Administrador de SPA - A vida é boa
Passar uns dias num spa é o sonho dourado de muita gente. Sinônimo de relaxamento, dieta equilibrada, ar puro e exercícios, seria o último lugar onde alguém poderia se sentir estressado. Certo? Nem sempre. O curitibano Dieter Brephol, de 53 anos, que o diga. Ele poderia perfeitamente se considerar um desses felizardos que têm a […]
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 09h34.
Passar uns dias num spa é o sonho dourado de muita gente. Sinônimo de relaxamento, dieta equilibrada, ar puro e exercícios, seria o último lugar onde alguém poderia se sentir estressado. Certo? Nem sempre. O curitibano Dieter Brephol, de 53 anos, que o diga. Ele poderia perfeitamente se considerar um desses felizardos que têm a sorte de freqüentar regularmente um lugar onde relaxar é palavra de ordem. Brephol passa três dias da semana num spa e uma vez por mês estica sua estada até o domingo. O recanto em questão é o Lar Lapeano de Saúde, uma área verde de 550 hectares. Mais conhecido como Lapinha, está encravado nas planícies de Lapa, uma pequena e histórica cidade do Paraná, distante 70 quilômetros de Curitiba.
Acontece que Brephol é o dono do negócio. Ok, ele trabalha num paraíso - mas gasta três horas para ir e vir. Para chegar lá, percorre uma estrada cheia de buracos e de caminhões que trafegam em alta velocidade. Em geral, ele faz esse caminho sem tirar o pé do acelerador para não atrasar os compromissos. Quando chega ao Lapinha, tem pelo menos três horas de reunião à sua espera. Primeiro com os médicos da clínica e depois com o comitê executivo. Logo após o almoço, retoma a bateria de encontros com o pessoal da área de finanças, de recursos humanos, com os fisioterapeutas, nutricionistas e com a equipe encarregada da horta orgânica.
Além de tocar o negócio que herdou da avó, Brephol também dá aulas sobre liderança para alunos do Centro Pastoral e Missão de Curitiba, instituição ligada à igreja luterana. Mês sim, mês não, durante uma semana, e sempre à noite, ele assume o papel de professor. Brephol também divide com a mulher, a psicóloga Margareth, as tarefas da casa, como fazer supermercado, providenciar pequenos consertos, cuidar do jardim e ajudar a mais nova das três filhas, Gabriela, de 8 anos, a fazer a lição de casa diária. Os momentos mais tensos de sua rotina são, como os de qualquer outro líder, os de conflitos na equipe, acerto de rotas e decisões para a empresa. "Recentemente, diante da decisão de optar por novos negócios que exigiam investimentos maiores, me flagrei com uma crise de sinusite fortíssima", conta Brephol. A diferença entre o dono do spa e outros empresários é como ele encara o estresse. "Estresse por si só não é ruim. A descarga de adrenalina é até positiva, porque nos faz ficar alertas, nos prepara para agir", diz. "O perigo é a exposição ao estresse prolongado." Para ele, a grande questão não é eliminar situações estressantes, mas dar um jeito de administrá-las sem comprometer a resistência física e o equilíbrio emocional.
Administração para a vida
Para manter a saúde em dia e o estresse sob controle, Brephol adotou as dietas do Lapinha, principalmente a de desintoxicação, à base de pães integrais, queijo branco e vegetais, que faz uma vez por ano. Fora isso e algumas massagens ocasionais, todo o conhecimento de como administrar a tensão vem da observação de seu próprio ritmo. "Defino as tarefas mais importantes, não necessariamente as mais urgentes", diz. "É preciso ter clareza das prioridades e cumpri-las. Isso é o que garante a satisfação no final do dia, não o fato de ter a agenda lotada de atividades." Brephol também reserva 30 minutos pela manhã para meditação, faz questão de tomar café com a família e almoçar com tranqüilidade. "Jamais marco almoço de negócios. Posso até estar com os colegas, mas a intenção é estreitar os laços e nunca falar de trabalho", diz. Sempre que a barra fica pesada demais, na vida pessoal ou profissional, ele recorre ainda a uma sessão de aconselhamento.
Brephol, um dono de spa que admite ser vítima do estresse, acredita que a principal arma para lidar com ele está em viver de acordo com princípios éticos. "As chances de desgaste são menores quando você é transparente", diz. "Os momentos de conflito vão existir sempre. Não se pode ter medo de encará-los. O homem das cavernas tinha duas opções diante do perigo: correr ou enfrentar. Nas duas situações ele liberava energia. Hoje você também tem de aprender a liberar energia. É uma saída para o estresse." Fazendo jus ao negócio que comanda, Brephol, adepto das caminhadas e do trabalho voluntário, dá a dica: "A equação sono sagrado e alimentação adequada mais atividade física permanente e um check-up anual já ajuda - e muito".