“Situação controlada”
Na escabrosa contabilidade de mortos, a rebelião na penitenciária Alcaçuz, na região metropolitana de Natal, é apenas a terceira mais letal do ano, atrás de Manaus e Boa Vista. Mas já se mostrou a mais difícil de controlar. Um dia após a morte de 26 presos, detentos se rebelaram na madrugada desta segunda-feira e passaram […]
Da Redação
Publicado em 16 de janeiro de 2017 às 17h38.
Última atualização em 23 de junho de 2017 às 19h22.
Na escabrosa contabilidade de mortos, a rebelião na penitenciária Alcaçuz, na região metropolitana de Natal, é apenas a terceira mais letal do ano, atrás de Manaus e Boa Vista. Mas já se mostrou a mais difícil de controlar. Um dia após a morte de 26 presos, detentos se rebelaram na madrugada desta segunda-feira e passaram o dia no telhado do complexo.
De um lado estão os presos do Primeiro Comando da Capital. Do outro, os detentos do Sindicato do Crime, que foram as vítimas do ataque no fim de semana. Os dois grupos cantam gritos de guerra, num espetáculo acompanhado por parentes do lado de fora e por atiradores de elite da polícia. O governo do estado afirmou que a situação está controlada. “A prioridade é evitar outra carnificina”, afirmou Gabriel Bulhões, da comissão de advogados criminalistas da OAB, ao jornal Folha de S. Paulo.
A disputa em Natal, como se sabe, é apenas o mais recente capítulo de uma crise de segurança que já deixou 134 assassinados em duas semanas — no ano passado inteiro foram 372 mortes. No fim de semana, EXAME Hoje revelou que a violência tem como pano de fundo a disputa pelo controle das rotas de tráfico de drogas vindas da Colômbia para o Brasil. Disputa esta que até alguns anos atrás estava concentrada no Sudeste e que se espalhou pelo país, o que fez disparar as taxas de homicídios no Norte e no Nordeste.
Enquanto isso, o governo e o Judiciário continuam claudicantes. A presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, reuniu-se nesta segunda-feira com o defensor público federal Carlos Eduardo Paz. Concordaram em liberar detentos para o regime domiciliar quando não houver vagas nas penitenciárias do Amazonas. O governador do Amazonas, José Melo, afastou o comandante-geral da Polícia Militar do estado. Já havia demitido o diretor do presídio e o secretário de Administração Penitenciária.
Segundo informou a Globo News, Michel Temer pediu ao ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que crie uma comissão para tratar da crise penitenciária, que vai reunir executivos do governo, da justiça e de órgãos como a OAB. Amanhã, enfim, os dois vão se reunir com secretários de segurança. Vamos ver se a situação continuará “controlada” em Natal.