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Quem são os 35 deputados que se elegeram "sozinhos"

Senado aprovou o fim das coligações partidárias nas eleições proporcionais. Medida pode amenizar efeito que, hoje, elege candidatos com poucos votos

O deputado federalTiririca (PR-SP) é um dos poucos que foram eleitos apenas com seus próprios votos (Agência Brasil)
DR

Da Redação

Publicado em 11 de março de 2015 às 18h00.

São Paulo - Dos 513 deputados federais que foram eleitos para ocupar a Câmara dos Deputados entre 2015 e 2018, apenas 6,8% tiveram votos suficientes para serem eleitos "sozinhos". Isto é, só 35 deputados alcançaram a marca de votação necessária para não precisar dos votos de seus partidos e coligações. Os outros 477 eleitos foram puxados pelos votos dados à legenda ou a outros candidatos de seu partido ou coligação.

Nas próximas eleições, no entanto, esse efeito pode ser amenizado. Isso porque o Senado aprovou nesta terça-feira em primeiro turno, o fim das coligações partidárias nas eleições proporcionais - que elegem deputados federais, estaduais, distritais e vereadores.

A proposta ainda precisa ser aprovada em segundo turno no Senado para depois seguir para apreciação da Câmara dos Deputados. Pela proposta, somente serão admitidas coligações nas eleições majoritárias, que são as que elegem senador, prefeito, governador e presidente da República.

A coligação é a união de dois ou mais partidos que decidem apresentar juntos candidatos para uma determinada eleição.

A PEC foca nas eleições proporcionais porque é nela que se aplica o quociente eleitoral: número mínimo de votos que o candidato deve conseguir para se eleger. Este valor é obtido pela divisão do número de votos válidos no estado pelo número de vagas na Câmara a que tem direito cada estado.

Por exemplo, o estado de São Paulo tem direito a 70 deputados. Dividindo-se os 21,2 milhões de votos válidos que o estado registrou pelas 70 vagas, tem-se o quociente eleitoral de 303,7 mil. Este é o número de votos necessários para um candidato se eleger por conta própria em São Paulo.

Dos 70 eleitos, apenas cinco deputados alcançaram esta votação, entre eles Celso Russomano (PRB), Tiririca (PR) e Marco Feliciano (PSC). Todos os outros 65 deputados eleitos para representar o estado paulista foram puxados pelas votações de seus partidos e coligações.

Em 11 estados e no Distrito Federal, nenhum deputado alcançou o quociente eleitoral nesta eleição, o que significa que todos foram eleitos por votos na legenda. São eles: Acre, Alagoas, Amapá, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Piauí, Rio Grande do Norte, Roraima, Rio Grande do Sul e Tocantins.

Veja na lista abaixo quais são os 35 deputados que conseguiram se eleger com os próprios votos.

DeputadoPartidoEstadoQuantos votos recebeuQuociente eleitoral do estado
Artur BisnetoPSDBAM250.896207.301
Lucio Vieira LimaPMDBBA222.164170.299
Genecias NoronhaSDCE221.567198.501
José GuimarãesPTCE209.032198.501
MoroniDEMCE277.774198.501
Daniel VilelaPMDBGO179.214178.398
Delegado WaldirPSDBGO274.625178.398
Gabriel GuimarãesPTMG200.014190.918
Misael VarellaDEMMG258.363190.918
Odair CunhaPTMG201.782190.918
Reginaldo LopePTMG310.226190.918
Rodrigo de CastroPSDBMG292.848190.918
Zeca do PTPTMS160.556159.612
Delegado Eder MauroPSDPA265.983220.896
Aguinaldo RibeiroPPPB161.999161.402
Pedro Cunha LimaPSDBPB179.886161.402
VenezianoPMDBPB177.680161.402
Eduardo da FontePPPE283.567179.329
Felipe CarreirasPSBPE187.348179.329
JarbasPMDBPE227.470179.329
Pastor EuricoPSBPE233.762179.329
Christiane YaredPTNPR200.144188.841
Chico AlencarPSOLRJ195.964165.558
Clarissa GarotinhoPRRJ335.061165.558
Eduardo CunhaPMDBRJ232.708165.558
Jair BolsonaroPPRJ464.572165.558
Leonardo PiccianPMDBRJ180.741165.558
SheridanPSDBRR35.55529.738
Esperidião AminPPSC229.668211.033
João RodriguesPSDSC221.409211.033
Bruno CovasPSDBSP352.708303.738
Celso RussomanoPRBSP1.524.361303.738
Pastor Marco FelicianoPSCSP398.087303.738
Rodrigo GarciaDEMSP336.151303.738
TiriricaPRSP1.016.796303.738

O "efeito Tiririca"

O modelo atual de eleição para a Câmara dos Deputados propicia o chamado "efeito Tiririca" em que votos em um candidato também ajudam a eleger outros do grupo de partidos que se uniram.

O deputado Tiririca (PR) foi o segundo mais votado em São Paulo, com pouco mais de 1 milhão de votos. Seus votos elegeram também mais dois candidatos que tiveram votações muito abaixo do quociente eleitoral: Capitão Augusto (46,9 mil votos) e Miguel Lombardi (32 mil), ambos do PR.

No caso de Tiririca, como o PR não se coligou com nenhum outro partido, ele só ajudou a eleger partidos da mesma legenda. Isto é, mesmo com o fim das coligações, este tipo de candidato puxador de votos continuará tendo efeito.

