Registrar candidatura de Lula foi ato de soberania popular, diz Haddad
Candidatura de Lula, líder nas pesquisas de intenção e voto e preso após condenação na Lava Jato, foi protocolada no Tribunal Superior Eleitoral hoje, 15
Reuters
Publicado em 15 de agosto de 2018 às 18h56.
Última atualização em 15 de agosto de 2018 às 19h56.
Brasília - O registro da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi um "ato de soberania popular" e não há nada que impeça a participação dele na campanha, disse nesta quarta-feira o candidato a vice na chapa presidencial petista, Fernando Haddad.
A candidatura de Lula --líder nas pesquisas de intenção de voto e preso desde abril cumprindo pena após condenação na Lava Jato-- foi protocolada no Tribunal Superior Eleitoral às 17h12.
"As pessoas acharam que o Lula não ia ficar bem nas pesquisas, que o povo não ia seguir sua liderança, o que aconteceu foi exatamente o contrário. O presidente Lula subiu nas pesquisas, mantém a liderança em todos os cenários, ganha no primeiro turno em vários deles", disse Haddad a jornalistas.
"O que a gente fez aqui foi um ato de defesa da soberania popular. Se o povo quer votar no presidente Lula, o povo tem esse direito. E esse documento assegurará o direito de brasileiros e brasileiras reconduzirem Lula presidente", acrescentou Haddad, ainda no gabinete em que o pedido foi registrado.
O ex-prefeito de São Paulo afirmou que Lula é, de longe, "a pessoa mais qualificada para tirar o país da crise, é uma liderança mundial reconhecida por vários chefes de Estado e intelectuais e é o maior líder da história do Brasil".
"É em função disso que, sob a liderança da presidenta (do PT ) Gleisi (Hoffmann), nós caminhamos a passos muito difíceis de abril para cá, mas chegamos reunidos em torno dessa liderança e com a certeza de que ele vencerá nas eleições", disse.
Aliados do ex-presidente fizeram questão de comparecer pessoalmente ao TSE para o momento do registro de candidatura, entre eles a ex-presidente Dilma Rousseff e a deputada estadual Manuela D'Ávila (PCdoB), que deverá ser deslocada para vice quando a situação de Lula se resolver.
Após o registro de candidatura, Haddad deixou o prédio do tribunal e deu uma entrevista coletiva à imprensa. Ele disse acreditar que o TSE vai ser "sensível" ao pleito da coligação que apoia o ex-presidente e que não há "nenhum dispositivo" que impeça o ex-presidente de concorrer novamente ao Palácio do Planalto.
Condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro no processo do tríplex no Guarujá (SP), Lula deve ser barrado em função da Lei da Ficha Limpa. O ex-presidente alega inocência e diz ser alvo de perseguição política para impedi-lo de disputar a eleição.
"Sou vítima de uma caçada judicial que já está registrada na história", afirmou Lula em "carta aos brasileiros", divulgada por seus aliados após o registro da candidatura. "Tenho certeza de que se a Constituição Federal e as leis desse país ainda tiverem algum valor serei absolvido pelas cortes superiores."
Na carta, Lula faz um apelo à militância e lista feitos dos governos do PT.
"Cada um de vocês terá que ser Lula fazendo campanha pelo Brasil, lembrando ao povo brasileiro que nos governos do PT o povo trabalhador teve mais emprego, maiores salários e melhores condições de vida."
O ex-presidente --que divulgou ter um patrimônio de 7,9 milhões de reais-- foi o último dos 13 candidatos a presidente a fazer o registro. O prazo se encerrava nesta quarta-feira às 19 horas.
Em seguida ao registro, a comitiva dos políticos deixou o prédio para se reunir com uma multidão de cerca de 10 mil pessoas, segundo a Polícia Militar do Distrito Federal, de apoiadores do ex-presidente. Esse grupo chegou à capital vindo de várias partes do país desde o início da semana.