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Ziller diz que comando da Anatel é vontade do Presidente

O discurso de posse do novo presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Pedro Jaime Ziller, tentou acalmar o mercado - apreensivo com a mudança no comando da agência reguladora. Ziller assumiu a posição por indicação do presidente da República - que afastou Luiz Guilherme Schymura do posto de presidente nesta quarta-feira (7/1). Depois do […]

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Da Redação

Publicado em 15 de fevereiro de 2013 às 16h47.

O discurso de posse do novo presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Pedro Jaime Ziller, tentou acalmar o mercado - apreensivo com a mudança no comando da agência reguladora. Ziller assumiu a posição por indicação do presidente da República - que afastou Luiz Guilherme Schymura do posto de presidente nesta quarta-feira (7/1). Depois do afastamento, Schymura renunciou ao cargo de Conselheiro da Anatel. O novo presidente da agência discursou sobre o marco regulatório do setor e que o "o governo Lula respeita a Constituição, leis, decretos e contratos".

Ziller disse ainda que acredita que sua nomeação não irá causar instabilidade no mercado de telecomunicações. Seu mandato será de um ano como presidente e de cinco anos como conselheiro da Anatel. Para ele, o prazo de um ano deixa claro que a presidência da Anatel "é um ato de vontade do Presidente da República que pode ser renovado".

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De fato, os representantes das principais empresas do setor, presentes na posse de Ziller, aceitaram com tranqüilidade a troca de nomes. Entretanto, o marco regulatório não é exclusivo do setor de telecomunicações. Prova disso é que durante todo o ano de 2003 o governo Lula lutou contra a imagem de instabilidade e de falta de clareza de regras para conseguir o que conseguiu: a confiança de todas as áreas do mercado interno e externo. "O princípio básico das agências é ser um instrumnento de Estado, não de governo", afirma o deputado federal Alberto Goldman (PSDB-SP). "Com essa medida, o governo transforma a agência numa simples autarquia."

Mesmo que o decreto que nomeou Ziller seja um recurso válido e que seu nome seja aprovado pelos empresários do setor, ele ignora pelo menos duas leis, sem falar na independência política inata de uma agência reguladora. A primeira é a Lei Geral de Telecomunicações e a Lei 9986/00, que regula a contratação e demissão de integrantes das agências reguladoras. Pela Lei Geral - que criou a Anatel - o "presidente do Conselho Diretor será nomeado pelo presidente da República entre seus integrantes, investido na função por três anos, ou pelo que restar de seu mandato de conselheiro, quando inferior a esse prazo, vedada a recondução". Pela lei das agências, o mandato do presidente das agências é fixado no ato de nomeação. Schymura foi nomeado pelo decreto de 30 de abril de 2002 que determinava o cumprimento do prazo do mandato de seu antecessor, Renato Guerreiro, que se encerraria somente em 4 de novembro de 2005.

Além disso, ficou evidente que a decisão pelo afastamento de Schymura tem forte teor político - e é justamente desse tipo de interferência que as leis tentam proteger a agência. O episódio do reajuste das tarifas telefônicas, no início deste ano, colocou em lados opostos o ministro das Comunicações e o presidente da Anatel. Schymura, não acatou a determinação de Miro e levou a questão do reajuste à Justiça. É bom lembrar que Schymura teve apoio de uma parte significativa do governo, inclusive do ministro da Fazenda, Antonio Palocci.

A partir daí, ministério e agência passaram a se estranhar. Em dezembro, vagou uma cadeira no conselho da agência (o mandato de Luiz Tito Cerasoli chegou ao fim). Miro indicou Ziller, seu secretário, sabatinado e aprovado pelo Senado no dia 10 de dezembro. A troca de comando da Anatel, portanto, é uma vitória política de Miro - e um passo para trás na credibilidade do governo Lula. "Ao fragilizar o marco regulatório, o governo acaba inviabilizando futuros investimentos", afirma Goldman.

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