Seca consome fluxos de caixa das distribuidoras de energia
No fim de janeiro, os níveis dos reservatórios estavam em apenas 16,8% da capacidade no subsistema da região Sudeste/Centro-Oeste
Da Redação
Publicado em 15 de fevereiro de 2015 às 12h24.
São Paulo - A seca prolongada no Brasil está consumindo os fluxos de caixa das distribuidoras de eletricidade e, em menor escala, das geradoras, diz a Standard & Poor's Ratings Services, que publicou nesta semana artigo com esse tema. A S&P destaca que o setor elétrico brasileiro, altamente dependente de hidrelétricas, está enfrentando o terceiro ano de seca consecutivo, com índices pluviométricos muito abaixo da média em pleno período de chuvas (dezembro de 2014 a abril de 2015).
"No fim de janeiro, os níveis dos reservatórios estavam em apenas 16,8% da capacidade no subsistema da região Sudeste/Centro-Oeste e em 16,4% no subsistema do Nordeste - uma situação crítica, dado que esses sistemas fornecem cerca de 70% e 18% da capacidade total dos reservatórios do país, respectivamente", ressalta a agência.
Conforme o relatório, a seca está gerando impactos mistos nos três segmentos da indústria de eletricidade - distribuição, geração e transmissão -, bem como entre as empresas de cada segmento. "As distribuidoras são as mais prejudicadas, por comprarem um nível relativamente alto de energia no mercado spot e por haver um intervalo de tempo até poderem repassar esses custos aos consumidores finais", afirma. "Como resultado, essas empresas têm registrado geração de Ebitda mais fraca e volátil desde 2013, o que deteriorou suas métricas de crédito, uma vez que o suporte financeiro do governo central não cobriu totalmente a alta nos custos relacionada à compra de energia das distribuidoras", acrescenta.
A S&P lembra que o governo indicou recentemente que não continuará provendo suporte às distribuidoras em 2015. Nesse contexto, a agência espera que as distribuidoras substituam esse suporte por três fontes principais: primeiramente, uma redução no custo da compra de energia, agora que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) reduziu o limite dos preços spot de R$ 822,83/MWh para R$ 388,48/MWh em dezembro de 2014; em segundo lugar, o fluxo de caixa de um novo mecanismo de bandeiras tarifárias implementado em janeiro de 2015, o qual provoca um aumento das tarifas quando os preços spot atingem certo nível; e, em terceiro lugar, a Aneel deve anunciar um aumento extraordinário nas tarifas nos próximos dois a três meses. "Contudo, se a agência não elevar as tarifas, esperamos que o governo continue provendo suporte às distribuidoras."
"As hidrelétricas que avaliamos ainda estão registrando sólida geração de fluxo de caixa e apresentando perfis de crédito em adequados para fazer face aos desafios da seca", afirma a S&P. "Entretanto, a queda na produção de energia está prejudicando sua capacidade de cumprir os contratos de venda de energia, forçando-as a comprar energia no mercado spot a custos elevados." A agência diz também que as empresas de transmissão estão protegidas dessas dificuldades, pois seus fluxos de caixa dependem da disponibilidade de suas linhas de transmissão, em vez do volume real de energia transmitido por meio delas.
No entanto, a agência comenta que as geradoras de energia hidrelétrica que não estão produzindo energia suficiente para atender a sua demanda contratada se beneficiariam de um a redução nas suas obrigações de entrega de energia em função do racionamento. "A situação provavelmente melhoraria a geração de fluxo de caixa dessas empresas, uma vez que reduziria a necessidade de compras de energia no mercado spot (atualmente ao preço de R$ 388,48/megawatt-hora) para atender às vendas contratadas (por cerca de R$150/MWh)."
A agência diz acreditar que o governo buscará evitar um racionamento de energia. "Entretanto, se os níveis de chuva em fevereiro e março forem excessivamente baixos, impossibilitando a recuperação dos níveis dos reservatórios para cerca de 35% da capacidade de armazenamento até o fim de abril, as chances de racionamento em algum momento entre maio e novembro de 2015 aumentarão significativamente", afirma.
"Não planejamos rebaixar os ratings das distribuidoras e das hidrelétricas no momento, mas continuaremos monitorando atentamente os níveis de chuva e o risco de racionamento", acrescenta. "Mais especificamente, avaliaremos a capacidade das distribuidoras de cobrir os custos ainda elevados da compra de energia, bem como a exposição das geradoras ao mercado spot para atenderem às suas vendas contratadas nos próximos meses."
A S&P destaca ainda que, após o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) estimado em 0,2% em 2014, espera mais um ano de baixo ou zero crescimento, com significativos riscos de deterioração, em razão do potencial racionamento de eletricidade. "Nosso cenário-base assume a ausência de racionamento e projeta que o consumo total de eletricidade continuará crescendo em níveis historicamente baixos de 2%-3%, alcançando 480.000 gigawatt-hora (GWh) em 2015. O cenário-base assume ainda demanda industrial fraca e continuidade da demanda residencial."