São Paulo – Mais votos nas urnas nem sempre rendem vitória no sistema eleitoral brasileiro - pelo menos no caso das eleições para vereador, deputado estadual e deputado federal ou estadual. No sistema proporcional, que rege a escolha desses políticos, o que conta é o número de votos que o partido ou coligação receber. Quanto mais votos para a chapa, mais vagas na Câmara dos Deputados , por exemplo, a coligação pode ter.Graças a essa lógica e ao 1,5 milhão de votos de Celso Russomanno (PRB-SP), o advogado Fábio Pinato (PRB-SP) conseguiu uma vaga no Câmara com pouco mais de 22 mil votos.Já o hoje deputado federal Antônio Mendes Thame (PSDB-SP) não foi reeleito apesar dos mais de 106 mil votos, por exemplo.  Além de Pinato, Russomanno, que foi o deputado federal eleito mais votado de 2014, deve levar sozinho outros três colegas de chapa para o Congresso. No total, o partido dele, PRB-SP, terá direito a 8 cadeiras na Câmara a partir de 2015. Tiririca (PR-SP), segundo candidato mais votado para deputado federal, deve dar carona para outros 2 colegas de chapa com seus mais de 1 milhão de votos. A sigla, por sua vez, terá seis vagas na Câmara dos Deputados. Como é feito o cálculo Para definir quantas vagas um partido tem direito na Câmara dos Deputados, o Tribunal Superior Eleitoral calcula o quociente eleitoral de cada estado, que é feito a partir da divisão do número de votos válidos no colégio eleitoral pelo número de cadeiras. No estado de São Paulo, o quociente eleitoral em 2014 foi de 299.943 votos - que é o número de votos necessários para um partido eleger um candidato.
  • 2. Celso Russomano (PRB - SP)

    2 /10(Reprodução/Site oficial Celso Russomano)

  • Veja também

    Deputado federal eleito mais votado de 2014, Russomanno deve levar outros 4 colegas de chapa apenas com os votos que recebeu. Ele foi responsável por mais da metade dos votos destinados para o PRB-SP, partido do qual faz parte. Ao todo, a legenda teve2.225.369 - o que garante 8 cadeiras na Câmara.
    Número de votos em 20141.524.361
    ProfissãoJornalista
    Carreira PolíticaFoi duas vezes deputado federal (2002 - 2006). Em 2010 e 2012, tentou ser governador de São Paulo e prefeito da capital, respectivamente. Não foi eleito.
    FormaçãoEnsino Superior Completo
    Bens declaradosR$ 1,7 milhão
  • 3. Sérgio Reis (PRB-SP)

    3 /10(Facebook/Reprodução)

  • Número de votos em 201445.330
    Quem levouCelso Russomanno
    Carreira PolíticaFoi candidato a deputado federal em 2010, mas teve a candidatura barrada
    ProfissãoCantor e político
    Bens declaradosR$ 334 mil
  • 4. Beto Mansur (PRB - SP)

    4 /10(Divulgação/Facebook/Divulgação)

    Número de votos em 201431.301
    Quem levouCelso Russomanno
    Carreira PolíticaDeputado federal eleito em 2006 e 2010. Foi duas vezes prefeito de Santos (1997 - 2004) e vereador da cidade. Em 2012, se candidatou, mas não foi eleito prefeito de Santos.
    ProfissãoDeputado
    Bens declaradosR$ 8,6 milhões
  • 5. Marcelo Squassoni (PRB - SP)

    5 /10(Divulgação/Facebook)

    Número de votos em 201430.315
    Quem levouCelso Russomanno
    Carreira PolíticaVereador de Guarujá (SP) desde 2013 e eleito suplente em 2008
    ProfissãoVereador
    Bens declaradosR$ 1,2 milhão
  • 6. Fausto Pinato (PRB - SP)

    6 /10(Divulgação/Facebook)

    Número de votos em 201422.097
    Quem levaCelso Russomanno
    Carreira Política--
    ProfissãoAdvogado
    Bens declaradosR$ 117 mil
  • 7. Tiririca

    7 /10(ARQUIVO/DIVULGAÇÃO)

    Sem os votos de Tiririca, o PR-SP teria conseguido eleger apenas dois candidatos nas eleições deste ano para a Câmara dos Deputados. Só com os votos destinados ao humorista, outros dois companheiros de sigla foram eleitos - além dele. Ao todo, o partido teve pouco mais de 1,7 milhão de votos. Tiririca, o segundo mais votado do país, ficou mais de 1 milhão de votos.
    Número de votos em 20141.016.796
    ProfissãoHumorista
    Carreira PolíticaFoi o deputado federal mais votado do país em 2010.
    FormaçãoLê e escreve
    Bens declaradosR$ 531,9 mil
  • 8. Capitão Augusto (PR - SP)

    8 /10(Divulgação/Facebook)

    Número de votos em 201446.905
    Quem levouTiririca
    Carreira PolíticaFoi três vezes suplente de deputado federal (2002 - 2010). Em 2012, se candidatou, mas não foi eleito vereador de São Paulo,
    ProfissãoPolicial Militar
    Bens declaradosR$ 725 mil
  • 9. Miguel Lombardi (PR - SP)

    9 /10(Divulgação/Facebook/Divulgação)

    Número de votos em 201432.080
    Quem levouTiririca
    Carreira PolíticaFoi três vezes vereador de Limeira (SP)
    FormaçãoCorretor de imóveis
    Bens declaradosR$ 403,5 mil
  • 10. Quem está há décadas no Congresso

    10 /10(Antonio Cruz/Agência Brasil)

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