitiram quando souberam que ela continuaria trabalhando na revista em novas funções. Alegaram que Suzy deu o alerta tarde demais.

Desgaste com um superior também foi o problema do nigeriano Salifu Ojo. Ele fez o que muita gente saudável tem vontade de fazer de vez em quando, mas que, para o bem da humanidade, não passa do campo das intenções: matar o(a) chefe. Depois de discutir a respeito de seu pagamento, ele perdeu a cabeça -- e ela, a vida. Ojo preparou uma sopa com algumas partes do corpo da moça. Já pensou se a moda pega?!

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