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Gente & Gestão: a pior parte de ser CEO

Na coluna deste mês, Carlos Guilherme Nosé conta qual a coisa mais chata na sua posição. Uma dica: não é o pouco tempo com a família nem a alta carga de horas dedicadas

Me perguntaram: “Gui, qual a pior parte de ser CEO?”  (imtmphoto/Getty Images)

Me perguntaram: “Gui, qual a pior parte de ser CEO?”  (imtmphoto/Getty Images)

Carlos Guilherme Nosé
Carlos Guilherme Nosé

CEO e sócio da FESA Group - Colunista Bússola

Publicado em 25 de abril de 2024 às 09h00.

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Esses dias fiz minhas usuais conversas com todo nosso time. Faz parte da nossa cultura essas conversas francas, literalmente sem crachá e não necessariamente sobre nosso negócio. Falo sobre como é torcer para o Corinthians numa fase difícil como essa, sobre como educo meus filhos, meus hobbies, minha história e por aí vai. 

As perguntas são desafiadoras e criativas, mas uma delas me fez refletir muito na hora e por alguns dias seguintes, pois as variações e complementariedades da resposta iam pipocando na minha mente. 

A pergunta foi: Gui, qual a pior parte de ser CEO?” 

Na hora e como reação imediata, foi dizer que era a alta carga de horas dedicadas, ver menos a família e que também era uma ilusão achar que o CEO manda em tudo. Brinquei com o time dizendo que nem tudo era do jeito que eu queria, que o CEO tem que envolver o time, dar espaço para as áreas tocarem suas atividades com certa liberdade e etc. 

E como antecipei, dias depois eu dirigindo e pensando no tema ainda me veio outra parte muito chata de ser CEO: as pessoas mentem mais para você. 

Sei lá por que, talvez o medo natural de falar com o CEO, medo de assumir suas decisões ou falhas. Enfim, e isso me intriga. 

A vida é tão mais fácil quando somos diretos e transparentes, mas as pessoas insistem em mentir, inventar ou criar situações nebulosas para se protegerem, e tudo fica mais complicado. Gasta-se tanto tempo em primeiro descobrir qual a é a real situação, para depois sim, tratar da solução. 

Fui atrás de alguns números que pudessem me ajudar a entender isso. Há quem diga que a presença da mentira obedece ao princípio de Pareto (também conhecido como regra dos 80/20): 20% das pessoas contam 80% das lorotas e os 80% restantes falam os outros 20%. Você como líder, está em qual parte dessa regra de Pareto? E como liderado? 

Não contente, fui buscar mais informações sobre o tema e descobri que a Universidade de Notre Dame realizou uma pesquisa em 2022, por 10 semanas consecutivas, onde analisou o impacto da diminuição de mentiras nas pessoas. Foi notório a TODOS os participantes uma melhora na tensão, menos dores de cabeça e menos dores de garganta. Conclusão: mentir faz mal a sua saúde

Tenho um grande amigo CEO que dizia que quando entrevistava alguém, no final da conversa ele dizia: “Você é mentiroso?” Óbvio que o candidato respondia um alto e sonoro “NÃO”! E ele completava: “OK, mas se você for, eu vou descobrir e mentiroso aqui não funciona. Então nós dois perderemos tempo”. 

Por mais pessoas diretas e honestas assim. O mundo precisa disso, principalmente, o mundo corporativo. 

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