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PF: operador relatou comissão a Lobão em contrato da Petrobras

O senador peemedebista supostamente recebia uma "comissão" sobre os contratos entre a Petrobras e a empresa Sargeant Marine, por meio de um intermediário

Edison Lobão: o senador teria sido padrinho político do contrato (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 23 de agosto de 2017 às 16h56.

São Paulo - O delegado da Polícia Federal Filipe Hille Pace declarou, nesta quarta-feira, 23, que o operador de propinas Jorge Luz revelou, em depoimento, que o senador Edison Lobão (PMDB/MA) recebia uma "comissão" sobre os contratos entre a Petrobras e a empresa Sargeant Marine, por meio de um intermediário.

De acordo com o delegado, a Operação Abate II, que tem como alvo a participação do advogado Tiago Cedraz - filho do ministro do TCU Aroldo Cedraz -, nos esquemas da estatal, não mirou o senador e seu suposto representante em razão do foro privilegiado do peemedebista.

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O negócio da Sargeant Marine com a Petrobras culminou na celebração de doze contratos, entre 2010 e 2013, no valor de aproximadamente US$ 180 milhões.

A empresa fornecia asfalto para a estatal e foi citada na delação do ex-diretor de Abastecimento da companhia Paulo Roberto Costa.

Segundo Jorge Luz, Edison Lobão teria sido, ao lado do ex-deputado Cândido Vaccarezza, padrinhos políticos do contrato.

Vaccarezza não desfruta mais de foro especial. Na sexta-feira, 18, ele foi preso por ordem do juiz federal Sérgio Moro. Na noite desta terça, 22, o ex-líder dos governos Lula e Dilma na Câmara foi solto.

No âmbito do termo para fornecimento de asfalto, Vaccarezza é investigado por propinas de US$ 500 mil; já Lobão e seu suposto representante, Murilo Barbosa Sobrinho, são atrelados a repasses de US$ 450 mil em planilhas de pagamentos via offshore entregues pelos operadores de propinas.

"Em virtude da proximidade do então agente da Petrobras Márcio Aché com o Murilo, que seria o representante dos interesses de Lobão, foi acomodado uma parte dos valores que eram recebidos da comissão pelos contratos da Sargeant Marine para o senador. Isso foi dito pelos operadores, já está em sigilo e contra isso não foram tomadas medidas nenhuma aqui na primeira instância", afirmou o delegado da PF.

O operador Jorge Luz ainda relata que a ascensão do ex-gerente Marcio Aché na Petrobras se deve ao suposto representante do peemedebista.

Já Bruno Luz relatou que na medida em que Edison Lobão passou a ter representação nos assuntos entre a estatal e a Sargeant Marine, "houve reclamação das demais pessoas do grupo" envolvido na intervenção no âmbito do fornecimento de cimento, "uma vez que a operação já contava com apoio de Paulo Roberto Costa; que, nada obstante, a entrada de Lobão foi imposição de Márcio Aché como uma espécie de 'seguro' para que não houvesse futuros problemas nos contratos; que Murilo efetivamente participou de algumas reuniões e até recebeu dinheiro da operação; que Luiz Eduardo Loureiro Andrade e Márcio Aché atuavam nos repasses de recursos a Murilo; que acreditava que eles indicavam contas no exterior para esse fim".

Defesa

O criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende Lobão, afirmou:

"O senador não conhece nem pai nem filho, nunca ouviu falar nesta empresa que eles citam e não tem nenhum tipo de relação e nunca esteve pessoalmente com eles - salvo se participaram de alguma audiência pública. E, sobre a outra pessoa [Murilo], ele conhece, tem um relacionamento pessoal, mas nunca participou de campanha de arrecadação para ele."

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