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Tecnologia permite monitorar estresse e saúde de quem está em home office

Biometria e inteligência artificial garantem que empresas monitorem melhor funcionários, mas atenção à infração da LGPD é necessária

Home office: num ambiente de incerteza, a saúde mental também tem ganhado relevância nas políticas das empresa (Yapanda/Getty Images)

Home office: num ambiente de incerteza, a saúde mental também tem ganhado relevância nas políticas das empresa (Yapanda/Getty Images)

Victor Sena

Victor Sena

Publicado em 18 de dezembro de 2020 às 15h56.

Última atualização em 18 de dezembro de 2020 às 16h00.

Devido à pandemia do coronavírus, o home office ganhou força em 2020 e novos desafios foram apresentados às empresas: como garantir engajamento? Como integrar novos funcionários? E como acompanhar a produtividade e a saúde dos trabalhadores.

Num ambiente de incerteza, a saúde mental também tem ganhado relevância nas políticas das empresas. Com isso, o acompanhamento dos funcionários é um ponto chave. Grandes empresas como Heineken e Ambev fortaleceram seus programas de apoio à saúde mental.

Essa atenção maior têm um forte desafio quando são considerados o trabalho à distância.

A empresa Unike está se preparando para lançar uma solução para companhias acompanharem o estado de saúde dos funcionários à distância. A Unike oferece soluções de biometria que facilitam processos de compra, acesso e identificação de identidades, eliminando o chamado “atrito”.

A tecnologia que monitora a saúde é baseada na fotopletismografia, técnica utilizada na medicina que consegue verificar por imagem as condições do paciente.

Com um simples vídeo de dois minutos, é possível verificar batimentos cardíacos, ritmo das respirações e até o humor. Pressão arterial e nível de álcool também fazem parte da lista.

Entre os benefícios para as empresas estão a economia com custos na saúde, a capacidade de antecipar futuros problemas e o conhecimento sobre o estado de humor dos funcionários, de acordo com o CEO da Unike, André Baretto.

A empresa poderá definir quantas vezes por dia o funcionário acessaria o aplicativo e o nível de estresse que é considerado aceitável para determinada função.

Apesar de à primeira vista a tecnologia ser vista como um avanço para o monitoramento da saúde física e mental dos funcionários, sua utilização pode esbarrar em questionamentos sobre invasão de privacidade e a Lei Geral de Proteção de Dados, que entrou em vigor recentemente.

De acordo com André Baretto, as soluções para home office que a Unike oferece às empresas estão dentro da LGPD, e a utilização dessas tecnologias não podem ser obrigatórias. 

Se o funcionário não concordar, o máximo que a empresa poderia fazer é pedir que ele não faça o home office. É preciso haver consentimento.

Para evitar problemas que infringem a LGPB, o chefe de Compliance da Wavy Global, Júlio Almeida, defende que a utilização desse tipo de tecnologia não faça armazenamento dos vídeos, categorize os dados como anônimos e esclareça para o funcionário qual é a finalidade daquela coleta.

Como essas informações de saúde entram na categoria de dados sensíveis, há espaço para possíveis questionamentos judiciais.

Monitoramento para manter sigilo

A Unike também desenvolveu um monitoramento de atividades de home office próprio para empresas que têm funcionários trabalhando com dados sigilosos, como call centers.

A opção oferecida pela Unike Work impede que os funcionários copiem e fotografem dados dos clientes das empresas quando estão fazendo o atendimento de casa. 

O software mantém-se com a câmera ligada enquanto o funcionário trabalha e trava o sistema se perceber que ele pegou um celular ou uma caneta.

“Esses funcionários de call center, seguradoras e bancos transacionam muita informação sigilosa. Quando ele trabalha dentro do escritório, ele está  num  lugar onde a empresa consegue garantir que a pessoa não está copiando a informação. Ela tem alguns controles. Como você faz home office com isso?”, questiona o CEO da Unike.

O desafio para esse tipo de serviço é migrar de uma forma segura para o trabalho remoto. Para isso, tem que garantir três coisas: que a pessoa é realmente ela, que está sozinha e que não está copiando informação. Tudo isso é possível com softwares que utilizam inteligência artificial e machine learning.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 10% da massa trabalhadora se mantém trabalhando à distância. Um número de 7,8 milhões de trabalhadores no Brasil. Na última edição da EXAME, a tendência do anywhere office aparece como uma das promessas para 2021.

Entre os benefícios de colocar funcionários de home office, estão menos custos com vale-refeição e transporte. Independentemente da área, o desafio permanece: o home office não tem só alegrias. 

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