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Procura-se vivo ou morto, diz Lula a Moro em ataque à imprensa

O ex-presidente citou até o número de capas que as principais revistas dedicaram a ele nesses anos de Lava Jato

Lula: o ex-presidente foi interrogado por cerca de cinco horas na ação penal sobre o caso triplex (Ueslei Marcelino/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de maio de 2017 às 20h19.

Curitiba - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atacou a imprensa em seu interrogatório ao juiz federal Sérgio Moro . Ele reclamou da intensa cobertura dos veículos de comunicação e do que classificou de 'vazamentos'.

Citou até o número de capas que as principais revistas dedicaram a ele nesses anos de Lava Jato - nominou IstoÉ, 25 capas, Veja, 19, e Época, 12. "Demonizando o Lula", disse.

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Os vídeos do depoimento do ex-presidente foram disponibilizados pela Justiça Federal.

"Eu falo vazamento que sai pra imprensa, porque determinadas coisas são feitas, eu conheço os vazamentos, eu sei os vazamentos, é como se o Lula tivesse... pela imprensa, pelo Ministério Público, sendo procurador, procura-se vivo ou morto."

Citou o Estadão. "São 318 matérias contrárias e duas favoráveis."

"A imprensa é o principal julgador."

"Se tem um brasileiro que deseja contar a verdade sou eu. O que eu quero é que tenham respeito comigo. Pelo amor de Deus apresentem uma prova, chega de diz-que-diz."

Lula foi interrogado por cerca de cinco horas na ação penal sobre o caso triplex. A denúncia do Ministério Público Federal sustenta que Lula recebeu R$ 3,7 milhões em benefício próprio - de um valor de R$ 87 milhões de corrupção - da empreiteira OAS, entre 2006 e 2012.

As acusações contra Lula são relativas ao recebimento de vantagens ilícitas da empreiteira por meio do triplex 164-A no Edifício Solaris, no Guarujá (SP), e ao armazenamento de bens do acervo presidencial, mantido pela Granero de 2011 a 2016.

O petista é acusado de lavagem de dinheiro e corrupção.

Triplex

O Edifício Solaris era da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop), a cooperativa fundada nos anos 1990 por um núcleo do PT.

Em dificuldade financeira, a Bancoop repassou para a OAS empreendimentos inacabados, o que provocou a revolta de milhares de cooperados. O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto foi presidente da Bancoop.

A ex-primeira-dama Marisa Letícia (morta em 2017) assinou Termo de Adesão e Compromisso de Participação com a Bancoop e adquiriu "uma cota-parte para a implantação do empreendimento então denominado Mar Cantábrico", atual Solaris, em abril de 2005.

Em 2009, a Bancoop repassou o empreendimento à OAS e deu duas opções aos cooperados: solicitar a devolução dos recursos financeiros integralizados no empreendimento ou adquirir uma unidade da OAS, por um valor pré-estabelecido, utilizando, como parte do pagamento, o valor já pago à Cooperativa.

Segundo a defesa de Lula, a ex-primeira-dama não exerceu a opção de compra após a OAS assumir o imóvel. Em 2015, Marisa Letícia pediu a restituição dos valores colocados no empreendimento.

Bens

A Lava Jato afirma que a OAS pagou durante cinco anos pelo aluguel de dez guarda-móveis usados para armazenar parte da mudança do ex-presidente Lula quando o petista deixou o Palácio do Planalto no segundo mandato.

A empreiteira desembolsou entre janeiro de 2011 a janeiro de 2016, R$ 1,3 milhão pelos contêineres, ao custo mensal de R$ 22.536,84 cada.

Toda negociação com a transportadora Granero teria sido intermediada pelo presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, que indicou a OAS como pagante com o argumento de que a empreiteira é uma "apoiadora do Instituto Lula."

Para investigadores da Lava Jato, os fatos demonstram "fortes indícios de pagamentos dissimulados" pela OAS em favor de Lula. Isso porque o contrato se destinava a "armazenagem de materiais de escritório e mobiliário corporativo de propriedade da construtora OAS Ltda", mas na verdade os guarda-móveis atendiam a Lula.

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