Vale-botijão e incentivo para indústria naval: entenda o pacote de medidas para o setor de gás
Objetivo é reduzir os preços, diz Ministério de Minas e Energia
Redação Exame
Publicado em 27 de agosto de 2024 às 06h42.
Última atualização em 27 de agosto de 2024 às 06h44.
Em busca de solução para o preço do gás natural no Brasil, um problema apontado como crônico por diferentes governos e pela indústria, a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva lançou ontem uma série de medidas.
As ações impactam diretamente atividades que vão dos campos de exploração até a venda direta do produto. Além disso, o Executivo decidiu ampliar e reformular o programa de “vale-gás”, voltado para subsidiar o GLP para famílias de baixa renda, a partir do ano que vem.
Veja as principais ações anunciadas pelo governo
ANP terá mais poderes sobre o setor de gás
Um decreto assinado por Lula amplia os poderes da Agência Nacional de Petróleo (ANP) sobre o setor de gás. O órgão poderá, por exemplo, o aumento da produção e redução da reinjeção de gás em campos. Também irá regular do escoamento e tratamento de gás.
PPSA será usada na venda direta de produtos
A estatal PPSA (que vende em leilão o óleo e o gás que cabem ao governo em contratos de partilha do pré-sal) poderá contratar escoamento e processamento de gás e comercializar diretamente gás natural, GLP e derivados. Na prática, poderá concorrer com a Petrobras.
Programa de ‘vale-gás’ será ampliado e reformulado
O vale-gás bimestral pago a 5,6 milhões de famílias junto com o Bolsa Família hoje será substituído pela entrega direta do GLP em distribuidoras credenciadas. O programa chegará a 20 milhões de famílias em 2026, ano eleitoral, quando ocusto chegará a R$ 13,6 bilhões.
Medida provisória cria incentivos para indústria naval
A MP que cria incentivos para a indústria naval permite a depreciação acelerada de navios-tanques. Com isso, equipamentos mais velhos são deduzidos do imposto de renda para compra de novos. O governo estima a construção de mais de 15 navios para cabotagem de petróleo e derivados.
Criação de plano de transição energética
O governo ainda lançou a Política Nacional de Transição Energética, que deve funcionar em articulação com outras iniciativas. A expectativa é que o país receba R$ 2 trilhões em investimentos neste setor, em dez anos, de acordo.
Gás para Todos
Com a reformução do vale-gás dentro das medidas anunciadas pelo governo, esse auxílio passará a se chamar Gás para Todos e deixará de ser um valor depositado bimestralmente na conta dos beneficiários do Bolsa Famíla. Agora, as famílias poderão retirar o gás em distribuidoras credenciadas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Lula e o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira assinaram um projeto de lei que aumenta recursos para o programa, que pode chegar a R$ 13,6 bilhões em 2026.
Silveira, explicou durante o anúncio das medidas, que o governo federal vai oferecer botijões de gás a mais de 20 milhões de famílias até o fim de 2025. Essa transição de formato está programada para acontecer gradativamente e terminar em dezembro do ano que vem.
Enquanto falava sobre as mudanças na segunda-feira, 26, Silveira disse muitas famílias não estavam usando o valor para comprar o botijão.
Atualmente, o vale-gás, no valor de R$ 102, é distribuído para 5,64 milhões de famílias, ao custo, segundo o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), de R$ 575,59 milhões por bimestre. A ANP também vai definir o preço-teto que o botijão será vendido dentro do programa Gás Para Todos.
Ampliar o público para 20 milhões significa praticamente equiparar ao total de beneficiários do Bolsa Família, que hoje chega a 20,76 milhões de domicílios do Brasil.
"O governo federal vai fornecer botijão de gás a 20 milhões de famílias, até dezembro de 2025. É o gás para todos", afirmou Silveira após reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
Quem são os ministros do governo Lula
*Com informações de Agência o Globo