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Primeira-dama de João Pessoa teria participado de esquema para influenciar eleição, diz juíza

Lauremília Lucena e sua secretária Tereza Cristina Barbosa Albuquerque foram presas neste sábado pela PF

Orla de João Pessoa (Anderson Alcantara/Getty Images)
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 28 de setembro de 2024 às 15h29.

Presas na manhã deste sábado (28), a primeira-dama de João Pessoa (PB), Lauremília Lucena, e sua secretária Tereza Cristina Barbosa Albuquerque teriam participação ativa em um esquema em acordo com uma facção criminosa para influenciar as eleições municipais de 2024. A afirmação está no documento assinado pela juíza da 64ª Zona Eleitoral, Maria de Fátima Lúcia Ramalho, e foi divulgada pelo G1.

A primeira-dama e Tereza Cristina são investigadas na Operação Território Livre por crimes de aliciamento violento de eleitores e associação criminosa relacionada às eleições municipais. Lauremília é mulher de Cícero Lucena, atual prefeito da capital paraibana que tenta a reeleição.

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“As investigadas Maria Lauremília e Tereza Cristina teriam participado ativamente do esquema criminoso, contribuindo para a manutenção da estrutura de corrupção e fraudes no serviço público, em conluio com facções criminosas, com o objetivo de influenciar o pleito eleitoral ilicitamente, buscando a perpetuação do poder político, a fim de dar continuidade ao atual projeto político na cidade de João Pessoa, já que a investigada Maria Lauremília é esposa do atual prefeito e candidato à reeleição de João Pessoa”, afirma a juíza.

Conforme divulgado pelo G1, Lauremília e Tereza Cristina teriam desempenhado papéis centrais na nomeação de pessoas ligadas ao esquema criminoso na gestão municipal. Indícios mostram que elas viabilizavam a nomeação de servidores comissionados em troca de apoio político da facção e controle dos territórios durante o processo eleitoral.

As nomeações seriam feitas mediante acordos ilegais com membros de facção criminosa, como David Sena e Keny Rogeus - apontados como chefes de facções no Bairro São José e no Alto do Mateus, respectivamente - para garantir o apoio da organização nas eleições.

David está foragido desde a segunda fase da operação Território Livre, enquanto Keny teve mandado de prisão cumprido dentro da própria prisão.

A juíza afirma que há indícios de crimes como peculato, coação eleitoral e constrangimento ilegal. E que os mandados de prisão foram necessários porque elas poderiam continuar a praticar crimes, interferir na instrução criminal ou mesmo destruir provas.

Além da cooptação de funcionários públicos e cargos, também houve ameaça a eleitores e opositores, além de indicações fraudulentas e promessas indevidas, conforme a decisão.

"As diligências realizadas neste sábado são fruto da análise do material apreendido nas duas fases anteriores da operação policial. O objetivo é complementar as provas de materialidade, autoria e circunstâncias dos crimes investigados", informou a PF, em nota.

O GLOBO tenta contato com a defesa da primeira-dama.

Prefeito sai em defesa de primeira-dama

O prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, marido de Lauremília, publicou uma nota em suas redes sociais na manhã deste sábado (28), afirmando tratar-se de uma "prisão política" e um ataque arquitetado por seus adversários às vésperas da eleição.

"Lauremília não teme as investigações e, na justiça, demonstrará que é vítima de uma grave perseguição política, orquestrada pelos adversários de Cícero, que claramente utilizam sua influência para esse fim. Trata-se de uma prisão política. Lauremília tem residência fixa e jamais se recusaria a prestar depoimento ou esclarecer quaisquer fatos", disse o prefeito.

Segundo a PF, Lauremília decidiria sobre o preenchimento de cargos na prefeitura de João Pessoa por indicados de grupos que mantêm o controle sobre comunidades da cidade em troca de acesso a esses locais.

A filha de Lauremília, Janine Lucena, também já tinha sido alvo de busca na Operação Mandare.

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