Brasil

PEC para dar verbas direto a estados e municípios geraria fraudes, diz MPF

Com PEC 48/2019, fiscalização ficaria a cargo de tribunais de contas estaduais, o que "enfraquece governança", na visão do Ministério Público

Tribunal de Contas da União: repartir fiscalização com tribunais estaduais poderia gerar problemas (TCU/Divulgação)

Tribunal de Contas da União: repartir fiscalização com tribunais estaduais poderia gerar problemas (TCU/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de novembro de 2019 às 15h40.

São Paulo - O Ministério Público Federal emitiu nota técnica questionando proposta de emenda parlamentar (PEC) que retira da União a fiscalização de repasses de verbas federais a Estados e municípios por meio de emendas parlamentares. Segundo a procuradoria, a medida, se aprovada, abre brechas para fraudes por dificultar a identificação de malversação dos recursos.

A PEC 48/2019, que aguarda parecer da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado, prevê uma nova forma de repasse de verba por emenda parlamentar: a transferência especial. Neste cenário, o dinheiro é repassado diretamente a Estados e municípios independente da celebração de convênio e se tornarão recurso estadual ou municipal no momento da transferência.

Por isso, a fiscalização da verba deixa de ser de órgãos de controle federal, como o TCU, e passam para as mãos para tribunais de contas estaduais.

"Não obstante as inconsistências contábeis e fiscais que permeiam a atuação dos Tribunais de Contas estaduais, a pulverização da fiscalização de recursos de natureza essencialmente federal entre órgãos de controle estaduais e municipais dificulta a identificação de fraudes sistêmicas", afirma o MPF.

Segundo a Procuradoria, o modelo de fiscalização discutido pela PEC "enfraquece a boa governança de recursos públicos", visto que o gestor da verba prestará contas a órgãos de controle locais e "não estará suscetível à expertise construída pelos órgãos federais" de fiscalização.

"A limitação de controle aumenta sensivelmente o risco de malversação, desperdício e até mesmo de desvio dos recursos destinados aos estados e municípios por meio da modalidade de 'transferência especial'", aponta.

A proposta foi criada pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-RS) e recebeu parecer favorável do senador Antonio Anastasia (PSDB), que aprovou a admissibilidade da medida na última quarta-feira, 27. O texto aguarda ser colocado em pauta para votação.

Mais de Brasil

Aeroporto de Porto Alegre retoma voos após recuperação das enchentes; veja datas

Maioria dos brasileiros é contra decisão do STF que descriminalizou porte de maconha

Tramonte tem 26%, Engler, 14%, e Salabert, 12%, em BH, aponta Real Time Big Data

Brasileira ganha prêmio por projeto que propõe substituir animais em teste de cosmético

Mais na Exame