Revistas destacam investigações da PF na Petrobras
Reportagem da revista Veja reúne histórias relacionadas ao processo de deterioração das condições da Petrobras desde 2002, início da gestão do PT
Da Redação
Publicado em 5 de abril de 2014 às 16h42.
São Paulo - Reportagens publicadas pelas edições deste fim de semana das revistas Veja e Época trazem detalhes sobre as investigações da Polícia Federal envolvendo um esquema de corrupção na Petrobras , que resultou na prisão do ex-diretor de Abastecimento da estatal petrolífera Paulo Roberto Costa.
Contas em paraísos fiscais e empreiteiras são citadas, entre outras informações, que constam de documentos incluídos no processo. A Época apresentou dados sobre depósitos e retiradas de contas, além do contexto de operações financeiras, registrados em relatórios apreendidos pela Polícia Federal com Paulo Roberto.
Segundo os documentos, o ex-diretor da estatal e o doleiro Alberto Youssef comandavam quatro contas secretas em conjunto. Os relatórios não são exatos, diz a revista, sobre o valor acumulado nessas contas.
Somando apenas o saldo de algumas delas com os depósitos pagos naquele momento pelas empresas com negócios com a Petrobras, chega-se ao total de US$ 3,7 milhões, sendo o maior saldo, de US$ 2,42 milhões, no banco RBC, nas Ilhas Cayman.
As outras três contas seriam uma no banco UBS em Luxemburgo; outra no banco Lombard Odier na Suíça e uma terceira no banco Itaú, sem informação sobre o país.
A reportagem da revista Veja reúne histórias relacionadas ao processo de deterioração das condições da Petrobras desde 2002, início da gestão do PT no governo do país. Segundo a revista, se não tivesse se transformado em ferramenta para corrigir erros de política econômica e em foco de corrupção, a estatal teria cumprido seu plano de investimentos, responsável por 1% do PIB brasileiro.
Além de analisar a relação entre o deputado federal André Vargas e o doleiro Alberto Youssef, a revista detalha o que chamou de "clube dos corruptos". Para prestarem serviços ou venderem produtos à estatal, empresas precisavam se associar a um "clube", pagar uma taxa que variava de R$ 300 mil a R$ 500 mil e se comprometer a repassar uma parte do valor dos contratos para um caixa que era dividido entre intermediários do negócio, diretores da estatal e políticos, de acordo com a reportagem.
A revista traz ainda informações de uma análise feita pelo Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). O relatório dá margem a duas conclusões: 1) o acordo com os belgas teve características atípicas, que fogem à racionalidade e colidem com as boas práticas do mercado; 2) ele foi costurado de forma a não deixar possibilidade de a sociedade com os belgas prosperar. "O prejuízo, para a parte brasileira, era inevitável", diz o texto.
Segundo dados da consultoria Economática, a estatal perdeu 12 bilhões de reais no mês passado na bolsa brasileira, período no qual o Ibovespa recuou 1,14%. Boa parte da queda é atribuída aos maus resultados de 2013 apresentados pela empresa.
No final de fevereiro, o valor de mercado da estatal era de 172,8 bilhões de reais.
A cotação média do mercado, no entanto, ultrapassa a cifra de 2,40 reais e a diferença está preocupando o mercado, que não consegue entender como a estatal chegou a esse valor.
A fim de não aumentar a inflação, o governo tem segurado os preços e a estratégia tem impactado negativamente a petroleira. A estimativa do mercado é que a empresa tenha deixado de ganhar 1,1 bilhão por não repassar alta do petróleo.