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Crise provocará mudança no perfil do profissional de saúde

Segundo a consultoria Falconi, atendimento ficará mais humanizado e as habilidades sociais serão valorizadas durante e após a pandemia

Médicos terão de reforças habilidades sociais, como a comunicação, durante a pandemia (Andreas Gebert/Reuters)

Médicos terão de reforças habilidades sociais, como a comunicação, durante a pandemia (Andreas Gebert/Reuters)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 28 de março de 2020 às 08h00.

Última atualização em 28 de março de 2020 às 09h31.

A perspectiva de um colapso do sistema de saúde, diante da escalada de casos do novo coronavírus, preocupa gestores de saúde em todo o mundo. Os desafios gerenciais e logísticos para atender a demanda esperada por atendimentos e leitos de UTI são enormes. Por esse motivo, a maioria das medidas emergenciais anunciadas até o momento giram em torno das estruturas físicas e da cadeia de suprimento dos hospitais.

Há um aspecto operacional, no entanto, que merece uma atenção especial: o lado humano. “Até agora, os profissionais de saúde estão aguentando bem, apesar de estarem sobrecarregados”, afirma o Dr. Luiz Carlos Nogueira, médico especialista em gestão de saúde e consultor sênior da consultoria Falconi. “ Mas é uma situação de muita pressão”.

À medida que a crise se aprofunde, os profissionais na linha de frente terão de adotar uma postura diferente para evitar situações de estresse na relação entre médico e paciente e diagnosticar com precisão os casos da covid-19. “O atendimento terá de ser mais humanizado e menos mecânico”, diz Nogueira. “A comunicação é muito importante”.

O diagnóstico do novo coronavírus, segundo Nogueira, exige dos profissionais de saúde maior cuidado na anamnese, como é chamada a entrevista inicial realizada pelo médico com o paciente. Os sintomas da doença são muito parecidos com enfermidades menos graves, como uma simples gripe. Fazer a triagem correta de quem deve ser testado para a covid-19, ou internado com urgência, depende de mais tempo de conversa, algo que é escasso em situações de crise.

Nesse cenário, médicos e enfermeiros precisarão usar habilidades sociais, como empatia, solidariedade e, principalmente, comunicação. “É a comunicação que vai ganhar o jogo”, afirma Nogueira. “O risco de pânico estará sempre presente”.

Gestores também terão de dar mais ênfase à capacidade de informar, não só os pacientes, mas também as próprias equipes médicas. Os processos dentro dos hospitais e os cuidados de proteção e higiene devem ser muito bem comunicados e reforçados, para evitar erros, que podem ser catastróficos.

Passada a crise, Nogueira acredita que essas habilidades sociais e de comunicação devem se manter valorizadas no mercado de saúde. “A humanização dos serviços de saúde é uma tendência que já vem de alguns anos”, afirma. “Pode ser um legado importante desses tempos difíceis”.

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