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Pesquisadores apresentam mapa de vulnerabilidade energética em SP

Estudo buscou diagnosticar, classificar e mapear as áreas da cidade mais propensas a cortes de energia

Estudo feito no RCGI indica que uso equitativo de gás e eletricidade diminuiria em 11% a vulnerabilidade energética das residências paulistanas (RCGI/Divulgação)
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Da Redação

Publicado em 30 de maio de 2017 às 10h01.

Pesquisadores do Research Centre for Gas Innovation (RCGI) apresentaram o Mapa de Vulnerabilidade Energética de Áreas Residenciais da Cidade de São Paulo, que poderá ser uma ferramenta importante para o planejamento urbano.

Segundo o RCGI, os pesquisadores criaram uma matriz em que cruzam cinco indicadores para chegar a uma escala de quatro classes de vulnerabilidade: muito alta, alta, média e baixa.

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O estudo buscou diagnosticar, classificar e mapear as áreas da cidade mais propensas a cortes de energia. O RCGI é apoiado por FAPESP e Shell.

O mapa é resultado de um projeto coordenado por Luís Antonio Bittar Venturi, professor no Departamento de Geografia da USP.

“Fizemos uma revisão da literatura para identificar e selecionar os indicadores. Escolhemos cinco para mapear a vulnerabilidade: o tamanho da área abastecida por uma única subestação; a existência de fonte alternativa ou complementar de energia; a distância do distrito das vias arteriais; sua proximidade de áreas consideradas prioritárias no fornecimento de energia, como hospitais; e a densidade de árvores nas vias arteriais locais, já que nas áreas residenciais a distribuição de energia é feita predominantemente por rede aérea e, portanto, vulnerável a quedas de árvores”, disse Venturi.

A cada um desses indicadores foi atribuído um peso pelo método AHP (Analytic Hierarchy Process) proposto em 1980 pelo matemático Thomas Saaty, da University of Pittsburgh.

O conjunto de indicadores gerou uma matriz, a partir da qual foram definidas as quatro classes de vulnerabilidade mencionadas.

À primeira vista, é possível identificar uma tendência de aumento da vulnerabilidade a partir do centro para o centro expandido, e daí para as regiões periféricas.

Outra conclusão parcial é que a variação da vulnerabilidade não se relaciona diretamente com o nível socioeconômico dos distritos, podendo haver áreas de alta ou muito alta vulnerabilidade tanto em distritos mais ricos como naqueles de padrão socioeconômico mais baixo.

“Para que o mapa possa subsidiar o planejamento energético da cidade, é preciso identificar quais indicadores estão sendo mais determinantes nas áreas estudadas”, disse Venturi.

O pesquisador destaca que mais importante do que o mapa é a metodologia que a equipe moldou para a tarefa. “A metodologia pode ser aplicada em qualquer cidade do mundo. Basta que os pesquisadores escolham os indicadores que melhor se adaptem ao contexto estudado”, disse.

Além disso, mais indicadores poderão ser incluídos na medida em que a equipe obtiver dados mais precisos e georreferenciados sobre eles, como a pressão da demanda energética por região, os diferentes tipos de rede elétrica, além de dados mais complexos, como frequência e eficiência da manutenção da rede e de podas de árvores, e até mesmo a ocorrência de roubos de cabos, o que não é incomum em São Paulo.

Uso de gás

Segundo o Balanço Energético do Estado de São Paulo, de 2015, a cocção equivale a 27% do gasto energético de uma residência. Os demais 73% equivaleriam aos outros usos que demandam energia elétrica.

A partir dessa definição de proporcionalidade entre eletricidade e gás, os pesquisadores do RCGI simularam um cenário em que as residências seriam servidas por gás e eletricidade em igual proporção. Um segundo mapa gerado por este cenário mostra uma significativa alteração na área de cada classe.

As áreas de vulnerabilidade muito alta, que na situação atual representam 20,4% de todas as áreas residenciais mapeadas, no cenário de uso equitativo entre eletricidade e gás diminuem para 7%. Do mesmo modo, as áreas de vulnerabilidade alta diminuem de 37% para 28,5%.

Por outro lado, áreas de vulnerabilidade média aumentam de 31,9% para 39,4% e, finalmente, as áreas de vulnerabilidade baixa aumentam de 10,7% para 25,1%.

“Concluímos que, de maneira geral, o uso equitativo de gás e eletricidade diminuiria em 11% a vulnerabilidade energética das residências paulistanas. Ou seja, o aumento do uso do gás tornaria as residências muito menos vulneráveis, pois, havendo complementaridade entre duas fontes de energia, na falta de uma haveria outra que asseguraria, ao menos, metade das funções domésticas que necessitam de energia”, disse Venturi.

Apesar de haver evidências de que o aumento do uso do gás possa ocorrer, há outras variáveis, além da vulnerabilidade, que deverão ser incorporadas ao estudo ainda este ano. Uma delas é se o aumento do uso do gás (natural ou GLP) nas residências resultaria em uma conta de energia mais cara ou mais barata para os usuários finais.

Mais informações neste link.

Este conteúdo foi originalmente publicado no site da Agência Fapesp.

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