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PF investiga os fiscais e não qualidade da carne, diz Agricultura

De acordo com o ministro Blairo Maggi, "a questão sanitária não está em jogo", mas sim a atuação dos fiscais

Carne Fraca: (Ricardo Moraes/Reuters)

Carne Fraca: (Ricardo Moraes/Reuters)

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Reuters

Publicado em 23 de março de 2017 às 13h34.

São Paulo - O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, voltou a garantir nesta quinta-feira a qualidade da carne brasileira, afirmando que houve exageros na comunicação feita pela Polícia Federal sobre as investigações da operação Carne Fraca.

"A questão sanitária não está em jogo", afirmou o ministro em teleconferência com jornalistas estrangeiros, classificando como um "absurdo" algumas das informações na apresentação das investigações da Carne Fraca na última sexta-feira.

Ele citou, por exemplo, o relato pela PF de que alguns produtos autorizados pelo Brasil poderiam até causar câncer. "A forma da comunicação criou todo esse problema que estamos vivendo hoje."

Em operação lançada na última sexta-feira, a PF mobilizou agentes para desarticular uma organização criminosa envolvendo fiscais agropecuários e dezenas de empresas, com as investigações apontando fraudes na fiscalização sanitária.

Desde então, importantes mercados consumidores de carne brasileira decidiram suspender a importação de produtos, incluindo China e Hong Kong.

Questionado sobre a Rússia não ter anunciado nenhum embargo, o ministro afirmou que tal comportamento é o que o Brasil espera de outros países também, destacando que esses importadores realizam suas próprias inspeções sobre a qualidade dos produtos.

Maggi disse que há cerca de cinco mil contêineres com carne em navios em direção a mercados no exterior. Segundo eles, aqueles que tiverem produtos de alguma das 21 plantas sob investigação na operação da PF serão devolvidos ao Brasil. Mas ressaltou que a "imensa maioria" não era dessas unidades.

O governo espera normalizar o quanto antes as exportações de carnes do Brasil, a fim de reduzir os efeitos sobre a cadeia de produção do setor, que é bastante longa, ressaltou.

Maggi disse ter certeza absoluta de que os produtos brasileiros na cadeia de consumo não foram contaminados e reiterou diversas vezes na teleconferência que se trata de uma investigação sobre a conduta de pessoas, de 33 servidores em um universo de mais de 2 mil fiscais sanitários.

Segundo ele, o governo irá tomar todas as medidas necessárias contra aqueles que infringiram as regras, independentemente de quem for.

Sempre progredindo

O ministro afirmou que a fiscalização, o controle e a garantia dos produtos são áreas em que o país segue progredindo e que, em 29 de março, vai lançar um novo regulamento de inspeção animal.

"Nosso regulamento é de 65 anos atrás. Estamos atualizando, trazendo para esse momento coisas mais modernas."

Ele também disse que novas regras e inovações serão adicionadas nos próximos anos.

Em relação às investigações, Maggi disse que o ministério deve produzir relatórios toda segunda-feira sobre as plantas investigadas para divulgar se foi encontrada alguma irregularidade.

"Não teremos outra chance de nos explicar se não o fizermos de forma absolutamente transparente nessa investigação."

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