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Conheça 5 estratégias para uma liderança eficaz, segundo professor da Universidade de Michigan (EUA)

Em entrevista exclusiva à EXAME, o americano Dave Ulrich compartilha insights sobre estratégias de liderança, a evolução do papel de "Business Partner" e as previsões para o futuro do trabalho

Dave Ulrich, professor da Universidade de Michigan: “Penso que temos de encarar cada vez mais que valor do trabalho não está no que fazemos, mas sim no que alguém ganha por causa do que fazemos” (Dave Ulrich/Divulgação)

Dave Ulrich, professor da Universidade de Michigan: “Penso que temos de encarar cada vez mais que valor do trabalho não está no que fazemos, mas sim no que alguém ganha por causa do que fazemos” (Dave Ulrich/Divulgação)

Publicado em 3 de agosto de 2024 às 08h10.

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“As empresas que investem em liderança terão resultados melhores do que aquelas que não o fazem”, afirma Dave Ulrich, professor da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, autor, consultor e palestrante, reconhecido como um dos principais especialistas em recursos humanos e liderança organizacional.

Com Ph.D. em Administração de Empresas pela Universidade da Califórnia, em Los Angeles, Ulrich tem paixão por aprender e ensinar. Há mais de 40 anos exerce o trabalho como professor universitário. Atualmente, Ulrich é conhecido na universidade por seu trabalho com programas de treinamento executivo, onde foca em capacitar líderes empresariais de todo o mundo.

Foi Ulrich que introduziu o conceito de "Business Partner" em RH, que revolucionou a maneira como os departamentos de recursos humanos se envolvem com a liderança empresarial para desenvolver e gerenciar talentos. Seu livro "HR Champions", 1997, fala como os profissionais de RH podem agregar valor ao se tornarem parceiros estratégicos no negócio.

“A ideia do conceito 'Business Partner' não foi só minha, tirei de muitas pessoas. A ideia foi mostrar como o RH poderia ser mais estratégico. Na época era uma função, mas o termo já apresentou suas evoluções”.

Para Ulrich, seu propósito de vida está em aprender e criar valor para os outros. "O melhor ano da minha vida são sempre os próximos 12 meses", diz o professor ao reforçar sua constante busca por conhecimento e inovação.

Após 10 anos, o professor veterano da Universidade de Michigan chega ao Brasil para participar do evento "Flash Humanidades – O RH na era da inteligência híbrida", realizado no dia 25 de julho, em São Paulo, no Palário Tangará.

Em entrevista à EXAME, Dave Ulrich compartilha insights sobre estratégias de liderança, a evolução do papel de Business Partner e as previsões para o futuro do trabalho.

As 5 estratégias para uma liderança eficaz

Ulrich destaca que o primeiro passo para construir uma liderança eficaz é reconhecer seu impacto nos resultados do negócio. "As empresas que investem em liderança colhem benefícios financeiros, além de maior satisfação de clientes e investidores", afirma.

Estudos mostram que 70% das habilidades de liderança são comuns a diferentes contextos empresariais, independentemente do tamanho ou setor da empresa. Segundo estudos do professor americano, há cinco habilidades essenciais identificadas para uma liderança eficaz:

  • Estratégia, para onde vamos? - Os líderes precisam ter um senso de futuro. “Estratégia é a capacidade de aproveitar a incerteza hoje, porque não sabemos o que acontecerá com a tecnologia, com a política e com as práticas sociais”, diz o professor.
  • Execução, como chegamos lá? - Não é exatamente para onde vamos, mas é o que estamos fazendo acontecer, afirma Ulrich. “Execução é a capacidade de fazer a mudança acontecer, para construir responsabilidade, para entregar rapidamente. E agilidade faz parte da execução.”
  • Gestão de talentos, quem vai comigo e como faço para que eles sigam desenvolvendo capital humano? - O talento consiste em dar a cada um dos nossos funcionários um sentimento de esperança e confiança no seu futuro. "Funcionários estão muitas vezes deprimidos e ansiosos, precisamos dar um apoio para serem mais produtivos e engajados”.
  • Desenvolvimento de capital humano: Consiste em investir na próxima geração, para garantir que os líderes do futuro tenham competências adequadas ao seu tempo, afirma Ulrich.
  • Proficiência pessoal: “É cuidar de si mesmo fisicamente, emocionalmente, socialmente, espiritualmente, para então poder cuidar dos outros”, diz o professor da Universidade de Michigan.

A evolução do conceito Business Partner

Há cerca de 30 anos, surgiu o conceito de "Business Partner", uma função para conectar o RH com a liderança empresarial e desenvolver os funcionários. Hoje, essa função evoluiu para uma forma de pensar focada em criar valor para todas as partes interessadas – funcionários, executivos, clientes, investidores e comunidades.

O conceito, segundo o professor da Universidade de Michigan, apresentou muitos avanços, entre eles, ele destaca três processos:

  • Criar valor para todas as partes interessadas: O RH deve servir não apenas aos funcionários, mas também aos executivos, membros do conselho, clientes, investidores e comunidades. Cada parte interessada é vista como um ser humano que interage com a empresa, e o objetivo do RH é melhorar suas experiências e ajudar a alcançar seus objetivos. “Essa abordagem foca em um serviço de fora para dentro, priorizando o valor para as partes interessadas ao invés de focar apenas em programas internos”, diz o professor.
  • Talento que trabalhe bem em equipe: O RH deve garantir que a organização possua o talento certo que trabalha bem em equipe, afirma Ulrich. “A seleção alemã de futebol na Copa do Mundo de 2014 se destacou mais pela coesão da equipe do que apenas pelo talento individual. Assim, o RH deve promover tanto o talento quanto uma cultura de trabalho em equipe eficaz”.
  • Liderança moderna: É fundamental ter líderes em todos os níveis que promovam a colaboração eficaz entre pessoas e equipes. “Mais do que nunca os profissionais de RH precisam utilizar dados, tecnologia e sistemas que permitam a execução eficiente de suas funções, melhorando continuamente suas práticas e impactando positivamente a organização”, diz o professor da Universidade de Michigan.

O futuro do trabalho chegou!

O futuro do trabalho ainda possui os seus segredos, mais uma tendência, segundo Ulrich, é certa: a liderança no RH precisa ser moderna e desenvolver habilidades suaves, além das técnicas.

“Habilidades suaves, ou interpessoais, são mais difíceis de adquirir e implementar, como gerenciamento de incertezas e mudanças, inspirar e dar esperança às pessoas no presente e investir na próxima geração”, afirma Ulrich.

Por outro lado, a inteligência artificial veio para mostrar a necessidade do ser humano em se atualizar de forma técnica também. Assim como a internet, trata-se de uma ferramenta que poderá ser uma ameaça ou um auxílio, tudo dependerá da forma como o profissional irá encará-la. Ulrich reforça um ponto que pode trazer mais tranquilidade para o mercado. Para ele, a IA é uma ferramenta que resume o passado, mas não cria o futuro.

“Minha previsão é que teremos que encontrar certeza e incerteza. Não poderíamos ter previsto a crise na Ucrânia e de Israel e não poderíamos prever a rapidez com que a IA é a tecnologia implementada mais rapidamente na história do mundo”, diz Ulrich. “Penso que temos de encarar cada vez mais que valor do trabalho não está no que fazemos, mas sim no que alguém ganha por causa do que fazemos, ou seja, será preciso focar no impacto que as atividades terão no próximo”.

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