Horário flexível: “As empresas reconhecem que é um ser humano que está trabalhando ali" (Hero Images/Getty Images)
Luísa Granato
Publicado em 17 de janeiro de 2019 às 06h00.
Última atualização em 17 de janeiro de 2019 às 06h00.
São Paulo - Está aberta a janela de oportunidade para conseguir melhorar o seu pacote de benefícios no trabalho. De acordo com Breno Paquelet, especialista em negociação formado na Harvard Business School, o começo do ano é o momento ideal para negociar.
“As empresas pensam em períodos fechados, passado um ano inteiro dá tempo para demonstrar com clareza seus resultados e apresentá-los de forma objetiva e concreta”, explica ele.
Benefícios têm um valor diferente dentro da empresa do que um aumento de salário, que pode necessitar uma aprovação envolvendo agentes superiores ao seu gestor imediato.
Além disso, questões como um dia da semana trabalhando em casa ou um horário mais flexível podem ter um grande impacto na vida do funcionário, enquanto possuem um peso irrelevante para a empresa.
Foi o que aconteceu com o especialista quando estava fazendo seu MBA e o trabalho exigia que os funcionários entrassem pontualmente às 7h15 da manhã. A rigorosidade com o horário parecia algo impossível de mudar, mas ele resolveu fazer o pedido e testar suas chances.
“A questão estava sobrecarregando minha vida e prejudicando minha qualidade de vida. Coloquei a proposta e consegui acertar com a empresa para chegar mais tarde duas vezes por semana. Ninguém discutia isso, o horário era quase religioso, mas eu consegui a mudança e ela atendeu aos meus objetivos. Era algo que me prejudicava e poderia justificar minha saída da empresa. E para eles fazia pouca diferença”, conta ele.
Com o resultado do seu trabalho e buscando chegar a um acordo com o chefe, o especialista recomenda que o profissional se prepare e alinhe seus interesses pessoais com o interesse da empresa.
“As empresas reconhecem que é um ser humano trabalhando ali, quando for conversar, é possível falar além de combinações de benefícios e mostrar em linhas gerais com o que se preocupa”, fala ele.
Segundo Paquelet, esse pode ser o momento para demonstrar seus interesses de carreira e comprometimento com o trabalho da empresa. Como demonstrar ao gestor que está disponível para uma mudança de cidade, pegar projetos diferentes e novos desafios. Ou que prefere focar agora na família e estudos, equilibrando melhor seu tempo no trabalho e em casa.
Para começar a conversa, ele recomenda não apresentar um pedido primeiro, mas provar o valor de seu trabalho e colocar sua necessidade ou problema. Com o contexto geral fundamentado, entrar na questão que gostaria e abrir para o gestor oferecer uma solução.
“Além de não impor como acha que deve ser, as pessoas gostam de fazer parte da solução”, diz ele.
Depois, você pode fazer uma contraproposta ou apresentar a sua sugestão. Paquelet aconselha que a pessoa procure casos de sucesso, dentro da equipe ou em outras empresas, onde o benefício que deseja foi dado e teve resultados positivos para usar como referência e argumento.
No caso de uma negativa, é essencial buscar entender a razão por trás da rejeição e abrir caminho para um conversa no futuro.
“Tente entender como esse processo de decisão acontece na sua empresa, se outras pessoas já tentaram e o que aconteceu nesses casos. A diferença entre conseguir um 'sim' ou um 'não' é muito sutil”, conta Paquelet.
Para ele, a negociação de benefícios é uma saída ótima para superar impasses, especialmente quando o pedido original era por um aumento. Chegando a um ponto que o chefe não pode ceder, acrescentar outra variável pode satisfazer os dois lados.
“Um impasse gera tensão, mas seu gestor também gostaria que você saísse satisfeito. Poder atingir seus objetivos de outras maneira vai trazer um alívio para a situação. Benefícios são uma boa fonte de criação de valor”, diz.