São Paulo - A seca prolongada no Brasil está consumindo os fluxos de caixa das distribuidoras de eletricidade e, em menor escala, das geradoras, diz a Standard & Poor's Ratings Services, que publicou nesta semana artigo com esse tema. A S&P destaca que o setor elétrico brasileiro, altamente dependente de hidrelétricas, está enfrentando o terceiro ano de seca consecutivo, com índices pluviométricos muito abaixo da média em pleno período de chuvas (dezembro de 2014 a abril de 2015).
"No fim de janeiro, os níveis dos reservatórios estavam em apenas 16,8% da capacidade no subsistema da região Sudeste/Centro-Oeste e em 16,4% no subsistema do Nordeste - uma situação crítica, dado que esses sistemas fornecem cerca de 70% e 18% da capacidade total dos reservatórios do país, respectivamente", ressalta a agência.
Conforme o relatório, a seca está gerando impactos mistos nos três segmentos da indústria de eletricidade - distribuição, geração e transmissão -, bem como entre as empresas de cada segmento. "As distribuidoras são as mais prejudicadas, por comprarem um nível relativamente alto de energia no mercado spot e por haver um intervalo de tempo até poderem repassar esses custos aos consumidores finais", afirma. "Como resultado, essas empresas têm registrado geração de Ebitda mais fraca e volátil desde 2013, o que deteriorou suas métricas de crédito, uma vez que o suporte financeiro do governo central não cobriu totalmente a alta nos custos relacionada à compra de energia das distribuidoras", acrescenta.
A S&P lembra que o governo indicou recentemente que não continuará provendo suporte às distribuidoras em 2015. Nesse contexto, a agência espera que as distribuidoras substituam esse suporte por três fontes principais: primeiramente, uma redução no custo da compra de energia, agora que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) reduziu o limite dos preços spot de R$ 822,83/MWh para R$ 388,48/MWh em dezembro de 2014; em segundo lugar, o fluxo de caixa de um novo mecanismo de bandeiras tarifárias implementado em janeiro de 2015, o qual provoca um aumento das tarifas quando os preços spot atingem certo nível; e, em terceiro lugar, a Aneel deve anunciar um aumento extraordinário nas tarifas nos próximos dois a três meses. "Contudo, se a agência não elevar as tarifas, esperamos que o governo continue provendo suporte às distribuidoras."
"As hidrelétricas que avaliamos ainda estão registrando sólida geração de fluxo de caixa e apresentando perfis de crédito em adequados para fazer face aos desafios da seca", afirma a S&P. "Entretanto, a queda na produção de energia está prejudicando sua capacidade de cumprir os contratos de venda de energia, forçando-as a comprar energia no mercado spot a custos elevados." A agência diz também que as empresas de transmissão estão protegidas dessas dificuldades, pois seus fluxos de caixa dependem da disponibilidade de suas linhas de transmissão, em vez do volume real de energia transmitido por meio delas.
No entanto, a agência comenta que as geradoras de energia hidrelétrica que não estão produzindo energia suficiente para atender a sua demanda contratada se beneficiariam de um a redução nas suas obrigações de entrega de energia em função do racionamento. "A situação provavelmente melhoraria a geração de fluxo de caixa dessas empresas, uma vez que reduziria a necessidade de compras de energia no mercado spot (atualmente ao preço de R$ 388,48/megawatt-hora) para atender às vendas contratadas (por cerca de R$150/MWh)."
A agência diz acreditar que o governo buscará evitar um racionamento de energia. "Entretanto, se os níveis de chuva em fevereiro e março forem excessivamente baixos, impossibilitando a recuperação dos níveis dos reservatórios para cerca de 35% da capacidade de armazenamento até o fim de abril, as chances de racionamento em algum momento entre maio e novembro de 2015 aumentarão significativamente", afirma.
"Não planejamos rebaixar os ratings das distribuidoras e das hidrelétricas no momento, mas continuaremos monitorando atentamente os níveis de chuva e o risco de racionamento", acrescenta. "Mais especificamente, avaliaremos a capacidade das distribuidoras de cobrir os custos ainda elevados da compra de energia, bem como a exposição das geradoras ao mercado spot para atenderem às suas vendas contratadas nos próximos meses."
A S&P destaca ainda que, após o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) estimado em 0,2% em 2014, espera mais um ano de baixo ou zero crescimento, com significativos riscos de deterioração, em razão do potencial racionamento de eletricidade. "Nosso cenário-base assume a ausência de racionamento e projeta que o consumo total de eletricidade continuará crescendo em níveis historicamente baixos de 2%-3%, alcançando 480.000 gigawatt-hora (GWh) em 2015. O cenário-base assume ainda demanda industrial fraca e continuidade da demanda residencial."